Em parceria com o governo brasileiro, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) lançou nesta terça-feira (19), na Cúpula de Líderes do G20, realizada no Rio de Janeiro, uma iniciativa conjunta a fim de fortalecer pesquisas e medidas para combater a desinformação que contribui para atrasar e inviabilizar ações climáticas.  A Iniciativa Global para Integridade da Informação sobre Mudanças do Clima é uma intervenção importante para impulsionar o apoio a ações climáticas urgentes, em um momento em que os cientistas alertam que o tempo do mundo está se esgotando.

As ações de combate às mudanças climáticas também são muito afetadas pelo negacionismo e pela desinformação. Os países não podem solucionar este problema sozinhos. Esta iniciativa reunirá países, organizações internacionais e redes de pesquisadores para apoiar esforços conjuntos de combate à desinformação e promover ações para a COP30 no Brasil”, disse o presidente Lula.

Segundo ele, a Unesco e as Nações Unidas tornaram-se parceiras importantes do governo brasileiro nesse desafio. Outros países e organizações internacionais comprometidos com as metas climáticas e o compromisso com a integridade da informação estão sendo convidados a participar. Até agora, Chile, Dinamarca, França, Marrocos, Reino Unido e Suécia já confirmaram participação.

Devemos combater as campanhas coordenadas de desinformação que impedem o progresso mundial relativo à mudança climática, que vai desde a negação pura e simples até o greenwashing e o assédio a cientistas do clima. Por meio desta Iniciativa, nós trabalharemos com pesquisadores e parceiros para fortalecer as ações contra a desinformação climática”, declarou António Guterres, secretário-geral da ONU.

Participaram do lançamento da Iniciativa Global: a Secretária-Geral do Governo do Chile, Camila Vallejo; a Subsecretária-Geral de Comunicações Globais da ONU, Melissa Fleming; o Ministro-Chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência Brasileira, Paulo Pimenta; a Diretora-Geral da UNESCO, Audrey Azoulay; a Embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Pedersen; e o Secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura, Embaixador Laudemar Gonçalves de Aguiar Neto.
Lançamento da Iniciativa Global (Foto: Gustavo Stephan/UN Photo)

 

Combate à ‘desvalorização intencional da ciência’

O risco que a desinformação representa para o cumprimento das metas climáticas foi reconhecido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC), que, em 2022, afirmou que a “desvalorização intencional da ciência” estava contribuindo para “percepções equivocadas sobre o consenso científico, incertezas, desconsideração de riscos e urgências, e divergências”.

Sem acesso a informação confiável sobre a disrupção climática, nunca seremos capazes de superá-la. Por meio desta Iniciativa, nós apoiaremos os jornalistas e pesquisadores que investigam as questões climáticas, por vezes com grande riscos para si próprios, e combateremos a desinformação relacionada ao clima que se espalha de forma descontrolada pelas redes sociais”, destacou Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco.

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, disse que o tema da desinformação, das Fake News, da integridade da informação tem ganhado cada vez mais relevância nos fóruns internacionais e que  é necessário incorporar nessa agenda o tema da inteligência artificial.

Cada vez mais há uma compreensão dos países e de órgãos multilaterais que se esforcem no sentido de que a gente possa constituir protocolos, iniciativas comuns para de uma forma ou de outra coibir essa prática e ao mesmo tempo construir alternativas que sirvam como referência de informação confiável, investirmos na educação midiática para formação da sociedade para lidar com as novas tecnologias”, completou.

Financiamento a campanha contra a desinformação

Embora inicialmente discutida no âmbito do G20, a Iniciativa está sendo estabelecida como uma colaboração dedicada e multilateral entre Estados e organizações internacionais, com o objetivo de financiar pesquisas e ações que promovam a integridade da informação sobre questões climáticas.

A fim de expandir o escopo e a abrangência da pesquisa sobre a desinformação climática e seus impactos, o esforço reunirá evidências de âmbito mundial para fundamentar e reforçar as ações, a defesa e as comunicações estratégicas.

Os países que aderirem à Iniciativa contribuirão para um fundo administrado pela Unesco com a meta de arrecadar entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões nos próximos 36 meses, valor que será distribuído na forma de subsídios a organizações não governamentais para apoiar suas atividades na pesquisa sobre integridade da informação climática, desenvolvimento de estratégias de comunicação e realização de campanhas de conscientização pública.

