Relatório global da Federação Mundial da Obesidade aponta que, até 2035, um terço das crianças e adolescentes e 41% dos adultos estarão obesos no Brasil. O mesmo estudo mostra que o país poderia evitar 1 em cada 4 novos casos se adotasse medidas preventivas, como taxação de bebidas açucaradas, restrição de publicidade de ultraprocessados para crianças, incentivo ao consumo de alimentos in natura e promoção da atividade física.
Em paralelo, dados do Google Trends revelam que as buscas por “canetas emagrecedoras” já ultrapassam as por dieta, sinalizando o interesse crescente por soluções rápidas, mas que não tratam a obesidade como doença crônica.
A obesidade é uma doença totalmente evitável e das doenças evitáveis é a doença que mais mata e gera comorbidades no Brasil e no mundo, com impactos na saúde pública, saúde financeira de países enormes. Estamos falando de fato de uma pandemia silenciosa que hoje se mostrou à tona. Temos no estudo 30% de obesos aqui no Brasil. E quando a gente tem sobrepeso, mais de 60% dos brasileiros estão com excesso de peso”, comenta o cirurgião digestivo Igor Castro, sócio fundador e CEO da SlimPass.
Tratar os já obesos ou prevenir novos obesos?
Ao comentar a relevância das estratégias de prevenção apontadas pelo relatório, ele aponta duas linhas de cuidado no Brasil: o tratamento dos que já são obesos, um “incêndio” que ´precisa ser apagado no Brasil, e a prevenção. “Prevenir uma doença como essa é imprescindível, estratégica e emergencial, porque a obesidade, ela não chegou, não está reduzindo, não chegou num platô, e bem pelo contrário, ela só está aumentando 3% ao ano”.
Ele alerta para os riscos de não se combater devidamente a obesidade no Brasil. “Se não tivermos ações de prevenção e terapêuticas eficazes a nível nacional, a obesidade, ela só vai aumentar, com isso gerando mais comorbidades, como diabetes tipo 2, esteatose hepática, levando a cirrose hepática, doenças ortopédicas, cardiopatias, hipertensão, dislipidemias. Então, quando a gente fala de obesidade, estamos falando sim de prevenção e tratamento. Precisamos fazer essas duas ações para ter um resultado sólido”, ressalta.
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O impacto econômico da obesidade
É um número muito alto, quase sim, quase metade, tudo que se gasta com operadoras de saúde é em relação a obesidade e suas comorbidades. Por isso que temos que, claro, prevenir lá atrás, mas no momento atual temos um grande incêndio, então precisamos tratar esses pacientes”.
Os riscos da medicalização isolada
Com isso, criamos uma janela lúcida, uma janela de oportunidade para que esse paciente adquira novos hábitos. Então, apenas a medicação não faz sentido quando tratamos uma doença de cunho multifatorial. O paciente não é obeso por causa de um fator. Existe o fator cultural, o fator psicológico, hábitos de vida, exercícios físicos.
‘Não existe tratamento para obesidade em curto prazo’
Ao falar de emagrecimento saudável, estamos falando de perda de gordura com manutenção de massa magra. Por isso que, para tratarmos a obesidade, precisamos necessariamente de equipe multidisciplinar com nutricionistas, psicólogos e endocrinologistas, com um tratamento integrado a longo prazo”, afirma.
Com Assessorias