A Ômicron vem avançando no mundo todo com uma velocidade impressionante. Enquanto a variante Delta levou nove semanas para se tornar predominante, a ômicron já é a mais prevalente em apenas três semanas. Após o surto de Influenza em dezembro em muitas cidades do país, agora é a vez de um novo surto da Covid-19 – que alguns já chamam de quarta onda -, impulsionada pela ômicron. No fim de janeiro, a previsão é que a evolução dos casos atinja o platô e pare de crescer.
Pela primeira vez em 34 dias, a média móvel de óbitos por Covid-19 voltou a subir no Brasil. Em 24 horas, o país registrou 148 mortes, somando 619.878 vítimas até o momento, segundo o consórcio de veículos de imprensa que acompanha os dados. Somente na sexta-feira (7) foram diagnosticados 53.419 casos em 24 horas. Desde o início da pandemia, já são 22.448.741 casos de infecção pelo novo coronavírus.
Jesem Orellana, epidemiologista da Fiocruz Amazônia, disse à Globonews neste sábado (8) que se o espalhamento viral permanecer nessa velocidade, rapidamente o país voltará a ter saturação nas unidades básicas de saúde e pronto socorros para atendimento de casos leves. E quanto mais casos leves tiver, mais e novas mutações ameaçadoras do vírus podem surgir.
Em comparação com o início de novembro até o final de dezembro, o aumento não é explosivo, mas pode ser sinal de mortes sem controle em algumas semanas. Ele lembrou que muitas cidades sofrem apagão de dados e os números reais podem ser maiores.
Se no início da pandemia a estratégia de só procurar atendimento médico se o paciente sentisse desconforto respiratório não deu certo e causou muitas mortes, inclusive em casa, em 2021, com quase 70% da população já vacinada, a postura deve ser de observação.
“Em caso de sintomas leves, fique em casa fazendo isolamento profilático. Se as dores forem insuportáveis ou se tiver febre e sintomas respiratórios, sintomas além do que se tinha até 2019, evitar ir ao centro de saúde, se tiver oportunidade, onde não tem fila, superlotação, é importante dar conhecimento dessa suspeita ou desses indícios às autoridades sanitárias”, disse ele.
O especialista recomenda que, na presença de sintomas, como coriza, febre, mal estar, o ideal é fazer logo a testagem. Se der positivo, a pessoa só deve se vacinar 28 dias depois. Se for influenza, pode se vacinar logo após o desaparecimento dos sintomas. Segundo ele, mesmo com a proteção da terceira dose da vacina, as pessoas ainda podem adoecer e vir a óbito.
“É ilusão acreditar que está todo mundo livre”, destaca. Por isso, o recomendado é continuar mantendo as precauções: vacinação, uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento social. Sobre as diversas cidades que estão cancelando seus carnavais, num efeito cascata, comentou. “É o mais apropriado nesse momento”.
Profissionais de saúde fora de combate em São Paulo
A média diária de internações por Covid dobrou em 23 dias em São Paulo. São 566 novas internações nesta sexta-feira (7), enquanto em 13 de dezembro eram 233 por dia. O número é bem menor do que no auge da pandemia, mas muito maior do que o registrado no fim do ano.
Para agravar a situação, 1.585 profissionais que atuam na cidade de São Paulo estão afastados por Covid ou Influenza. Em todo o estado, são 1.754 profissionais fora de combate. O afastamento gerado pela infecção dura de 10 a 15 dias, deixando a população sem assistência nesse período.
Hoje, 60% dos leitos de Covid-19 estão ocupados. Dos que estão com Covid, a maioria é de pessoas sem ter completado o esquema vacinal e outros que não foram vacinados. Segundo a OMS, 90% dos casos graves são diagnosticados em não vacinados.
Cresce ocupação de leitos para síndrome respiratória aguda grave. Fiocruz mostra que houve aumento em Tocantins, Espírito Santos, Goiás e Minas Gerais. Em Alagoas, saltou de 20 para 68%. Piauí, Pernambuco e Bahia também aumentaram a oferta de leitos.
Em Minas Gerais foram registrados 10.982 casos em 24 horas, o maior número em seis meses e três vezes maior que no dia anterior (3.400). A alta é de 1.519% em relação a dezembro, de acordo com boletim divulgado nesta sexta-feira (7).
A taxa de transmissão é de 1,15 – o que significa que 100 pessoas contaminadas transmitem o vírus para 115 pessoas. Para enfrentar um novo surto, o Governo do Estado e a Prefeitura de Belo Horizonte decidiram aumentar a oferta de leitos hospitalares. Hoje, a ocupação é de 68,1% nas UTIs e de 67,1% nas enfermarias – incluindo as redes pública e particular.
Para especialistas, não é a menor severidade da nova variante que vai aumentar a pressão, mas a enorme capacidade de transmissão, o grande volume de casos. A pneumologista Margareth Dalcolmo estima que 1% de casos vão precisar de leitos causados pela nova cepa. “Um porcento de 100 é pouca gente, mas 1% de 1 milhão é algo expressivo, é muita gente. Por isso, quanto mais vacinados com doses de reforço, masi protegidos estaremos, hoje é quase impossível não se contaminar”, ressaltou.
