São mais presentes os casos de doenças bucais no mundo do que de doenças mentais, cardiovasculares, diabetes, doenças crônicas, respiratórias e todos os tipos de câncer juntos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de casos de doenças bucais cresce mais rápido do que a população – com os países de baixa renda contabilizando um maior índice. Além disso, cerca de 3,5 bilhões de pessoas, ou seja, quase metade da população mundial, sofre de doenças bucais.
As doenças bucais, como cáries, periodontite e perda de dentes, geraram um impacto econômico global de 710 bilhões de dólares por ano, segundo um estudo divulgado por um grupo de pesquisadores da Universidade de Heidelberg, na Alemanha. A pesquisa, que analisou dados de 194 países, incluindo o Brasil, levou em conta tanto os custos diretos com tratamentos dentários quanto os custos indiretos causados pela perda de produtividade devido às doenças bucais.
O estudo, chefiado pelo Professor Dr. Stefan Listl, xhefe da Seção de Saúde Oral do Instituto de Saúde Global de Heidelberg, apontou, entre outros fatores, a necessidade urgente de priorizar a saúde bucal nas políticas de saúde pública, que afetam mais de 3,5 bilhões de pessoas no mundo.
O estudo também sugere a implementação de medidas de saúde pública que priorizem a prevenção e o tratamento precoce das doenças bucais. A regulamentação mais rigorosa do consumo de açúcar, o planejamento de equipes de saúde bucal e a inclusão de serviços odontológicos na cobertura universal de saúde são algumas das ações recomendadas.
Os dados do estudo da da Universidade de Heidelberg foram integrados ao Plano de Ação de Saúde Oral da OMS, cuja primeira reunião global ocorreu em novembro de 2024, em Bangkok, na Tailândia, reunindo especialistas de todo o mundo para discutir políticas e estratégias que podem ser implementadas para combater as doenças bucais e reduzir o impacto econômico gerado por essas condições.
11% dos brasileiros nunca foram ao dentista
O objetivo do Dia Mundial da Saúde Bucal (20/03) é conscientizar a população sobre a importância dos cuidados com a higiene oral e a prevenção de problemas dentários. O número de pessoas afetadas pela cárie dentária, a doença bucal mais comum no mundo, já alcança 2,5 bilhões pelos dados da OMS.
Além disso, estima-se que a doença gengival grave – uma das principais causas de perda total de dentes – afeta 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, contabilizando cerca de 380 mil novos casos de câncer bucal a cada ano.
Infelizmente a saúde bucal é bastante negligenciada e traz consigo números catastróficos. Só no Brasil, segundo o IBGE, 11% da população brasileira nunca foi ao dentista. A prevalência de doenças gengivais continua a crescer com números que alertam para a falta de acesso a cuidados odontológicos de qualidade e a falta de conscientização sobre prevenção”, afirma Danielle Piccino, diretora de Odontologia do dr. consulta.
“A saúde bucal preventiva é fundamental para garantir um sorriso saudável e para preservar a saúde geral do indivíduo. O movimento para a ampliação do acesso da população brasileira aos cuidados com a saúde bucal contribui para a redução de dados alarmantes como 15.100 novos casos de câncer bucal por ano, conforme estimativa do INCA de 2023”, completa.
Saúde bucal, um direito de todos os brasileiros
Para Gustavo Delmondes, a inclusão da Política Nacional de Saúde Bucal na Lei Orgânica da Saúde – determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva logo no começo do seu terceiro governo – está em sintonia com os objetivos globais da OMS que prevê, entre outros demandas, que os serviços de saúde oral façam parte da cobertura universal. Mas o especialista alerta que é preciso fazer mais.
A inclusão da saúde bucal na Lei Orgânica da Saúde é um passo estratégico para alcançar a cobertura universal de saúde oral, mas é fundamental ampliar os serviços, credenciar novas equipes e priorizar regiões mais carentes, garantindo que todos tenham acesso a cuidados essenciais”, conclui.
O programa Brasil Sorridente nasceu em 2004, na gestão do primeiro governo Lula. As principais diretrizes do programa são baseadas no direito de todos os brasileiros a um sorriso saudável, parte fundamental para uma vida digna, aumento da autoestima e o exercício da cidadania.
Entre 2004 e 2010, a política tirou o país do grupo de países com média prevalência de cárie dentária para o grupo com baixa prevalência, de acordo com ranking da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Antes da implementação do Brasil Sorridente, o principal suporte disponibilizado na rede pública era de extração dentária. Atualmente, o SUS oferece ações de promoção da saúde, como fluoretação das águas de abastecimento público, ações de prevenção e recuperação da saúde bucal, inclusive atendimentos com detecção precoce do câncer de boca.
Após o desmonte da política durante a última gestão, a saúde bucal voltou a ser uma prioridade do Ministério da Saúde. Em maio de 2023, logo no início da gestão, o presidente Lula sancionou a lei que inclui a Política Nacional de Saúde Bucal na Lei Orgânica da Saúde. Assim, a saúde bucal passou a ser um direito de todos os brasileiros garantido por lei.
O ato reconheceu a importância da atenção em saúde bucal pelo SUS e reforçou o compromisso do governo federal com o acesso à saúde principalmente em regiões de maior vulnerabilidade. Também a criação de serviço odontológico de especialidades no interior do país, com foco nos municípios de até 20 mil habitantes.
Mais de 15,2 milhões de brasileiros com acesso à saúde bucal
O Serviço de Especialidades em Saúde Bucal (SESB) reforçou, novamente, o compromisso de garantir atendimento odontológico integral em regiões desassistidas. São mais de 15,2 milhões de brasileiros com acesso à prevenção, às especialidades odontológicas e recuperação da saúde bucal.
As Unidades Odontológicas Móveis entraram como uma das prioridades do Novo PAC do governo federal, com a aquisição de equipamentos para a implantação de 600 unidades até o fim de 2026. Um investimento na ordem de R$ 200 milhões.
Em 2024, ocorreu o maior investimento da história em saúde bucal, totalizando R$ 4,3 bilhões – crescimento de 126% em relação a 2023, possibilitando:
- Mais de 6 mil novas equipes de saúde bucal
- 100 novos Centros de Especialidades Odontológicas
- Expansão do custeio para as especialidades em 1 mil CEO
- Aquisição de 300 novas Unidades Odontológicas Móveis
- Incentivos para adesão dos estados e municípios com reajustes dos valores repassados:
- CEO – reajuste médio de 188%
- Equipes de saúde bucal – reajuste médio de 74%
- Investimento superior a R$ 200 milhões para a aquisição de equipamentos
Com Assessoria e Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República