Homens apresentam um risco 3,8 vezes maior de morte por suicídio que mulheres. A taxa de mortalidade por suicídio entre os homens, em 2019, no Brasil, foi de 10,7 por 100 mil, enquanto entre mulheres esse valor foi de 2,9. Os dados são do Boletim Epidemiológico 33 da Secretaria de Vigilância da Saúde. Em cerca de 80% dos casos, independentemente do sexo, o suicídio está associado a presença de transtorno mental, sendo o mais comum deles a depressão (unipolar ou bipolar).
Além disso, são considerados quadros que aumentam o risco de suicídio, o abuso e dependência de substâncias psicoativas e a esquizofrenia. São muitos os tabus que rondam os pensamentos masculinos quando o assunto é saúde mental. Alguns são culturais que levam o homem a ser educado para não expressar seus sentimentos como forma de se mostrar forte.
“Muitos preconceitos em relação à masculinidade, como os relacionados à saúde mental, que dificultam a adoção do autocuidado pelo homem estão sendo desmontados nas novas gerações. No entanto, ainda temos um caminho a trilhar”, avalia o cirurgião oncológico Gustavo Guimarães, que é diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos do grupo BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
A mesma avaliação vale para a prevenção do câncer de próstata. Por isso, o Novembro Azul, campanha criada para conscientizar o público masculino sobre o câncer de próstata, a cada ano, consolida-se como uma ação voltada a saúde global do homem, a saúde mental não pode ficar de fora. Por essa razão, neste ano, o engajamento do IUCR no Novembro Azul acontece por meio da campanha nas redes sociais que traz como mote “Homens que inspiram também cuidam da saúde”.
Câncer de próstata
Esse tipo de câncer, de acordo com Instituto Nacional do Câncer (Inca), deve representar cerca de 65.840 novos casos só neste ano. Sem considerar os tumores malignos de pele não melanoma, 29,2% dos casos de câncer em homens começam na próstata.
“Os cuidados com a saúde devem fazer parte da rotina do homem e não somente quando doenças já estão instaladas, sejam transtornos mentais, doenças oncológicas ou qualquer outra. No caso do câncer de próstata, ter hábitos de vida saudáveis é tão importante como a consulta anual ao urologista, medida que pode garantir o diagnóstico precoce do câncer de próstata quando as chances de cura são maiores”, afirma Guimarães.
Para o diagnóstico de câncer de próstata são importantes o exame de sangue que avalia a proteína produzida pelo tecido prostático (PSA) e o exame de toque retal, que propicia descobrir a doença em fase mais inicial. A confirmação diagnóstica se dá por biópsia. A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que os homens a partir de 50 anos procurem um profissional especializado, para avaliação individualizada. Homens negros ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar com essa consulta médica aos 45 anos.
Sinais e sintomas do câncer de próstata
O câncer de próstata tem evolução silenciosa e não costuma apresentar sintomas ou, quando apresenta, pode ser confundido com crescimento benigno da próstata, pois é uma doença que tem sintomas semelhantes. Portanto, vale ficar atento e procurar um médico para avaliação, caso tenha alguns dos sintomas a seguir com persistência superior a duas semanas:
Dor ou ardência ao urinar
Dificuldade para urinar ou para conter a urina
Fluxo de urina fraco ou interrompido
Necessidade frequente ou urgente de urinar
Dificuldade de esvaziar completamente a bexiga
Sangue na urina ou no sêmen
Dor contínua na região lombar, pelve, quadris ou coxas
Dificuldade em ter ereção
Como tratar o câncer de próstata
O tratamento do câncer de próstata é individual, ou seja, leva em conta variáveis como idade, tipo do câncer, estágio, estadiamento, estado clínico e emocional do paciente e possíveis efeitos colaterais associados ao tratamento.
“Munidos dessas informações, podemos oferecer uma abordagem personalizada, baseada em evidências científicas, beneficiando cada paciente de forma assertiva”, explica Guimarães.
As abordagens podem ser cirúrgicas, com destaque para a robótica; assim como por ultrassom de alta frequência, hormonioterapia, radioterapia, crioterapia, protonterapia e quimioterapia. “Há casos também em que a doença é indolente a tal ponto de optarmos por não tratar, mantendo uma vigilância ativa.