Alexandre Naime Barbosa, chefe da Infectologia da Unesp, explicou à Globonews que, além de possuir carga de virulência menor, a ômicron circulando entre a população altamente vacinada leva a menor gravidade. “Ela é muito mais transmissível, de 10, 15 a 20 pessoas por dia, numa escala, uma verdadeira enxurrada de casos possíveis. Por isso, mesmo gerando quadros mais leves, pode provocar uma sobrecarga no sistema”, disse.
Febre, dor no corpo, dor de garganta, evitar a automedicação, uso de antibióticos ou corticoides são contraindicados em casos leves de Covid ou influenza. Ele recomenda também a criação de áreas separadas nas unidades de saúde para atendimento aos pacientes, para evitar a propagação em pacientes de outros quadros.
Comitê científico do RJ pede suspensão de desfiles
Diante da escalada do número de casos, na sexta-feira (7), o comitê científico do Estado do Rio de Janeiro recomendou, por unanimidade, que não haja desfiles de escolas de samba ou que estes sejam adiados, mas quem bate o martelo é o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe. Segundo ele, por enquanto, a festa está mantida. O Carnaval de Rua na capital já havia sido cancelado, por decisão do prefeito Eduardo Paes.
A fila do teste: procura por diagnóstico disparou em várias cidades. No Rio está difícil fazer o teste para diagnosticar a doença. Centrais de testes e vacinação no Rio, filas em diversos pontos, os postos estão funcionando até 17 horas neste sábado (8). Só nos sete primeiros dias do ano, foram mais de 22 mil novas infecções. O número é superior ao de novembro de 2021 e bem mais do registrado em dezembro: apenas 8 mil, número que pode ter sido impacto pelo apagão de dados do Ministério da Saúde.
A capital concentra a maioria dos casos – quatro em cada 10 dão positivo e 98% da amostras são correspondentes à nova variante ômicron. Entretanto, o número de internações por Covid-19 ou síndrome respiratória aguda grave ainda é baixo: eram 33 pacientes na sexta-feira (7).
Apesar do novo cenário, o prefeito Eduardo Paes não cogita a volta do uso de máscara em locais públicos. E reforça a importância da vacinação. “A principal estratégia é vacinar. A proteção vai caindo ao longo do tempo”, diz o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
Na sexta-feira (7), a taxa de positividade nos testes para Covid-19 em todo o Estado do Rio de Janeiro era de 32%, e na quarta, 20%. Apenas Médio Paraíba apresenta baixo risco de contaminação, especialmente nas cidades de Volta Redonda, Resende e Barra Mansa. A Região Norte, a Ilha Grande, a capital e boa parte da Baixada Fluminense estão com nível baixo.
Procura por atendimento virtual é maior que no pico da pandemia
Volume de atendimentos por – Saúde Digital Brasil mostra que do começo de dezembro até o Natal eram registrados 7 mil por dia. Entre o Natal e o Anovo Novo, passou para 15 mil/dia e já na primeira semana passou para 40 mil. Já é superior ao pico da pandemia em maio de 2021, quando o país chegou a registrar mais de 4 mil mortes pela doença a cada dia.
Durante o atendimento virtual, geralmente é passado atestado, recomendação de remédios e encaminhamento para o teste de Covid. A recomendação é sempre procurar orientação médica – coriza, dor de garganta, mal estar, pode ser Covid-19, pode ser H1N1 ou H3N2. Quando chega com falta de ar, febre muito alta, pode ser atendido e encaminhado direto para o pronto socorro.
1.333 para 2.5000 – grupos de profissionais, enfermeiros e me´dicos
Covid-19: sinal verde para vacina 100% brasileira
Anvisa dá aval para imunizante totalmente fabricado pela Fiocruz-Manguinhos, no Rio de Janeiro. Primeiro lote será entregue em fevereiro
Da Agência Fiocruz de Notícias
Em meio ao cenário de aumento dos casos de Covid-19 em todo o país, a boa notícia é que a Anvisa dá aval para vacina 100% brasileira. O primeiro lote já deve ser entregue no início de fevereiro. “É um momento histórico”, diz Nísia Trindade de Lima, presidente da Fiocruz.
Todo o processo de fabricação – que inclui a formulação, o envase e o controle de qualidade – leva 20 dias. Hoje, são 28 centros de produção de vacinas em todo o mundo. O IFA vinha da China enbtte 153 milhões de doses. Contrato de transferência tecnológica com a Astrazeneca. Isso foi feito em tempo recorde, de um ano. A previsão
A Fundação já tem matéria-prima suficiente para fabricar 20 milhões de doses. Ainda segundo Nísia, a Astrazeneca é a vacina mas aplicada no mundo, tendo sido tomada por mais de 2 bilhões de pessoas, o que reforça sua eficácia.
Estratégias do início da pandemia que não deram certo, só procurar atendimento médico se sentisse desconforto respiratório; Em 2021, com quase 70% da – postura de observação, fique em casa fazendo isolamento prolifático, dores insuportáveis, febre, se tiver sintomas além do que tinha até 2019, evitar ir ao centro de saúde, se tiver oportunidade, onde não tem fila, superlotação, é importante dar conhecimento dessa suspeita ou desses indícios.