A obesidade está entre os mais graves problemas de saúde da atualidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2025, a estimativa é que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões com obesidade. No Brasil, o IBGE registrou que o número de obesos adultos mais que dobrou no país entre 2003 e 2019, passando de 12,2% para 26,8%. São cerca de 41 milhões de pessoas acima de 18 anos com obesidade.

O Atlas Mundial da Obesidade de 2022 projeta que o Brasil tenha 29,7% da população adulta com obesidade até 2030. Um estudo da World Obesity Federation (WOF) em 2023 apontou que a previsão para 2035 é de que os brasileiros com obesidade sejam 41% da população. Os números são alarmantes e confirmam a necessidade de ampliar os debates sobre a doença para que os tratamentos adequados sejam realizados e para prevenir o aumento futuramente.

Por isso, a semana que marca o Dia Mundial da Obesidade (4 de março) visa incentivar novas soluções e boas práticas para a conscientização sobre um estilo de vida mais saudável e equilibrado, realizar tratamento adequado e reverter a crise da obesidade. Além dos números que preocupam, o preconceito é algo que deve ser combatido.

A obesidade ainda é tabu e com diversos estigmas, gerando discriminação. A gordofobia corresponde a casos de pessoas excluídas, inferiorizadas, humilhadas ou que sofrem com atitudes que reforçam estereótipos. E essas questões influenciam não só no tratamento, como também na possibilidade de levar a quadros de depressão e transtornos alimentares.

“As atitudes gordofóbicas não levam as pessoas a buscarem tratamento para a obesidade. Pelo contrário, afastam as pessoas dos serviços de saúde, já que despertam o medo de serem julgadas até pelos próprios profissionais da área”, afirma a psicóloga Andrea Levy, presidente da ONG Obesidade Brasil.

É possível estar acima do peso e saudável?

A obesidade ocorre quando o acúmulo anormal ou excessivo de gordura apresenta risco à saúde — um índice de massa corporal (IMC) acima de 30 já marca a condição de obeso. O excesso de peso pode causar hipertensão arterial, problemas ortopédicos, diabetes, apneia do sono, além de aumentar o risco de diversos tipos de câncer e trazer complicações cardíacas.

Atualmente, há uma discussão sobre peso ideal e gordofobia. Karina Santos, médica da Sami, explica que estar acima do peso não indica, necessariamente, que alguém esteja com algum problema de saúde, como estes relacionados acima. Há pessoas que estão na faixa de peso normal de IMC e com sérios problemas de saúde resultantes, por exemplo, do sedentarismo.

“Socialmente, porém, essas pessoas são vistas como “saudáveis” por serem magras. Por outro lado, há pessoas com sobrepeso e obesidade cujos marcadores de colesterol e glicemia estão dentro da normalidade.  Só a avaliação individual é que determinará se alguém é saudável ou não”, afirma.

Algumas das causas da obesidade, apontadas pelo National Health Service (NHS), incluem ter alguma doença que possa contribuir para o ganho de peso, como hipotireoidismo; dieta desbalanceada; hábitos sedentários; predisposição genética; transtornos psicológicos como depressão ou Transtorno Alimentar Compulsivo; privação de sono e estilo de vida.

“Vale ressaltar que a base dessa condição está relacionada também a componentes genéticos, e não apenas à influência do ambiente, dos hábitos e atitudes das pessoas acima do peso. Por isso, conhecer o histórico de cada um é fundamental para entender como atuar nesses casos, nas possibilidades e da rotina de cada um”.

Tratamento da obesidade envolve várias abordagens

O tratamento envolve várias abordagens, mas o ponto principal é se comprometer a uma mudança de hábitos, o que inclui prática regular de atividades físicas, reeducação alimentar, acompanhamento psicológico, medicação e cirurgia bariátrica.

A médica nutróloga Andrea Pereira, cofundadora da ONG Obesidade Brasil, relembra que a ajuda profissional é a forma mais efetiva de tratar a obesidade, já que isso deve ser feito de forma multidisciplinar e engloba diferentes frentes.

Carlos Schiavon, cirurgião bariátrico e cofundador da ONG, afirma que a cirurgia altera diversos aspectos da vida dos pacientes, inclusive a autoestima, e deve ser avaliada como opção de tratamento.

“A relação com a comida é o primeiro ponto, já que os pacientes passam a comer porções menores, alimentos menos calóricos e mais saudáveis, além da maior facilidade na prática da atividade física devido à perda de peso e ainda há os estudos que já comprovam o controle de hipertensão e diabetes após a realização da cirurgia”, finaliza Schiavon.

Alimentação saudável e atividade física são fundamentais

Para Karina Santos, a obesidade é uma questão que não afeta apenas o indivíduo, mas a saúde pública na totalidade, e que carece de uma atuação ativa na prevenção e no tratamento, oferecendo um acompanhamento para de fato promover a saúde dos pacientes.

“Ter uma alimentação saudável e sair do sedentarismo são metas possíveis. Mesmo quem precisa realizar ou já realizou cirurgia bariátrica, por exemplo, passa por um processo de reeducação alimentar, tornando-se mais saudável, seja para conquistar o resultado esperado com a cirurgia no pré e pós, ou para nem precisar passar por esse procedimento invasivo”, ressalta.

Segundo ela, de quase 1.900 pacientes obesos atendidos pela Sami, só 11 precisaram evoluir para a bariátrica – menos de 1% (0,6%). “Mais de 99% dos casos estão evoluindo para o melhor possível que é o bem-estar e qualidade de vida sustentáveis, com mudanças de hábito que impactam positivamente em vários âmbitos da vida desses pacientes”, explica a médica.

Agenda Positiva

Obesidade em Pauta: menos estigma, mais acolhimento

A ONG Obesidade Brasil, organização sem fins lucrativos  direcionada a pessoas com obesidade, realizará a quarta edição do evento Obesidade em Pauta: Menos estigma, mais acolhimento, no dia 9 de março, em São Paulo, das 8h às 18h.

Com duas edições realizadas de forma online (em 2021 e 2022) e uma presencial em 2023, esta edição também contará com uma programação especial durante todo o dia. A abertura e o encerramento serão feitos de forma online pelo ator Rodrigo Santoro, apoiador da causa. As inscrições podem ser feitas pelo site.

O evento é voltado a pacientes e profissionais de saúde para conscientização da obesidade como doença crônica e diminuição do preconceito. A atividade faz parte da programação da ong pelo Dia Mundial da Obesidade (4/3), instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como forma de alertar a população para os riscos provocados pela obesidade.

Fonte: Obesidade Brasil e Sami

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