Nem a chuva no Rio de Janeiro conseguiu tirar a beleza dessa cena inspiradora: cerca de mil mães e seus filhos se reuniram na manhã desta segunda-feira (11) nos jardins do Museu de Arte Moderna (MAM), em um belo ato público em defesa da amamentação para garantir nutrição e imunidade para os bebês. O aleitamento exclusivo até os seis meses é recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
Organizado pela Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN), o evento marcou a abertura do 15º Encontro Nacional de Aleitamento Materno (Enam) e do 5º Encontro Nacional de Alimentação Complementar Saudável (Enacs), que acontecem de 11 a 15 de novembro, com apoio da Secretaria de Estado de Saúde, Prefeitura do Rio, Senac, entre outros parceiros.
Nós reunimos mil mães amamentando, mesmo em um dia de chuva como esse. A sociedade precisa ajudar essas mães a amamentar. Não é fácil. É doação, muitas vezes elas sofrem pressão, e não têm apoio. E a amamentação é pra vida toda. Nós, como sociedade, precisamos ajudar essas mães”, afirmou a organizadora do evento, Rosane Rito.
Este ano, o tema central do encontro será “Amamentação como um direito humano a ser protegido”. A relação entre obesidade infantil e amamentação é um dos temas que será abordado. A programação contou com coral musical, brincadeiras para os bebês, oficina de turbante, orientações sobre alimentação na primeira infância e teve como de uma de suas madrinhas a atriz Maria Paula Fidalgo.
A amamentação é vital para a saúde de uma criança ao longo de toda a vida. Mas é um aprendizado diário, cansativo, às vezes, doloroso. Ajudar a construir uma rede de apoio para esse momento especial é fundamental”, destaca Maria Paula (foto), que participou do ato.
Amamentação como um direito humano a ser protegido
Considerado o maior encontro de aleitamento materno e alimentação complementar do ano, o 15º Encontro Nacional de Aleitamento Materno é realizado pela IBFAN, com o apoio do governo federal e de universidades públicas. “Precisamos, cada vez mais, fortalecer o aleitamento. Esse evento serve para darmos empoderamento para o ato de amamentar, um direto humano que traz benefícios fundamentais para a vida da criança”, define o secretário de Estado de Saúde Edmar Santos.
Dentre os eixos trabalhados, estão a importância de se discutir a alimentação infantil no mundo, que envolve questões políticas, sociais e econômicas, além de culturais; também a ética e a equidade na alimentação infantil no mundo; as políticas e as práticas de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e alimentação complementar e, por fim, a formação e educação voltada para esses temas.
A amamentação é um direito humano, assim como a alimentação complementar para o bebê. Por isso, é fundamental que a gente possa dar subsídios para empoderar mães e pais na questão da amamentação exclusiva”, explica Maria Inês Oliveira, presidente nacional do Enam.
O encontro também contará com a presença de Cesar Victora, epidemiologista especialista em nutrição e saúde materno-infantil, e de convidados internacionais como o pediatra Carlos Gonzales, Lawrence Grummer-Strawn, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Annelies Allain, da IBFAN internacional.
Estudo inédito sobre alimentação e nutrição infantil
O inquérito, inédito no país, coleta informações detalhadas sobre hábitos alimentares, peso e altura de crianças de até cinco anos e realiza exame de sangue nos participantes com mais de seis meses de vida. Pela primeira vez, dados sobre o crescimento e o desenvolvimento infantil e o mapeamento sanguíneo de 12 micronutrientes, como os minerais zinco e selênio e vitaminas do complexo B, serão estudados em todo o território nacional. Informações sobre amamentação, doação de leite humano, consumo de suplementos de vitaminas e minerais, habilidades culinárias, ambiente alimentar e condições sociais da família também serão investigadas.
O coordenador nacional do Enani, o pesquisador Gilberto Kac, destaca que um inquérito tão completo como este trará informações inéditas sobre alimentação infantil e o perfil de deficiência de vitaminas e minerais das crianças brasileiras. “Os dados sobre estado nutricional antropométrico poderão ajudar a responder, por exemplo, se a desnutrição está realmente diminuindo como um problema epidemiológico. Por outro lado, o estudo deverá corroborar a acertada definição do Ministério da Saúde em indicar a prevenção da obesidade com prioridade em sua agenda”, adianta o pesquisador.