Quando o sistema imunológico do nosso corpo ataca seus próprios tecidos e órgãos, é considerada uma condição autoimune. Este é o caso do lúpus eritematoso sistêmico (LES), doença também conhecida apenas como lúpus, uma doença reumática crônica e autoimune capaz de atingir diversos sistemas do corpo, causando inflamações nas articulações, pele, rins, coração, pulmões, cérebro, coração e células sanguíneas.

A doença autoimune atinge celebridades como Lady Gaga, Selena Gomez, Toni Braxton e Seal. Lady Gaga revelou o seu diagnóstico em 2010, em um programa de televisão. Segundo a cantora, seu caso é de ordem genética, de acordo com investigações que confirmaram que a cantora era portadora do gene indicativo de predisposição para a doença.

Em 2015, a cantora Selena Gomez anunciou ter a doença e chegou a fazer um transplante de rim em 2017 devido ao lúpus. Em 2012, a apresentadora brasileira Astrid Fontenelle foi diagnosticada com lúpus, doença inflamatória autoimune sem causa conhecida e classificada como rara. Ao descobrir, a apresentadora brasileira ficou 15 dias internada, quase entrou na hemodiálise, perdeu 14 quilos e os cabelos.

Nos casos mais graves a doença pode levar seu portador a ficar debilitado ou até vir a óbito. Apesar de não existir uma cura para a condição, o tratamento é uma alternativa  eficaz para o controle da doença e para amenizar os seus sintomas. Amilton Macedo, dermatologista que atua na área de medicina preventiva há mais de 28 anos e atende nomes como Izabel Goulart, Fiuk, Ana Hickmann, entre outros, esclarece mais sobre a doença.

“Por ser pouco conhecida entre as pessoas, o lúpus é uma doença difícil de ser diagnosticada, porque seus sintomas podem variar consideravelmente de paciente para paciente, como a perda de peso, mal-estar generalizado, febre, queda de cabelo, sensibilidade à luz, dor abdominal, entre outros sinais semelhantes a uma virose ou outros tipos de patologias”.

Tipos de lúpus

Existem quatro tipos de lúpus, no entanto, o lúpus eritematoso é o tipo mais comum e grave da doença entre as pessoas, atingindo múltiplas partes do organismo como as articulações, pele, cérebro, pulmões, coração, rins e vasos sanguíneos, e caso não seja tratado adequadamente e a tempo, pode acarretar diversas complicações. Já os outros tipos de Lúpus são: discoide ou cutâneo, neonatal e o induzido por medicamentos.

“O lúpus discoide ou cutâneo, se restringe a apresentar lesões vermelhas, arrendadas e descamativas pela pele nas regiões do couro cabeludo, rosto, cervical e tronco. Já o neonatal é um dos tipos de lúpus mais raros que existe, é causada pela passagem de anticorpos da mãe para o recém-nascido através da placenta, durante a gestação”, explica Amilton.

O dermatologista ainda completa que pelo lúpus atingir a maioria das mulheres nesse período, elas apresentam os anticorpos da doença no sangue. Assim, o feto pode se desenvolver com o surgimento de lesões cutâneas fotossensíveis, alterações hepáticas, hematológicas,  ou até mesmo, cardíacas.

“Além disso, existe o lúpus induzido pelos medicamentos, que ocorre quando há um consumo prolongado de medicamentos como a hidralazina, procainamida ou isoniazida, provocando uma inflamação temporária na pele e desaparecendo poucos meses após a interrupção do uso de medicamentos”, ressalta.

De acordo com estudos publicados, pesquisadores internacionais  encontraram uma mutação no gene TLR7, que detecta o RNA viral como um possível causador do lúpus. A doença vem sendo estudada por especialistas há anos, em busca de uma causa concreta, no entanto, a teoria mais aceita é que fatores externos estejam envolvidos na causa dessa condição de pele, mas principalmente quando há predisposição genética e a utilização de alguns medicamentos.

Transmissão e diagnóstico

A doença atinge uma a cada 1.700 mulheres no Brasil, principalmente em idade fértil onde são até 9 vezes mais acometidas que os homens. “Acontece porque nessa fase a produção de hormônios responsável por formar o estrogênio exerce um papel importante na patogênese da doença, pois o lúpus é resultado de uma combinação de fatores, como hormonais, infecciosos, genéticos e ambientais”, esclarece.

Além disso,  pessoas com predisposição à doença podem desenvolver o lúpus ao entrar em contato com algum elemento do meio ambiente capaz de estimular o sistema imunológico a agir de forma errada como a exposição à luz solar.

