Em vez de tiros de fuzil ou risco de balas perdidas, médicos e profissionais de saúde assistindo à população. A Carreta da Saúde do programa “Agora Tem Especialistas”, do Ministério da Saúde, vai permanecer no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, mesmo após o massacre produzido pelas forças policiais do governador Claudio Castro, que matou 120 pessoas no último dia 28 de outubro.

Ao Portal Vida e Ação, durante a abertura do Rio Health Fórum, no Rio de Janeiro, o secretário executivo do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, garantiu a presença da Carreta da Saúde no Alemão, que já estava no território mesmo antes mesmo da chamada “Operação Contenção”, a mais letal na história no Brasil. Questionado sobre a oferta do serviço em áreas distantes e até conflagradas pelo tráfico, pela mílícia ou alvo de operações policiais, ele foi enfático:

Não fazemos nenhuma discriminação, a Carreta da Saúde vai continuar no Alemão”, disse o ministro em exercício. Ele representou o titular Alexandre Padilha no evento paralelo à Fisweek25, que reúne iniciativas e debates sobre inovação, criatividade e tendências na área da saúde. Padilha estava em viagem à África do Sul.

Confira a entrevista com Adriano Massuda em nosso canal no Youtube:

As unidades de saúde móveis circulam por lugares com falta de médicos ou onde eles nem podem entrar, por questão de segurança, fruto da falta de políticas públicas dos estados, como é o caso do Alemão. No Estado do Rio, além da comunidade, o serviço itinerante está estacionado em Japeri, cidade da Baixada Fluminense, que tem um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil.

‘Agora Tem Especialistas’, um marco de inovação para o SUS

‘É a política mais inovadora do SUS em 35 anos’, diz ministro em exercício

O secretário executivo do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, fez um balanço das inovações implementadas ao longo dos 35 anos do Sistema Único de Saúde, destacando o lançamento recente do programa Agora Tem Especialistas.

Segundo o ministro em exercício, esta é “a política mais inovadora dos 35 anos do SUS”, ao incentivar a expansão da oferta pública e estabelecer bases sustentáveis para uma parceria de longo prazo entre os setores público e privado.

O programa cria uma ‘nova moeda’ para o SUS, permitindo que hospitais filantrópicos e privados paguem dívidas ou troquem créditos tributários federais pela prestação de serviços. O Governo Federal apoia, o setor privado oferece, e a demanda é apresentada pelos gestores estaduais e municipais, otimizando a capacidade instalada”, destacou

Segundo ele, a iniciativa transformou um sistema de saúde centralizado em um modelo capilarizado, com equipes atuando em 5.571 municípios, crucial para um país continental como o Brasil, servindo como vetor de transformação na distribuição e democratização do uso de recursos, e na alocação de serviços.

O Ministério da Saúde marcou presença na Fisweek com estandes de cinco iniciativas: o programa Agora Tem Especialistas, o Instituto Nacional de Cardiologia (INC), o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) e a Fiocruz. 

Compra sigilosa de medicamentos de alto custo

Durante três dias, entre 5 e 7 de novembro, o Rio Health Fórum reuniu as principais autoridades, lideranças e especialistas do setor para discutir desafios e oportunidades para ampliar o acesso da população à saúde. Em entrevista à imprensa no fim da cerimônia, ele falou sobre a compra sigilosa de medicamentos de alto custo pelo SUS.

Hoje a gente lida com medicamentos que estão num patamar de preços que ameaça a sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro. E são medicamentos importantes, que trazem ganhos terapêuticos. Então, nós temos que construir mecanismos que deem transparência para os auditores controlarem a compra, mas que possam não publicizar (divulgar o preço do remédio), porque isso tem um impacto na dinâmica de mercados globais, pois um determinado valor serve de parâmetro global.

Segundo ele, o governo federal busca entendimentos com o Tribunal de Contas da União (TCU) para ampliar a oferta de medicamentos. “A gente está em discussão com o TCU para que possamos ter ampliação da oferta de medicamentos de qualidade, com segurança jurídica e transparência”, disse, sem estipular um prazo para a adoção do novo sistema.

