Segundo os pesquisadores, pode-se definir como obesidade abdominal a circunferência do abdômen maior que 102 centímetros para homens e 88 centímetros para mulheres. Já a condição muscular é verificada a partir de um índice de massa muscular esquelética.
Uma das pesquisadoras do estudo, a professora do Departamento de Gerontologia da UFSCar, Valdete Regina Guandalini, explica que a obesidade sarcopênica está relacionada também com o envelhecimento ew fatores como perda de autonomia da pessoa idosa e a piora na qualidade de vida nessa faixa etária.
Valdete Guandalini ressalta que, embora a perda muscular seja normal a partir dos 40 anos de idade, alguns fatores podem acentuar ou retardar o processo.
A prática de atividade física, o consumo alimentar, o não consumo de bebida alcoólica, o uso de cigarro e o sono irão influenciar nesse declínio, tornando-o mais rápido ou não”, enfatiza a professora.
A pesquisadora salienta que hábitos saudáveis reduzem a incidência de obesidade sarcopênica. Ela aponta outros dados do estudo, como a redução em 40% do risco de morte entre aqueles com baixa massa muscular, mas sem obesidade abdominal. O que também se observa em indivíduos com obesidade abdominal, mas massa muscular adequada.
Para Iana Carruego, ginecologista da Clínica Elsimar Coutinho SP, a sarcopenia não deve ser considerada apenas um processo natural do envelhecimento. “Trata-se de uma síndrome com impacto direto na autonomia funcional, pois está associada a maior incidência de quedas, depressão, declínio cognitivo e até mesmo mortalidade”.
Sinais de alerta
Os primeiros sinais clínicos da sarcopenia são sutis, mas merecem atenção. Entre os principais, estão:
* Redução da força de preensão manual;
* Dificuldade ou lentidão ao se levantar de uma cadeira;
* Perda de massa muscular detectável por exames como bioimpedância ou DEXA;
* Queixas de fadiga e desequilíbrio;
* Quedas recorrentes; entre outras.
O diagnóstico é feito a partir de três critérios principais: baixa força muscular, redução da quantidade ou qualidade da massa muscular e desempenho físico comprometido — sendo esta última, indicativa de sarcopenia grave.
Entenda das causas da doença
Embora o envelhecimento seja o fator mais conhecido, a sarcopenia também pode ser acelerada por outros elementos. Segundo a Dra. Iana Carruego, “condições como a síndrome metabólica, a inatividade física, a nutrição inadequada — especialmente a baixa ingestão de proteínas — e os distúrbios hormonais, como a queda dos níveis de estrogênio e testosterona, desempenham um papel relevante na perda muscular”.
Além disso, doenças crônicas e o estresse oxidativo (desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes no organismo) também contribuem para a degradação muscular e resistência anabólica, tornando o processo de recuperação ainda mais difícil.
O papel da oxandrolona no tratamento da perda muscular
Nos últimos anos, a oxandrolona tem se mostrado uma aliada no tratamento da sarcopenia. Trata-se de um esteroide anabolizante sintético com alta relação anabólica: androgênica, o que favorece o aumento da massa muscular com reduzido risco de efeitos colaterais androgênicos, especialmente em mulheres.
Indicamos a oxandrolona para mulheres menopausadas ou sarcopênicas, sobretudo quando não há perfil adequado para o uso de gestrinona. Ela também é eficaz em pacientes com obesidade sarcopênica e naqueles que enfrentam dificuldades em emagrecer”, explica a Dra. Iana.
As formas de administração incluem implantes subcutâneos, que garantem liberação contínua, ou comprimidos orais, com doses geralmente entre 5 e 10 mg/dia. A prescrição, no entanto, deve respeitar critérios clínicos rigorosos e levar em conta fatores como sexo, idade, peso e objetivos terapêuticos.
Como a oxandrolona age no organismo?
O medicamento atua estimulando a síntese proteica muscular, reduzindo a gordura corporal total e visceral e aumentando a massa magra — efeitos que ajudam a reverter os principais mecanismos fisiopatológicos da sarcopenia, como a resistência anabólica, o estresse oxidativo e a inflamação crônica.
A oxandrolona funciona como um agente anabólico e metabólico, com potencial para preservar e aumentar a massa muscular, principalmente em casos onde dieta e exercício físico não são suficientes para promover hipertrofia”, afirma a médica.
Apesar de seus benefícios, o uso da oxandrolona exige cautela. “A prescrição deve ser sempre individualizada, com base em diagnóstico preciso, e nunca com fins estéticos ou recreativos”, ressalta a Dra. Iana.
O acompanhamento clínico inclui exames laboratoriais frequentes para monitorar a função hepática, perfil lipídico, níveis hormonais e função renal. Além disso, em mulheres em idade fértil, é essencial garantir um método contraceptivo eficaz durante o tratamento.