Segundo o médico, para o diagnóstico da doença é necessário a realização de exames e análises de sangue e urina, exame físico, hemograma completo, radiografia do tórax, biópsia renal, recolhimento do histórico clínico da pessoa, e em alguns casos o levantamento de antecedentes familiares.

Além de outros testes laboratoriais que podem confirmar a presença de anticorpos anti-Sm e anti-DNA, elementos que são específicos da doença. Dessa forma, não existe nenhuma análise específica para diagnosticar o lúpus, pois é através da combinação de testes de sangue e urina com os sintomas encontrados nos exames físicos que conduzem ao diagnóstico da doença.

Tratamento

O  tratamento é realizado de forma individual, pois é analisado o  grau de severidade da doença e quais órgãos foram atingidos e o uso de corticoides, hidroxicloroquina e imunossupressores podem contribuir na busca pelo controle e remissão do quadro.

Já para prevenção de novos surtos, o paciente deve fazer o uso correto das medicações prescritas pelo especialista, evitar a alta exposição solar, o uso de tabaco, deve-se diminuir o consumo de alimentos ricos em açúcar, como refrigerantes, bolos, e sorvetes, e alimentos ricos em gordura, como frituras, biscoitos e pizzas, pois esses alimentos tendem a favorecer a inflamação do organismo.

Adotar hábitos saudáveis de vida também são medidas que podem e devem ser adquiridas para realizar o tratamento do Lúpus, além do uso de protetor solar com fator superior a 30 mesmo em dias nublados, a realização de exames para o controle da doença e ter consultas frequentes com um especialista.

Os mitos e verdades sobre o lúpus

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune, cujos sintomas podem surgir em diversos órgãos de forma lenta e progressiva (em meses) ou mais rapidamente (em semanas) e variam com fases de atividade e de remissão. A doença exige cuidados e precisa de acompanhamento de especialista. Veja os principais mitos e verdades sobre a enfermidade.

A incidência de Lúpus é maior em mulheres?

Verdade – A doença ainda continua a ser uma das enfermidades crônicas mais frequentes nas mulheres em idade reprodutiva; sendo também a doença dez vezes mais frequente no sexo feminino.

O paciente com Lúpus não pode ser vacinado contra a Covid-19?

Mito – O quadro de Covid-19 em portadores de doença autoimune tem sido muito variável. Alguns estudos, com número elevado de pacientes, dão conta de que não há muita diferença no quadro clínico de um paciente com e sem doença autoimune que desenvolve a forma mais grave da Covid-19.

Os estudos que avaliaram a eficácia das vacinas excluíram os pacientes portadores de doenças autoimunes, mas os benefícios para seguir com a vacina é melhor nestes casos do que não tomar. Não há relatos de eventos adversos graves nesse grupo de pacientes que tomaram a vacina. Mas o ideal é que o paciente se informe com o médico que o acompanha.

O sol é um dos gatilhos do Lúpus?

Verdade – Há sempre um gatilho que deflagra o Lúpus. Quando ambiental, ele costuma ser a exposição a luz solar. E o sol é o principal fator. Por isso, é sempre recomendada a fotoproteção.

O Lúpus tem cura?

Mito – Até o momento, o Lúpus não tem causa ou cura conhecida. O diagnóstico e o tratamento precoces são a chave para um melhor resultado de saúde e geralmente podem diminuir a progressão e a gravidade da doença. Mas, o prognóstico mudou e melhorou muito nas últimas duas décadas quando comparado com as respectivas décadas anteriores.

O tratamento com imunobiológicos tem boa eficácia?

Verdade – Os tratamentos com imunobiológicos têm se mostrado eficazes para pacientes que sofrem com Lúpus com ou sem comprometimento do rim, a Nefrite Lúpica (NL). Inclusive, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou neste ano a primeira terapia biológica para o tratamento da NL ativa em pacientes adultos.
A aprovação foi baseada nos resultados do estudo BLISS-LN, que apresentou informações sobre a resposta renal de eficácia primária no período de 104 semanas. No total, participaram 448 voluntários e 107 centros de pesquisa, sendo nove deles brasileiros.
Os resultados evidenciaram que pacientes tratados com terapia biológica, associada à terapia padrão, tiveram 55% mais chances de atingirem a esta resposta, quando comparados ao grupo placebo mais a terapia padrão, além da probabilidade de 46% de manter a resposta renal até a semana.
Com Assessorias
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