500 mil vidas perdidas, meio milhão de sonhos, planos e projetos interrompidos. Por todo o país, repercutiram manifestações de protesto contra o descaso no tratamento da pandemia de Covid-19 no Brasil. Não faltaram placas e cartazes condenando a política genocida do atual governante do país, assim como defesa da ampliação da vacinação e do respeito às regras de distanciamento social para evitar uma nova escalada de casos num país à beira da terceira onda.

Neste domingo (20), as areias de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, amanheceram como um imenso roseiral de flores vermelhas. As rosas representam a nossa solidariedade às famílias enlutadas vítimas. A ação faz parte da manifestação da ONG Rio de Paz em memória dos brasileiros mortos pela Covid-19 e em repúdio ao modo como o governo federal e parte da sociedade vêm tratando a pandemia desde o início da crise sanitária.

Rio de Paz protesta na Praia de Copacabana e faz homenagem aos mortos (Foto: Divulgação)

“Temos mais de meio milhão de brasileiros mortos, um número incontável de enlutados, vítimas que sobreviveram carregando sequelas e milhões de famílias convivendo com o temor da morte por falta de vacina”, disse Antônio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz. Para ele, o presidente da república tem “um comportamento criminoso e execrável”, por prescrever medicamentos e tratamento preventivo sem eficácia comprovada. No entanto, parte da sociedade também é responsável pelo agravamento da crise sanitária.

Manifestação do Rio de Paz pelos 500 mil mortos na Praia de Copacabana (Foto: Divulgação)

396 mil mortes evitáveis até hoje

Pesquisadores não têm dúvida: dezenas ou até centenas de milhares das 500 mil vidas perdidas até agora poderiam ter sido poupadas com mais vacinas, medidas de combate ao vírus e sem o negacionismo de Jair Bolsonaro, como mostrou o site DW. Estimar esse número é possível a partir de diferentes metodologias, e pesquisadores brasileiros desenvolveram modelos simples e complexos para chegar a esse dado.

Uma abordagem simples, mas fundamentada, foi apresentada pelo epidemiologista Pedro Hallal, ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e autor do primeiro estudo brasileiro a avaliar a magnitude da pandemia do coronavírus no país.

Manifestação do Rio de Paz na Praia de Copacabana (Foto: Divulgação)

O cálculo dele leva em consideração que 2,7% da população mundial vive no Brasil, e projeta quantas mortes por Covid-19 teriam ocorrido no país se ele tivesse tido um desempenho na média mundial. A diferença entre esse número e o número real de mortes ocorridas é atribuída por ele ao “mau desempenho” do Brasil no enfrentamento da pandemia.

Usando a metodologia de Hallal, neste sábado (19), o mundo registrava 3,8 milhões de mortes pela Covid-19 – 2,7% dessas mortes seriam 104 mil. A diferença entre esse número e o número real de mortes no Brasil até o momento é de 396 mil mortes, atribuíveis ao “mau desempenho” do país. 

O raciocínio foi exposto em uma carta publicada na revista científica The Lancet em 22 de janeiro e intitulada SOS Brasil: ciência sob ataque, e citado pela microbiologista Natalia Pasternak à CPI da Pandemia na última sexta-feira (11/06).

“Ele jamais demonstrou compaixão pelas famílias enlutadas’

“(Bolsonaro) Criou dificuldades para a aquisição de vacina. Participou de manifestações antidemocráticas que violaram todas as normas sanitárias. Desacreditou a campanha de vacinação em massa e desestimulou o uso de máscara. Aprofundou a crise econômica em razão da lentidão da campanha de vacinação em massa. Fez piada com a pandemia, jamais demonstrou compaixão pelas famílias enlutadas e chamou de marica quem observou normas sanitárias a fim de evitar o risco de contaminação.

Há uma cumplicidade da sociedade. Milhões de brasileiros mantiveram-se calados diante do péssimo exemplo do presidente da República. Bolsonaro teria sido freado há muito mais tempo se não fosse a cumplicidade fanática dos que lhe dão apoio político. Quantos óbitos mais serão necessários para nos unirmos e exigirmos mudanças? (Antônio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz).

Fontes: Rio de Paz e DW

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