Até esta segunda-feira (20), o Brasil tem 47 casos confirmados de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas e outros 57 seguem em investigação. Já foram descartadas 578 notificações. De acordo com a última atualização do Ministério da Saúde, o número de mortes chegou a nove, sendo seis em São Paulo, duas em Pernambuco, no município de Lajedo, e uma no Paraná, na cidade de Foz do Iguaçu.

Com o aumento de casos confirmados e suspeitos e o alerta do Ministério da Saúde, que classificou a intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas como um Evento de Saúde Pública de Importância Nacional, laboratórios de análises clínicas de todo o país intensificam oferta de exames que permitem diagnóstico precoce e auxiliam na conduta médica.

O alerta reforça a necessidade de integração entre unidades de saúde e laboratórios clínicos, garantindo resposta ágil e segura. A implementação dessas análises  é fundamental para colaborar com o diagnóstico rápido da intoxicação por metanol e proteger a vida dos pacientes”, afirma Andreia Vidal, gerente da unidade técnica Ocupacional do DB Toxicológico.

Diagnóstico laboratorial rápido na identificação de casos suspeitos

Laboratórios já disponibilizam um menu completo de exames para casos de suspeita de intoxicação por metanol, incluindo a dosagem de metanol em plasma e outros exames laboratoriais prioritários, o que agiliza a confirmação diagnóstica e auxilia os serviços de urgência no manejo clínico.

Entre os exames considerados prioritários estão a gasometria arterial, eletrólitos, função renal, osmolaridade sérica, função hepática e, principalmente, a dosagem plasmática de metanol (METAP). O teste deve ser realizado após duas horas da exposição à substância, e o resultado é disponibilizado em até três dias úteis após o início do processamento da amostra coletada pelo laboratório.

Quando o paciente é identificado rapidamente e submetido aos exames corretos, é possível direcionar o tratamento adequado e evitar complicações graves, como coma metabólico ou cegueira”, destaca

Na rede pública de saúde, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) é referência nacional para a identificação de amostras com metanol. Municípios do Estado do Rio de Janeiro estão orientados a enviar as amostras para detecção ao Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen-RJ), que fechou parceria para análise na Unicamp.

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Brasil investiga mais mortes e casos suspeitos

Paraná tem primeira morte por intoxicação de metanol

Mais sete óbitos seguem em investigação: um em São Paulo, três em Pernambuco, um em Mato Grosso do Sul, um em Minas Gerais e um no Paraná. Foram descartadas 27 notificações de óbitos que estavam sob investigação. O estado de São Paulo segue com o maior número de casos: 38 confirmados e 19 em investigação. Há ainda cinco casos confirmados no Paraná, três em Pernambuco e um no Rio Grande do Sul.

A cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, registrou a primeira morte no estado por intoxicação de metanol após consumo de bebida alcoólica. É um homem de 55 anos. A identidade ainda não foi revelada.

Segundo informações da Secretaria de Saúde do Paraná, a vítima foi para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na cidade, na última terça-feira (14) e apresentava dor abdominal. O homem informou  que havia consumido bebida alcoólica um dia antes. Exames feitos após a morte do paciente confirmaram a presença de metanol em seu organismo.

As autoridades paranaenses investigam, ainda, a morte de um outro homem. Ele tinha 47 anos. Foi encontrado morto em sua casa e pode ter relação com o primeiro óbito anotado no estado. O Paraná tem 22 notificações de suspeitas de intoxicação por ingestão de metanol. Desses, cinco casos foram confirmados, sendo uma morte. Há 14 descartados e dois suspeitos.

Estado do Rio descarta presença de metanol em mais 4 pacientes

Dos 17 casos notificados até agora, 15 foram descartados

A Secretaria de Estado de Saúde do Rio (SES-RJ) descartou a presença de metanol nas amostras de exames laboratoriais de mais quatro pacientes que eram investigados. Dos 17 casos notificados até agora como suspeitos, 15 foram descartados.

Dos quatro casos excluídos, dois foram em São Pedro da Aldeia, um em Cabo Frio e outro em Niterói.  Dos dois suspeitos que permanecem em investigação, um é de Cabo Frio, na Região dos Lagos, e o outro de São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

A notícia é um alívio, mas continuamos atentos e vigilantes. Orientamos a população a ficar alerta. Caso apareçam sintomas suspeitos após a ingestão de bebidas alcoólicas, é fundamental procurar atendimento médico imediatamente”, orientou a secretária de Saúde, Claudia Mello.

No começo de outubro, o estado do Rio registrou a primeira suspeita de intoxicação por metanol. Desde então, a Secretaria tem orientado a população sobre os cuidados necessários ao ingerir bebidas alcoólicas. As unidades de saúde estaduais estão orientadas sobre os sintomas compatíveis e o tratamento de possíveis contaminações por metanol.

No início do mês, a Secretaria de Saúde do Rio recebeu remessas de etanol farmacêutico e do antídoto fomepizol enviadas pelo Ministério da Saúde para o tratamento dos possíveis pacientes intoxicados. Os medicamentos foram enviados ao Hospital Estadual Anchieta, referência no estado para os casos de intoxicação por metanol.

Além do cuidado na identificação dos sintomas e do socorro imediato, a população deve ser orientada a evitar o consumo de bebidas alcoólicas de procedência desconhecida, uma das principais causas dos registros recentes de intoxicação.

O ideal é reduzir o consumo, principalmente das bebidas destiladas, até que haja o rastreio das adulterações”, diz a SES-RJ.

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Entenda os sintomas da intoxicação por metanol

metanol é um solvente industrial tóxico que, quando ingerido, é metabolizado no fígado e transformado em  produtos tóxicos (como formaldeído e ácido fórmico),  que podem causar cegueira irreversível, falência renal e até a morte.

A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema gravidade. Por isso, a identificação precoce é fundamental para o sucesso do tratamento e redução da mortalidade associada.

De acordo com o protocolo divulgado pelo Ministério da Saúde, profissionais de saúde devem suspeitar de intoxicação em pacientes com histórico de ingestão de bebidas de origem duvidosa que apresentem, após 12 horas, sintomas como

  1. visão turva, alterações visuais ou perda de visão,
  2. desconforto gástrico e quadros de gastrite,
  3. mal-estar generalizado (náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese),
  4. sonolência,
  5. tontura,
  6. confusão mental,
  7. taquicardia,
  8. hipertensão 

No caso do aparecimento desses sinais, é necessário procurar a unidade de atendimento mais próxima de casa. A demora no atendimento e na identificação da intoxicação aumenta a probabilidade do desfecho mais grave, com o óbito do paciente.

É importante identificar e orientar possíveis contatos que tenham consumido a mesma bebida, recomendando que procurem imediatamente um serviço de saúde para avaliação e tratamento adequado.

Onde buscar ajuda

Em caso de identificação dos sintomas, buscar imediatamente os serviços de emergência médica e contatar pelo menos uma das instituições a seguir:

Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001;

CIATox da sua cidade para orientação especializada (veja lista aqui); LINK: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/ciatox

Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 – de qualquer lugar do país;

Da Agência Brasil e Assessorias

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