O vírus influenza A, que causa a gripe, foi responsável por 74,1% das mortes por  Síndrome Respiratória Grave (SRAG) no Brasil nas últimas quatro últimas semanas epidemiológicas no Brasil, seguido de longe pelo vírus sincicial respiratório (VSR), que respondeu por 14,1% dos óbitos. Em seguida, aparecem o rinovírus, com 10,2%; o Sars-CoV-2 (Covid-19), com apenas 3,1%. Por último, com 1,3%, vem o vírus influenza B, que causa outro tipo de gripe, revela o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira (3/7);

A análise verificou que a prevalência entre os casos positivos é maior (47,7%) pelo vírus sincicial respiratório, seguido de 33,4% de influenza A, 20,6% de rinovírus e 1,8% de Sars-CoV-2 (Covid-19) e 1,1% de influenza B. Os dados confirmam que o número de casos de SRAG permanece em níveis elevados na maior parte do país.

Seis das 27 unidades da Federação apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco com sinal de crescimento na tendência de longo prazo até a semana 26: Alagoas, Mato Grosso, Paraná, Pará, Rondônia e Roraima.

Na nova atualização, observa-se que quatro das 27 capitais apresentam nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco (últimas duas semanas) com sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo (últimas 6 semanas) até a semana 26: Aracaju (SE), Goiânia (GO), Maceió (AL) e Porto Velho (RO).

Aumento nas internações por gripe ou VSR

A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe, observa que alguns estados ainda seguem com tendência de aumento do número de hospitalizações por SRAG, como Mato Grosso, Paraná, Pará, Rondônia e Roraima. A especialista ressalta que os vírus que têm causado esse aumento continuam sendo a influenza A e/ou o VSR.

Por isso, a gente reforça a importância da vacinação contra a influenza. O SUS disponibiliza a vacina de graça para os grupos prioritários, então é fundamental que todos estejam vacinados. Mesmo que você já tenha tido gripe este ano, é importante se vacinar, já que a vacina protege contra os três principais tipos de vírus da influenza que infectam humanos”, recomenda.

A influenza A segue como a principal causa de hospitalizações e óbitos por SRAG entre os idosos. Portella sublinhou ainda que a incidência de SRAG apresenta maior impacto nas crianças pequenas, estando associada principalmente ao VSR, seguido do rinovírus e da influenza A.

A pesquisadora chamou atenção também que se verifica uma consolidação da interrupção do crescimento ou queda do número de casos de SRAG por influenza A na população de jovens, adultos e idosos em parte significativa das regiões Centro-Sul, Norte e em alguns estados do Nordeste.

Além disso, os casos de SRAG associados à Influenza A continuam aumentando em alguns estados do Nordeste, do Centro-Sul e em Roraima. No entanto, há indícios de queda ou interrupção do crescimento dos casos de SRAG associados à influenza A em vários estados das regiões Centro-Sul, Norte e em alguns do Nordeste, e dos casos de SRAG associados ao VSR no Norte, Nordeste e Centro-Sul. 

Os casos de SRAG em crianças pequenas, associados ao VSR, apresentam um início ou manutenção do sinal de interrupção do crescimento ou de queda em diversos estados do Norte, Nordeste e Centro-Sul. No entanto, a incidência dessas hospitalizações permanece alta na maioria dessas localidades. Apenas Mato Grosso, Pará, Paraná e Rondônia ainda apresentam aumento dos casos de SRAG em crianças pequenas associados ao VSR.

Estados e capitais

As ocorrências de SRAG na população de jovens, adultos e idosos, associadas à influenza A, se mantêm altas, mas mostram sinal de interrupção do crescimento ou queda no Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Tocantins, Bahia, Ceará, Maranhão e Paraíba. No entanto, esses casos continuam aumentando em Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná e Roraima.

A análise verificou também indícios de queda ou interrupção do crescimento dos casos de SRAG nas crianças pequenas, associados ao VSR, no Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Acre, Amazonas, Amapá, Roraima, Tocantins, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, e Sergipe.

Contudo, a incidência dessas hospitalizações permanece alta na maioria dessas regiões. Apenas Pará, Rondônia, Mato Grosso e Paraná continuam apresentando sinal de aumento dos casos de SRAG nas crianças pequenas, associados ao VSR.

InfoGripe é uma estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) voltada ao monitoramento dos casos de SRAG no país, oferecendo suporte às vigilâncias em saúde na identificação de locais prioritários para ações, preparações e resposta a eventos de saúde pública. A atualização é referente à Semana Epidemiológica 26, de 22 a 28 de junho.

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Internações por síndrome respiratória grave continuam altas no Rio

Em 2025, o estado soma 10.691 internações e 762 óbitos por SRAG. Vacinação continua baixa

Brasília (DF - BRONQUIOLITE - INALAÇÃO - Criança hospitalHospital Materno Infantil de Brasília, Asa Sul, Brasília, DF, Brasil 10/7/2017 Foto: Tony Winston/Agência Brasília.
© Tony Winston/Agência Brasília

O número de internações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) permanece acima do esperado no Rio de Janeiro, segundo a Secretaria de Estado de Saúde. Na semana epidemiológica entre 22 e 28 de junho ocorreram 1.008 internações, embora apenas 69 tenham sido notificadas até o momento. Na semana anterior, foram registradas 948 internações – mais do que o dobro dos registros oficiais (435).

