A visão é um dos sentidos mais valorizados pelo ser humano e, em paralelo, um dos mais negligenciados.   Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 2,2 bilhões de pessoas no mundo convivem hoje com algum tipo de deficiência visual, sendo que ao menos 1 bilhão desses casos poderiam ter sido prevenidos ou tratados se diagnosticados a tempo.

A miopia, problema nos olhos que causa dificuldade para enxergar de longe, é uma das prioridades globais em saúde ocular da OMS. A OMS prevê que, até 2050, esse distúrbio visual irá atingir metade da população mundial, ou seja, cerca de 4,7 bilhões de pessoas. Diante deste cenário, a OMS já classifica os problemas de visão como uma epidemia silenciosa, com impacto direto na qualidade de vida e na saúde pública.

No Brasil, o cenário é igualmente preocupante. De acordo com dados do IBGE. 19% dos brasileiros têm algum tipo de deficiência visual, sendo mais de 6 milhões em condição grave. Estima-se que mais de 35 milhões de pessoas tenham algum grau de dificuldade para enxergar, muitas vezes sem sequer perceber. Por isso, o Dia Mundial da Visão (9 de outubro) alerta sobre a necessidade de se ampliar os cuidados com a saúde ocular.

Aumento da alta miopia é ainda maior e pode levar à cegueira

Destaca-se o aumento expressivo da alta miopia (erro refrativo igual ou maior que 6 graus), que deverá atingir 10% da população mundial, ou seja, 938 milhões de pessoas. Relatório da OMS sobre a prevalência da miopia e alta miopia, dificuldade de enxergar à distância, traz dados alarmantes sobre a condição da saúde ocular do brasileiro.

Isso porque, a pesquisa aponta um aumento no País de 54% dos casos de alta miopia nesta década. Em 2020 éramos 6,68 milhões com alta miopia caracterizada de seis dioptrias ou mais. Em 2030 o relatório projeta ter 9,514 milhões de altos míopes no País. A projeção da OMS prevê que a miopia leve e moderada no mesmo período passe de 60,5 milhões de casos para 83 milhões, um aumento de 36,6%, bem abaixo dos 54% previstos para altos míopes.

Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier de Campinas esta pesquisa comprova que no Brasil o estilo de vida hoje impulsiona mais o aumento da alta miopia que a hereditariedade. Especializada em Retina Clínica e Cirúrgica pela Universidade Federal de São Paulo, a oftalmologista Patrícia Kakizaki destaca o início cada vez mais precoce da patologia, o que implica uma probabilidade significativamente maior de desenvolver alta miopia.

Segundo ele, a alta miopia aumenta o risco de doenças que podem levar à cegueira na idade adulta. “Entre as complicações da alta miopia estão descolamento de retina, maculopatias miópicas, glaucoma, ambliopia refracional e catarata precoce”, elenca a e consultora da Zeiss Vision Brasil,

Miopia em crianças pode prejudicar desempenho escolar e social, além de saúde emocional

O distúrbio ocular atinge proporções epidêmicas no mundo e exige atenção urgente de pais, educadores e profissionais de saúde. Entre os tratamentos de ponta, estão lentes de óculos inovadoras que retardam a progressão da miopia, com eficácia comprovada por ensaios clínicos multicêntricos da Ásia e Europa

A miopia se manifesta comumente na infância e adolescência e, se não tratada, pode comprometer o seu presente e futuro. “A visão ‘embaçada’ dificulta a realização de atividades cotidianas importantes para o desenvolvimento físico e mental, como a prática de esportes e tarefas escolares. A criança perde autoconfiança e autoestima, o que afeta sua socialização”, explica Patrícia Kakizaki, oftalmologista

No cronograma em que 80% do conteúdo da sala de aula é apresentado de forma visual, estima-se que ao menos um quinto (20%) dos alunos possui algum tipo de problema visual. 60% dos casos de dificuldade de aprendizado são relacionados à visão e o mesmo fator se atribui a 23% dos casos de evasão escolar. A maior parte dos casos pode ser resolvida de forma simples, com a adoção de um óculos para correção visual.

É comum atribuir tropeços, quedas ou dificuldades de leitura à idade ou à desatenção, quando na verdade podem ser sintomas claros de doenças que afetam a visão. Essa falta de reconhecimento atrasa diagnósticos e compromete tratamentos que poderiam preservar a independência e a qualidade de vida do idoso”, reforça o médico Celso Morita, Chief Medical Officer da Vöiston.

Entre as crianças, os erros de refração — como miopia, hipermetropia e astigmatismo — merecem atenção especial. Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica, cerca de 20% delas podem apresentar algum desses problemas.

Pais e professores devem estar atentos a sinais como desalinhamento dos olhos, reflexo branco nas pupilas, lacrimejamento frequente, dor de cabeça ou a necessidade de se aproximar da TV ou do quadro na escola”, alerta Cunha.

Telas em excesso: o novo vilão da saúde ocular

A miopia tem um componente genético, mas o estilo de vida também contribui para seu surgimento e, até mesmo, para acelerar a sua progressão. Entre os fatores comportamentais que podem levar ao desenvolvimento da miopia, está o fato de as crianças utilizarem, cada vez mais cedo e por mais tempo, dispositivos eletrônicos como tablets e celulares.

