Cada litro de leite materno materno é capaz de abastecer até 10 bebês que nascem no Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Mas atualmente, apenas três mulheres fazem doações regularmente para o Banco de Leite da unidade. Como o estoque é muito baixo para atender aos bebês internados, o HMulher utiliza em média 600 litros de fórmula (leite em pó) por mês, quando o necessário seria essa mesma quantidade de leite materno mensal.
Para estimular novas doadoras, a Secretaria de Estado de Saúde realiza nesta quinta-feira, dia 3, às 15h, um Mamaço, na Praça Gil, em São João de Meriti. O evento, promovido em parceria com a prefeitura local, contará com a presença de mães amamentando seus bebês, e faz parte das comemorações pela Semana Mundial da Amamentação (de 1º a 7 de agosto). A ação também será um alerta para conseguir doadoras para profissionais da Secretaria também estarão na Praça orientando a população sobre amamentação.
“O leite materno é o único alimento indicado a bebês de até seis meses porque oferece todos os nutrientes que o recém-nascido precisa. Além de hidratar, nutrir e sustentar, o leite materno reduz em até 20% a mortalidade dos recém-nascidos. Apesar de muito importante, são poucas as gestantes que sabem dessa possibilidade, por isso, nossa campanha nas maternidade acontece ao longo do ano”, explicou o secretário de Estado de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Jr.
Leite materno previne infecções hospitalares em prematuros
Respondendo a uma convocação da Academia Americana de Pediatria(AAP), para reduzir infecções hospitalares em unidades de cuidados intensivos neonatais, (UTINs), em todo o país, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Missouri encontraram uma proteína no leite materno que pode ser uma solução segura e eficiente.
“A maioria das doenças que afetam os recém-nascidos são infecções adquiridas no hospital, como meningite, pneumonia e infecções do trato urinário. Os pesquisadores não só descobriram que a lactoferrina, uma proteína encontrada no leite materno, pode reduzir as infecções hospitalares entre os prematuros, mas também mediram a segurança alimentar da proteína para os recém-nascidos”, afirma o pediatra Moises Chencinski, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Os estudiosos conduziram um ensaio de controle randomizado com bebês prematuros. Sessenta dos lactentes foram alimentados com lactoferrina através de um tubo de alimentação, duas vezes por dia, durante 28 dias, enquanto 60 lactentes adicionais receberam placebo. Os pesquisadores descobriram que a taxa de infecções hospitalares foi 50% menor entre os lactentes alimentados com lactoferrina.
Além disso, os pesquisadores usaram o MedDRA, um sistema que relata os resultados de segurança para a Food and Drug Administration, dos EUA, para avaliar a lactoferrina durante e após os lactentes receberam a proteína. Os bebês foram examinados quanto aos efeitos adversos da proteína seis e 12 meses após o final do ensaio. Todos os efeitos adversos identificados foram associados com complicações do parto prematuro e não da ingestão da lactoferrina.
Enquanto um grande ensaio clínico é necessário, antes de a lactoferrina tornar-se um protocolo de tratamento padrão nas UTINs, os resultados deste estudo mostram a segurança da lactoferrina e fornecem um relatório inicial de eficiência na redução de infecções hospitalares”, afirma o pediatra.
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Como doar
Para facilitar a doação e garantir o transporte correto do alimento dos bebês, as doadoras do Banco de Leite do HMulher contam com um serviço de transporte, que vai até a casa delas quando completam o frasco com o leite a ser doado. A mãe envia uma mensagem para a equipe do Banco e agenda a visita para a coleta.
Doar leite é muito simples, toda mulher saudável que amamenta, e não toma medicamentos que interfiram na amamentação, pode ser uma doadora. Não há uma quantidade mínima para ser coletada e ela pode realizar o procedimento quantas vezes quiser em sua fase de amamentação.
A mulher que queira doar deve comparecer ao Banco de Leite para passar por uma consulta e coletar exames de sangue, em seguida ela é capacitada para fazer a ordenha, que é a retirada e o armazenamento do leite. Esses procedimentos são realizados para garantir a qualidade do leite doado”, explica a nutricionista Michele Bertolo, coordenadora do Banco de Leite do HMulher.
Quem pode doar
Toda mulher saudável que amamenta, e não toma medicamentos que interfiram na amamentação e na doação pode ser uma doadora de leite materno. A coleta é feita no próprio banco de leite da unidade hospitalar – onde há uma equipe multidisciplinar pronta para atender as lactantes – ou mesmo em casa, conforme orientação do hospital. Não há uma quantidade mínima para ser doada e a mulher pode realizar o procedimento quantas vezes quiser em sua fase de amamentação. Pelo telefone 2651-9675, profissionais do Banco de Leite também orientam mães que tenham dúvidas sobre amamentação e informam sobre a doação de leite materno.
Onde doar
O Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart fica na Av. Automóvel Club, s/nº, Vilar dos Teles, em São João de Meriti e recebe doadoras de leite humano de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. As voluntárias são cadastradas, realizam uma consulta onde o sangue é coletado e são capacitadas para realizar a ordenha em casa também. A unidade disponibiliza o material para armazenagem e busca semanalmente a doação na casa da pessoa. Para mais informações, as interessadas podem entrar em contato pelo telefone 2651-9675.
O Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, localizado na Rodovia Washington Luiz, s/nº, no bairro Jardim Primavera, em Duque de Caxias, pode receber a visita das doadoras 24h. As mães solidárias interessadas em doar leite também podem entrar em contato com o SOS Amamentação do HEAPN, que funciona no número 3675-0910, ou se dirigir ao endereço.
Fonte: SES-RJ e Eu Apoio Leite Materno