Junto ao aprendizado teórico adquirido nas salas de aula, a vivência em hospitais públicos e privados é fundamental para a formação de médicos mais completos e preparados para enfrentar todas as adversidades da profissão. É o que acredita Leonardo Pereira Vieira da Cunha, de 27 anos, residente em Medicina Intensiva no Hospital Universitário Cajuru. em Curitiba (PR).
Essa experiência tem me proporcionado a oportunidade de aprimorar o manejo de pacientes críticos, colaborar com equipes multidisciplinares e desenvolver minhas habilidades de liderança”, analisa.
Além da experiência no SUS, ele também tem a oportunidade de atuar no Hospital São Marcelino Champagnat. “Estar em um hospital privado tem ampliado minha visão sobre os diferentes níveis de complexidade e recursos tecnológicos disponíveis”, complementa.
À medida que o Brasil enfrenta desafios crescentes na saúde pública, a atuação dos hospitais universitários se torna cada vez mais relevante. Com mais de 575 mil médicos formados em todo o Brasil, conforme recente levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), a crescente demanda por profissionais de saúde qualificados ressalta a importância dos hospitais-escola.
O aumento da demanda por serviços médicos, a escassez de profissionais qualificados e as disparidades no acesso aos cuidados tornam essencial a ampliação e o fortalecimento desses centros de formação. Muito além de instituições acadêmicas, os hospitais-escola desempenham um papel vital no Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo serviços especializados e atuando como referência em tratamentos de média e alta complexidade.
Além da formação médica, pesquisa e inovação em saúde
A rede hospitalar universitária no Brasil é composta por mais de 200 hospitais de ensino e é fundamental na formação de médicos, cujo número mais que dobrou nos últimos 20 anos. Dados do Ministério da Educação revelam que a demanda por essas instituições continua a crescer.
O papel dos hospitais-escola vai além da formação de médicos: eles também são fundamentais para a pesquisa e inovação em saúde. Por meio de estudos clínicos e da implementação de novas tecnologias, essas instituições contribuem para o avanço da Medicina e a melhoria contínua dos serviços de saúde oferecidos à população. Além disso, a integração entre ensino e prática clínica gera um ciclo virtuoso que beneficia tanto os alunos quanto os pacientes.
O benefício é mútuo, pois, ao mesmo tempo que o estudante complementa sua formação, o paciente se beneficia da curiosidade, do interesse e do tempo que o residente dedica a cada caso”, ressalta a médica intensivista Viviane Chaiben coordenadora de excelência acadêmica dos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat, que integram a frente de saúde do Grupo Marista.
Nos hospitais-escola, estudantes e residentes médicos têm a oportunidade de vivenciar de perto a realidade do atendimento. Orientados por professores e médicos experientes, eles vão além da teoria e compreendem a complexidade dos casos clínicos, aprendendo a importância de oferecer um cuidado humanizado e de qualidade à população.
A experiência nos hospitais-escola molda profissionais sensíveis às necessidades sociais. É ali que eles podem aplicar o aprendizado adquirido nos centros de simulação e em sala de aula, conversar com os médicos, entender e lidar com os dilemas emocionais de pacientes e familiares, além de vivenciar o cotidiano da Medicina“, afirma.
Como funciona a residência médica
Voltada para o desenvolvimento de competências profissionais, a residência médica é uma modalidade de pós-graduação destinada a formados em Medicina. Durante essa fase, o médico dedica 60 horas semanais à aprendizagem em serviço, totalizando mais de 2,8 mil horas de formação ao final de cada ano, com ênfase na vivência prática.
A residência ocorre em instituições de saúde que funcionam como hospitais-escola, onde os pós-graduandos realizam atividades profissionais sob a supervisão de médicos especialistas. No Brasil, existem mais de 4 mil programas de residência, abrangendo 55 especialidades médicas e 61 áreas de atuação distintas.