O uso excessivo de telas próximas aos olhos demanda muito de nossa visão de perto, enquanto a de longe é menos utilizada. Além disso, tal hábito contribui para a redução de atividades ao ar livre e diminui a exposição à luz natural, que também ajuda a evitar a miopia.

O uso prolongado de dispositivos eletrônicos é um dos fatores de risco mais citados pelos especialistas. A recomendação de pediatras e oftalmologistas é clara: crianças de até 2 anos não devem ter contato com telas; dos 2 aos 5 anos, o tempo deve ser limitado a 1 hora por dia; dos 6 aos 10 anos, até 2 horas; e dos 11 aos 18 anos, o ideal é que não ultrapasse três horas diárias.

Entre os adultos, a exposição constante ao computador pode ser minimizada com medidas simples, como a regra 20-20-20: a cada 20 minutos em frente à tela, olhar para algo a seis metros de distância por 20 segundos.

Muitas vezes, a criança não consegue relatar o problema, mas ele aparece no desempenho escolar, no comportamento e até no convívio social. Pais e professores precisam observar esses sinais”, reforça Cunha.

Segundo ele, o exame oftalmológico regular é fundamental para preservar a saúde dos olhos em todas as fases da vida. No caso das crianças, ele tem um papel ainda mais decisivo, porque identifica precocemente problemas como miopia, hipermetropia e estrabismo, que podem comprometer diretamente o aprendizado e o desenvolvimento escolar”, explica 

O médico lembra que a primeira consulta deve ocorrer entre os seis meses e um ano ou diante de qualquer sinal de anormalidade. É nessa fase que também podem ser identificadas doenças graves como o retinoblastoma, tumor maligno que ganhou notoriedade após o diagnóstico da filha de Tiago Leifert e Daiana Garbin, aos 11 meses. 

Conter o avanço da miopia é um tema de saúde pública. Garantir informação, acesso a exames e hábitos saudáveis desde a infância é essencial para que o País enfrente os impactos visuais e sociais dessa condição.  “Enxergar bem não é apenas uma questão de conforto, é um direito fundamental e um fator determinante para o bem-estar. A prevenção é o caminho mais eficaz para preservar esse bem tão valioso”, finaliza Morita.

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Campanha nacional pelo Dia Mundial da Visão com ações em 12 estados brasileiros

Estão previstos mais de 4.500 atendimentos gratuitos e a doação de 1500 óculos de grau, com foco em crianças, atletas e populações em situação de vulnerabilidade

Em celebração ao Dia Mundial da Visão, que acontece em 9 de outubro, a OneSight EssilorLuxottica Foundation, entidade filantrópica da EssilorLuxottica, anuncia ações em todo o Brasil para ampliar o acesso à saúde visual e conscientizar a população sobre a importância dos cuidados com a visão.

Durante setembro e outubro, a campanha nacional prevê mais de 4.500 atendimentos em 12 estados brasileiros, com foco em crianças, jovens, atletas e pessoas em situação de vulnerabilidade.

Ao todo, estima-se também a doação de mais de 1500 óculos de grau, reforçando o compromisso da entidade em democratizar o acesso à saúde visual de qualidade. A iniciativa visa diminuir o déficit de saúde visual no Brasil, onde mais de 144 milhões de pessoas necessitam de correção visual.

Principais iniciativas da campanha:

De Olho nos Olhinhos (12 a 30/09)

· Parceria com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e instituições de saúde em 36 locais de atendimento em 13 estados (BA, CE, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PI, PR, RJ, RS, SC, SP).

· Doação de 613 óculos.

Pequenos Olhares (9/10) – Curitiba (PR)

· Entrega dos óculos infantis encomendados a partir da ação no 69º Congresso Brasileiro de Oftalmologia (CBO), em parceria com o Ministério Público de Curitiba, que realizou triagem visual e consultas oftalmológicas.

· Doação de 315 óculos.

Stellest no Parque Villa-Lobos (11 e 12/10) – São Paulo (SP)

· Atividade de triagem de acuidade visual e orientação sobre miopia infantil, com visibilidade para a tecnologia das lentes Essilor Stellest®, recentemente aprovadas pelo FDA nos EUA como tratamento eficaz contra a progressão da doença.

Special Olympics (18/10) – Fortaleza (CE)

· Atendimento oftalmológico a atletas das Olimpíadas Especiais, em parceria com o CAVIVER (Centro de Aperfeiçoamento Visual Ver a Esperança Renascer).

PopRua (24/10) – Aracaju (SE)

· Ação em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o CBO, com atendimentos oftalmológicos gratuitos para pessoas em situação de rua.

· Óculos montados e entregues no local.

Escola de Surf Léo Neves (24/10) – Itaúna (RJ)

· Atendimento a jovens surfistas da escola.

Pequenos Olhares (25/10) – Poços de Caldas (MG)

· Atendimento de crianças de 06 a 12 anos de escolas municipais com consulta, doação e entrega de óculos no mesmo dia na 12ª edição do Visão Para o futuro do Donato Solidário.

· Ação em Parceria com Óticas Carol (Pequenos Olhares).

Olhar do Futuro Infantil (25/10) – Trancoso (BA)

· Campanha de prevenção à cegueira infantil no Instituto Trancoso, em parceria com o programa Pequenos Olhares de Óticas Carol.

· Atendimentos oftalmológicos e doação de óculos.

Com assessorias

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