A Iniciativa é uma resposta ao compromisso estabelecido no Pacto Digital Global, aprovado pelos Estados-membros da ONU em setembro, que encoraja as entidades das Nações Unidas, em colaboração com governos e partes interessadas pertinentes, a avaliarem os impactos da desinformação e da informação incorreta no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Leia mais: UNESCO’s Global Initiative for Information Integrity on Climate Change

Aliança Global contra a Fome e a Pobreza

‘Alcançar a fome zero é possível’, diz diretor-geral da FAO

 

O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), QU Dongyu, instou todos os membros e parceiros da FAO a aderirem à nova Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada oficialmente durante a Cúpula de Líderes do G20, no Brasil.

Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa elaborada pela presidência brasileira do G20, busca oferecer uma plataforma ambiciosa e urgente para acelerar o progresso rumo ao cumprimento dos compromissos internacionais de erradicação da pobreza e da fome até 2030 (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 1 e 2), além de reduzir as desigualdades (ODS 10).

Durante uma sessão especial da Cúpula do G20 sobre o combate à fome e à pobreza, Qu elogiou o Governo do Brasil e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por seu compromisso pessoal em colocar a redução da fome, da pobreza e das desigualdades no centro das discussões do G20, com uma iniciativa concreta e ações de apoio.

Alcançar a fome zero é possível. Isso exige esforços coletivos ainda mais fortes e estratégias para enfrentar os desafios econômicos, ambientais, sociais e institucionais que perpetuam a pobreza e a fome’, diz o diretor-geral da FAO.

FAO como membro fundador da Aliança Global

A FAO aderiu à Aliança Global como membro fundador, juntamente com outras agências das Nações Unidas, governos, instituições financeiras internacionais, fundações filantrópicas e instituições de conhecimento.

Qu destacou que a FAO sediará o Mecanismo de Apoio da Aliança Global na sede da Organização em Roma, em estreita colaboração com outras agências da ONU e instituições financeiras internacionais. Esse mecanismo busca otimizar os três pilares – conhecimento, financiamento e ação – no nível nacional.

O diretor-geral da FAO ressaltou que o princípio fundamental da Aliança Global é o poder da ação coletiva para apoiar a implementação de instrumentos políticos baseados em evidências, bem como promover a eficiência e a complementaridade no financiamento coordenado, garantindo progresso real e mensurável para erradicar a fome e a pobreza.

A FAO fornecerá assistência técnica aos países implementadores, colocando à disposição seu considerável conhecimento sobre segurança alimentar e desenvolvimento rural inclusivo, com o objetivo de levar expertise e exemplos de boas práticas às regiões mais necessitadas.

A Aliança contará com uma “cesta de políticas” que reúne políticas de sucesso com impacto significativo na erradicação da pobreza e da fome. A FAO contribuiu amplamente para os 50 instrumentos políticos identificados até o momento, que incluem desde programas de transferência de renda e garantia de emprego até mecanismos para garantir financiamento e crédito inclusivos, possibilitando que pequenos agricultores tenham acesso a tecnologias resilientes ao clima, por exemplo.

Os “sprints” da Aliança Global

A Aliança Global envolve seis “sprints”, que são áreas de alto impacto para ações iniciais. São eles:

  • Alimentação escolar
  • Transferências de renda
  • Programas de apoio a pequenos agricultores e agricultura familiar
  • Programas de inclusão socioeconômica
  • Intervenções integradas de saúde materna e na primeira infância
  • Soluções para acesso à água

Por exemplo, a FAO pretende alavancar 128 intervenções programáticas atuais que apoiam pequenos produtores em todas as regiões para integrar um dos “sprints” da Aliança Global focado em pequenos agricultores.

Desafios para redução da fome e erradicação da pobreza

Os esforços para reduzir a fome e erradicar a pobreza têm sido desacelerados pela recuperação econômica desigual após a pandemia de COVID-19, conflitos, impactos da crise climática e outras causas.

Cerca de 733 milhões de pessoas, ou 9,1% da população mundial, enfrentam fome crônica, e aproximadamente 2,8 bilhões de pessoas não podem pagar por uma dieta saudável, segundo as estimativas mais recentes da FAO.

O diretor-geral tem buscado integrar o trabalho da FAO junto ao G7, às cúpulas da COP (COP16 e COP29) e, mais recentemente, à cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), no Peru, para apoiar a Aliança Global do G20.

A Aliança “promove a ação coletiva mesmo além dos membros do G20” e é um mecanismo muito importante para apoiar os esforços da FAO no cumprimento de seu mandato, afirmou.

Com Assessorias

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