As festas de fim de ano costumam ser marcadas pelo brinde e pela celebração, mas, em 2025, o brinde pode esconder um risco mortal. O surgimento de sete novos casos suspeitos de intoxicação por metanol na Bahia, reportados nesta semana pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), traz de volta um fantasma que muitos brasileiros acreditaram ter ficado no passado recente.
O cenário é preocupante: enquanto as autoridades investigam as causas em Ribeira do Pombal (BA), o clima de “fim de mundo” nas praias e festas de rua ignora o histórico trágico deste ano. Entre setembro e dezembro de 2025, o Brasil registrou 890 notificações de intoxicação por metanol, com 22 óbitos confirmados em estados como São Paulo, Pernambuco, Paraná, Bahia e Mato Grosso.
O risco invisível nas praias cariocas
Um exemplo claro dessa vulnerabilidade está nas areias do Rio de Janeiro. Na Praia de Ipanema, é comum observar ambulantes vendendo o popular “matte com limão e rum”. O problema? Muitas vezes, o destilado é carregado em garrafas sem rótulo ou de procedência duvidosa, sendo servido em doses de 50ml misturadas em copos de 500ml, por valores que variam entre R$ 15 e R$ 35.
Sem o selo de inspeção da Vigilância Sanitária e sem rastreabilidade, o consumidor fica à mercê de bebidas adulteradas com metanol — um álcool industrial altamente tóxico, cujo custo é menor que o do álcool etílico (potável), o que atrai falsificadores.
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O que é o metanol e por que ele mata?
Diferente do etanol encontrado nas bebidas legalizadas, o metanol não é feito para o consumo humano. Quando ingerido, ele é metabolizado pelo fígado e transformado em formaldeído e ácido fórmico, substâncias extremamente agressivas ao sistema nervoso.
Os principais perigos incluem:
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Cegueira irreversível: O metanol ataca diretamente o nervo óptico.
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Falência renal e hepática.
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Danos neurológicos permanentes.
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Morte: Dependendo da dose, o óbito pode ocorrer em poucas horas.
Como identificar bebidas suspeitas
O maior desafio é que o metanol não tem cheiro ou gosto diferente do álcool comum. Por isso, a prevenção passa pelo cuidado com a origem:
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Desconfie de preços muito baixos: Se o valor está muito abaixo da média de mercado, a procedência é suspeita.
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Examine o lacre e o rótulo: Garrafas de destilados (vodka, rum, gin) devem ter selos do IPI e rótulos bem colados, com informações do fabricante e registro no Ministério da Agricultura.
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Evite bebidas “de balde” ou misturas prontas de rua: Em ambientes sem fiscalização, o risco de a base alcoólica ser clandestina é altíssimo.
Sintomas e o que fazer
Os sintomas da intoxicação por metanol podem demorar de 12 a 24 horas para aparecer, assemelhando-se inicialmente a uma embriaguez comum, mas evoluindo rapidamente para:
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Visão embaçada ou perda de visão (“nevoeiro”).
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Dor abdominal intensa e vômitos.
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Falta de ar e confusão mental.
Em caso de suspeita, procure imediatamente uma emergência hospitalar. O diagnóstico precoce e o uso de antídotos específicos são as únicas formas de evitar sequelas graves ou a morte.
Vida sem Álcool: consciência o ano todo
No Vida e Ação, a segurança do leitor é prioridade. Através da seção , acompanhamos de perto a crise do metanol ao longo de todo o ano de 2025, alertando sobre os perigos do consumo excessivo e da falta de procedência. Além do risco de intoxicação, o excesso de álcool nesta época do ano está diretamente ligado ao aumento drástico nos acidentes de trânsito.
Celebrar com responsabilidade significa, antes de tudo, saber o que você está colocando no seu corpo. Se for beber, escolha bebidas de marcas conhecidas, compradas em estabelecimentos confiáveis, e nunca dirija. O melhor brinde é aquele que nos permite estar presentes no dia seguinte.