Em 2025, o estado soma 10.691 internações e 762 óbitos por SRAG. Crianças de até 9 anos, especialmente entre 1 e 5 anos, continuam sendo as mais afetadas. O número de solicitações de leitos hospitalares segue elevado desde o fim de março, com destaque para as faixas etárias de 0 a 4 anos e maiores de 70.

A taxa de positividade de exames do painel viral mostra que o vírus sincicial respiratório (VSR) ainda é o mais frequente, embora comece a apresentar tendência de queda. Entre as crianças, além do VSR, o rinovírus é bastante prevalente. Já entre os idosos, o vírus da Influenza A predominou entre março e junho.

Entre os subtipos de Influenza A, o H1N1 foi o que mais circulou em 2025, com crescimento expressivo a partir da segunda quinzena de abril. Embora tenha iniciado trajetória de queda, o vírus ainda representa risco, principalmente para gestantes, idosos e crianças, públicos prioritários da campanha de vacinação contra a gripe.

Até 30 de junho, o estado do Rio aplicou 2,588 milhões de doses da vacina contra a gripe. Desse total, 1.210 milhão foram destinadas ao público prioritário – o equivalente a apenas 27,35% da cobertura esperada, distante da meta de 90% estabelecida pelo Ministério da Saúde.

A maioria dos municípios ainda apresenta cobertura vacinal muito aquém do desejado, com destaque negativo para as regiões da Baixada Litorânea, Metropolitana I e Baía da Ilha Grande. A vacinação está disponível em todos os 92 municípios fluminenses e é essencial para prevenir casos graves da doença e óbitos.

Goiás decreta emergência por Síndrome Respiratória Aguda Grave

O governo de Goiás decretou, nesta segunda-feira (30), estado de emergência em razão da síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Dados da secretaria de saúde indicam que o estado atingiu, por sete semanas consecutivas, taxa de incidência de casos acima do limite esperado. Até o momento, são 6.743 casos de SRAG, sendo 1.117 por influenza; 306 por covid-19; 1.486 por vírus sincicial respiratório; e 680 por rinovírus.

Como reflexo direto do aumento de casos, houve crescimento nas solicitações de internação hospitalar por SRAG, o que tem provocado impacto significativo nas taxas de ocupação dos leitos clínicos e de unidades de terapia intensiva (UTI), tanto nas unidades públicas quanto nas conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS)”, informou a secretaria em nota.

De acordo com a pasta, o decreto de emergência possibilita a implantação imediata de leitos destinados ao atendimento de pacientes com SRAG, “ação imprescindível diante do aumento expressivo da demanda por internações hospitalares associadas a quadros respiratórios graves, verificado de forma progressiva nos últimos meses”.

Números

De janeiro a junho de 2024, Goiás registrou 8.011 solicitações de internação por SRAG. Em 2025, no mesmo período, o número chega a 10.676 solicitações – um aumento de 33,27%. Em maio de 2024, por exemplo, o número de solicitações foi de 1.767. Já em maio deste ano, foram 2.406 solicitações.

Além do governo do estado, pelo menos 24 municípios goianos já solicitaram ao Ministério da Saúde recursos financeiros para conversão dos leitos de terapia intensiva adulto para atendimento de casos de SRAG.

Durante todo o ano de 2024, foram registrados 7.477 casos da síndrome, sendo 905 por influenza e 960 por covid-19. Dados referentes ao ano de 2025 mostram aumento de casos a partir do final de março, com pico entre o final de abril e o início de junho (semanas epidemiológicas 17 a 21).

Cobertura vacinal é menor que 40%

A vacinação contra a gripe no estado começou em 1º de abril e, após 45 dias de campanha voltada para grupos prioritários, a imunização foi aberta para toda a população a partir de 6 meses. A cobertura vacinal para a gripe em Goiás, neste momento, é de 38,96%, com 1.499.062 doses aplicadas.

A secretaria alerta que a baixa vacinação aumenta a chance de grupos de risco desenvolverem as formas graves da doença, o que pode comprometer a capacidade de resposta do sistema de saúde. Quando se observa os dados por faixa etária, a maior parte ocorre em crianças. Já em relação aos óbitos, a maioria é de idosos.”

Dos 6.743 casos de SRAG contabilizados no estado até o momento, 2.654 são em menores de 2 anos; 754, em crianças de 2 a 4 anos; 659, em crianças de 5 a 9 anos; e 1.414, em maiores de 60 anos. Em relação aos óbitos, dos 402 registrados até o momento, 256 são em maiores de 60 anos; 40, em menores de 2 anos; 35, em pessoas de 50 a 59 anos; e 29, em pessoas de 40 a 49 anos.

Fonte: Agência Fiocruz e Agência Brasil, com Redação

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