Mau uso de lentes cresce no verão
Propagação de bactérias, contato dos olhos com cosméticos ou água contaminada elevam o risco. Saiba como prevenir.
Os prontuários do Instituto Penido Burnier mostram que no verão dobra o número de pacientes que chegam aos consultórios com desconforto nos olhos por mau uso de lente de contato. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do hospital, um dos motivos é a maior propagação de bactérias no calor. Isso facilita a contaminação dos olhos a qualquer deslize na higiene das mãos, lentes ou estojo. Os sintomas são vermelhidão, sensibilidade à luz e visão borrada.
Manutenção
Para evitar a contaminação o especialista recomenda lavar as mãos antes de manusear as lentes, sempre limpar com solução higienizadora antes e depois de colocar nos olhos e trocar diariamente a solução do estojo que também deve ser substituído a cada quatro meses. Nenhum outro material de limpeza, adverte, deve ser utilizado. Isso porque, só as soluções eliminam todas as bactérias.
Muitas contaminações são facilmente resolvidas com a interrupção do uso das lentes por alguns dias, troca e aplicação de colírio, mas podem resultar em desconforto crônico que faz 10% dos brasileiros abandonarem o uso dA lente, mesmo quando não causam problemas maiores. Outras causam ceratite, inflamação na córnea que pode levar à diminuição da visão e até à cegueira. Por isso, ao primeiro desconforto indica consultar um oftalmologista e interromper o uso da lente imediatamente.
Má adaptação
O CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) estima que 2 milhões de brasileiros usam lente de contato. Segundo Queiroz Neto um em cada quatro não fazem a adaptação com um oftalmologista. “É um erro porque o olho seco e outras doenças oculares fazem com que a lente seja contraindicada para 15% da população”, afirma. O médico diz que esta parcela da população usa a prescrição dos óculos para comprar lente de contato que tem grau menor por ficar sobre a córnea. Para piorar as gelatinosas são as preferidas pela maioria. Apesar de macias e confortáveis, comenta, este tipo de lente aumenta em 3 vezes o risco de contaminação da córnea por diminuir sua oxigenação. Quando usadas durante a noite, ressalta, este risco é 20 vezes maior. Por isso, Orienta não dormir com lentes, mesmo que sejam indicadas para uso noturno.
Cuidado com lente vencida
Queiroz Neto afirma que até as lentes adaptadas por um oftalmologista podem criar depósitos e vencer antes do prazo. Geralmente isso acontece pelo excesso de filtro solar, cremes e maquiagem ao redor dos olhos.
O sinal de que a lente venceu antes do prazo de validade é o deslocamento frequente e sensação de desconforto, comenta. Indica que é necessária a avaliação de um oftalmologista para desimpregnar ou trocar a lente e fazer um checkup da superfície do olho. Insistir no uso pode causar lesões graves na córnea.
A penetração do filtro solar, cremes e maquiagem nos olhos, ressalta, também podem desencadear conjuntivite tóxica. Os sintomas são ardência, olhos vermelhos, sensibilidade à luz e lacrimejamento. Ao primeiro desconforto o médico recomenda retirar as lentes, lavar os olhos abundantemente e aplicar compressas frias. Não desaparecendo o desconforto uma consulta pode prevenir maiores complicações.
Para o especialista na praia ou nas piscinas o mais prudente é não entrar na água usando lente de contato. Isso porque, em um olho com lente basta uma gota contaminada para causar úlcera na córnea e perda da visão.