Para a coordenadora de excelência acadêmica dos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat, Viviane Chaiben, essa vivência prática é essencial. Esses centros, que integram ensino, pesquisa e atendimento médico, oferecem uma experiência essencial para a formação de futuros especialistas.
A existência de hospitais-escolas bem estruturados, com ambulatórios acadêmicos e bons preceptores, desempenha um papel crucial na formação do jovem médico. A cultura de cuidado e a postura profissional, baseadas em evidências e na excelência, inspiram os novos profissionais da saúde em sua trajetória e os orientam na organização de suas carreiras”, conclui Viviane Chaiben.
Estágio dentro de hospitais–escola transforma olhar de estudantes de várias áreas
Experiência aproxima academia e assistência, unindo formação, atendimento à população e pesquisa
Em Curitiba (PR), o Hospital Universitário Cajuru se destaca como centro de ensino e formação, promovendo experiências práticas para residentes médicos, estudantes de Medicina e alunos de outros cursos da área da saúde da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com atendimento exclusivo pelo SUS. A união de formação, atendimento à população e pesquisa têm proporcionado aos estagiários e residentes um comprometimento maior com cada paciente.
Foi a vontade de adquirir conhecimentos práticos da profissão que impulsionou o estudante de medicina Pedro Henrique Passos, de 22 anos, a começar como estagiário no Hospital Universitário Cajuru, com atendimento exclusivo pelo SUS. Atualmente, sua rotina é marcada pela celeridade exigida pelo Pronto Socorro, onde aprende junto da equipe de cardiologia.
A prática tem sido de suma importância, principalmente por ser acompanhada de preceptores que sanam dúvidas e estimulam nosso conhecimento. Conseguimos memorizar o que aprendemos nas aulas e entender os pontos onde precisamos estudar mais”, conta o estudante.
Apontar o caminho, servir como guia e estimular o raciocínio são algumas das responsabilidades de preceptores como a cardiologista Camila Hartmann. Todos os dias ela se dedica ao acompanhamento e desenvolvimento de estudantes universitários e residentes médicos que estão tendo o primeiro contato com a rotina profissional.
O papel de um hospital-escola está na formação. E para que isso aconteça com qualidade é preciso a aproximação entre academia e assistência. Esse envolvimento com o meio acadêmico permite que todos saiam ganhando, tanto pacientes quanto estudantes e profissionais da saúde”, avalia a coordenadora de Excelência Acadêmica dos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru.
Oportunidade para estágio
Conquistar o primeiro emprego é o sonho de todos os jovens que estão nos últimos semestres da faculdade, mas não é tarefa fácil. Diante disso, o estágio surge como ponto de partida para quem busca experiências profissionais que enriqueçam o currículo. Só no Paraná, onde os dois hospitais estão localizados, são mais de 2,5 mil vagas de estágio abertas nas mais variadas áreas e empresas, de acordo com o CIEE/PR.
Os hospitais que fazem parte da frente de saúde do Grupo Marista oferecem vagas de estágio que vão além da medicina, enfermagem e farmácia, contemplando também setores como captação de recursos, administração, gestão de pessoas, qualidade, comercial e marketing. Os interessados precisam estar cursando a partir do 4º semestre da graduação ou 2º semestre do tecnólogo.
O objetivo principal é desenvolver e capacitar esse público, oportunizando um planejamento e projeção de carreira dentro da organização. Nós queremos dar a oportunidade de aprendizado, mas também desenvolver profissionais que possam construir uma jornada de trabalho conosco”, detalha Jaqueline Alves Pereira, gerente de Recursos Humanos dos hospitais.
Para Camila Hartmann, “manter as portas abertas para residentes e estudantes é a receita para criar um ambiente onde todos se desenvolvam, permitindo a prática associada com a ciência e a excelência”. “Como hospitais de referência nas áreas em que atuam, sabemos da importância de mantermos a nossa essência na qualidade do ensino e da prática profissional. Isso traz vantagens para os residentes, colaboradores e, principalmente, para o paciente que será melhor assistido”, conclui.