SUS como exemplo mundial de inovação social

Ainda durante o evento, o ministro em exercício disse ainda que o diálogo e a cooperação são essenciais para enfrentar os desafios da saúde no Brasil e consolidar o SUS como exemplo mundial de inovação social.

É muito positivo ver a consolidação deste fórum como um espaço de articulação, encontro e debate sobre o futuro da saúde. O SUS representa uma das maiores inovações sociais do mundo — fruto de luta e transformação — e garante o acesso igualitário à saúde no Brasil.”

Massuda disse ainda que, apesar dos avanços, nosso desafio era ir além. “O presidente Lula nos apresentou dois grandes desafios: recuperar as coberturas vacinais e combater a desinformação; e enfrentar as lacunas na atenção especializada. O Agora Tem Especialistas nasce dessa necessidade e traz um conjunto de inovações que tornam o SUS ainda mais forte”, afirmou.

Inovações na atenção primária e especializada

Outro avanço, conforme Massuda, foi em relação à Política Nacional de Atenção Especializada, que estabeleceu novas bases para o desenvolvimento da atenção especializada, alinhadas com os princípios do SUS, visando construir parcerias público-privadas sustentáveis que atendam ao interesse público.  A PNAES trouxe inovações importantes nos mecanismos de financiamento do cuidado especializado, incluindo as ‘Ofertas de Cuidados Especializados’.

O SUS também se destacou pela inovação na organização de serviços colocando o Brasil como pioneiro na implementação de equipes multiprofissionais de saúde. “A Atenção Primária no Rio de Janeiro, com a introdução das equipes de Saúde da Família, representou uma revolução. Esse modelo inovador assegura que populações atendidas por equipes de saúde da família recebam melhores cuidados”, afirmou.

Sobre o programa Agora Tem Especialistas, o ministro explicou ainda que a iniciativa cria novos mecanismos de financiamento e amplia a capacidade de resposta do SUS às demandas da população. “Os hospitais filantrópicos e privados podem quitar dívidas ou trocar créditos tributários federais futuros pela prestação de serviços à rede pública”, disse.

É um dinheiro novo para o sistema, uma inovação importante. Também implementamos a troca do ressarcimento feito pelas operadoras de planos de saúde pela execução direta de atendimentos, o que aprofunda a integração entre o público e o privado. Isso coloca o sistema de saúde brasileiro em outro patamar”, explicou Massuda.

Sobre o programa Agora Tem Especialistas

O programa busca ampliar a oferta de atendimentos na rede pública em todo o país, reduzindo o tempo de espera por consultas, exames e cirurgias. Criado para apoiar estados e municípios e desafogar a demanda reprimida, é uma das principais estratégias do governo federal para reduzir desigualdades regionais no acesso à atenção especializada em saúde.

Entre suas iniciativas estão 29 carretas da Saúde da Mulher em funcionamento em todas as regiões do país, (17 estados e o DF), oferecendo mamografias, colposcopias e biópsias. Até 2026, o programa pretende levar 150 carretas para locais de difícil acesso e cidades-polo.

Na área oncológica, por exemplo, outro avanço do programa foi a entrega de um acelerador linear em Blumenau (SC), com capacidade para atender 600 novos casos de câncer por ano, entre os 121 equipamentos que serão entregues até o fim de 2026, beneficiando mais de 84,7 mil novos pacientes.

Na modalidade crédito-financeiro, 12 hospitais privados e filantrópicos aderiram ao programa, com possibilidade de conversão de até R$ 2 bilhões por ano em dívidas ou créditos tributários futuros em atendimentos adicionais para usuários do SUS. A participação da rede privada complementa o programa, inclusive operadoras de planos de saúde podem participar por meio da modalidade ressarcimento ao SUS.

Com informações do Ministério da Saúde, fisweek e Estadão

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