Uma forte frente fria avança sobre o território brasileiro, derrubando as temperaturas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O frio mais intenso do ano deve se manter firme ao longo do fim de semana.  Com as temperaturas baixas do inverno, cresce a preocupação com doenças respiratórias, mas o frio também representa um risco significativo para a saúde do coração.

Para além do desconforto térmico, o alerta de especialistas está voltado principalmente para os efeitos do frio sobre o sistema cardiovascular. Além das baixas temperaturas, aumenta também a preocupação com as doenças cardíacas. Segundo dados do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), nesta época do ano o risco de infarto sobe em até 30%, especialmente em pessoas com fatores de risco, como hipertensão, diabetes, obesidade e tabagismo.

A queda de temperatura pode provocar alterações no funcionamento do sistema cardiovascular e agravar quadros preexistentes, especialmente em pessoas com hipertensão ou histórico de problemas cardíacos.

De acordo com o Marcelo Augusto Okamura, diretor de Growth Emergency do Grupo Med+, as baixas temperaturas exigem esforço extra do coração, o que aumenta de forma significativa o risco de infartos e AVCs, sobretudo em idosos e pessoas com histórico de hipertensão ou doenças cardíacas.

O frio provoca uma constrição dos vasos periféricos, o que faz com que o coração precise bombear com mais força para manter o fluxo sanguíneo. Isso eleva a pressão arterial e sobrecarrega o sistema cardiovascular, aumentando o risco de eventos graves como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral”, explica Okamura.

Ele ressalta ainda que o frio afeta a composição do sangue, tornando-o mais viscoso e propenso à formação de coágulos. “É justamente por isso que a hidratação constante é essencial nesse período: ela ajuda a manter o sangue fluido e diminui o risco de trombose”, completa.

Segundo o médico, períodos de frio intenso estão diretamente associados ao aumento da mortalidade cardiovascular. Ele aponta que a mortalidade durante baixas temperaturas pode superar 22%, sendo que infartos e AVCs respondem por mais de um terço dessas mortes.

O risco é ainda maior quando há histórico de doenças cardíacas mal controladas ou presença de fatores como sedentarismo, obesidade, tabagismo e uso irregular de medicamentos. O Dr. Okamura reforça que manter hábitos saudáveis ao longo do ano é essencial para reduzir a vulnerabilidade durante o inverno. “Uma alimentação equilibrada, a prática regular de exercícios e o controle de comorbidades são a base para a prevenção”.

Em relação aos sintomas, sinais como dor no peito, falta de ar, tontura, sudorese excessiva, confusão mental e cansaço extremo não devem ser ignorados. “Esses sintomas indicam que algo pode estar errado com o coração ou com a circulação cerebral. Nessas situações, é fundamental procurar um pronto-socorro imediatamente para avaliação. O tempo é determinante nesses casos”, afirma.

Com o avanço da frente fria sobre as regiões mais populosas do país, o apelo é para que a população não apenas se proteja do frio, mas também se atente aos sinais que o corpo emite. “A maioria dos casos de infarto e AVC pode ser evitada com prevenção e resposta rápida. O que precisamos é de consciência e atenção. Cuidar do coração é ainda mais importante quando o termômetro despenca”, finaliza Okamura.

Frio pode sobrecarregar o coração e aumentar risco de infarto

Temperaturas baixas exigem mais do sistema cardiovascular, especialmente em pessoas com doenças cardíacas

Segundo Firmino Haag, coordenador da cardiologia do Hospital Albert Sabin (HAS), o frio leva à contração dos vasos sanguíneos, o que aumenta a resistência que o coração precisa vencer para bombear o sangue.

Durante as temperaturas mais baixas, o corpo tende a conservar calor, o que pode resultar em um aumento na pressão sanguínea e no esforço cardíaco. Isso pode ser mais preocupante para pessoas com doenças cardíacas preexistentes”, explica o médico.

Além disso, o risco de infarto também cresce nos dias mais frios, especialmente durante atividades físicas intensas realizadas sem o preparo adequado. “O frio pode aumentar o risco de ataques cardíacos. Também é importante estar atento a sinais de hipotermia, que pode colocar pressão adicional sobre o coração”, acrescenta Dr. Haag.

Para reduzir os riscos, o cardiologista orienta manter o corpo aquecido, fazer aquecimento antes de exercícios físicos e não ignorar sintomas como dor no peito ou falta de ar. “Ao suspeitar de problemas cardíacos, é fundamental procurar atendimento médico imediatamente”, alerta o cardiologista.

Inverno aumenta risco de doenças cardíacas: saiba como prevenir

De acordo com o cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Leandro Costa, o frio exige mais esforço do coração. “Em dias frios, o corpo utiliza um mecanismo chamado vasoconstrição, ou seja, os vasos sanguíneos ficam mais contraídos para manter a temperatura corporal estável. Isso aumenta a pressão arterial e sobrecarrega o músculo cardíaco, elevando o risco de infarto e acidente vascular cerebral”, alerta.

Outro fator relevante é a associação do frio com gripes e resfriados, que provocam inflamações nas vias aéreas. “Esses quadros inflamatórios acabam afetando também os vasos sanguíneos, favorecendo a formação de coágulos e aumentando a chance de complicações cardiovasculares”, complementa o especialista.

Para manter a saúde cardíaca durante os dias mais frios, Dr. Leandro recomenda algumas medidas preventivas essenciais:

  • Mantenha-se aquecido: use roupas adequadas para evitar a vasoconstrição excessiva, vestindo-se em camadas e protegendo mãos e pés.
  • Hidratação constante: mesmo com menor sensação de sede, é importante manter-se hidratado para evitar o aumento da viscosidade sanguínea, facilitando a circulação.
  • Exercícios moderados: evite atividades físicas intensas ao ar livre em temperaturas muito baixas. Prefira ambientes aquecidos para exercitar-se com segurança.
  • Alimentação equilibrada: consuma alimentos com baixo teor de gorduras e sal, priorizando frutas, verduras e proteínas magras para fortalecer o organismo.
  • Realize check-ups regulares: exames periódicos e consultas frequentes com o cardiologista auxiliam na detecção precoce e controle de problemas cardíacos.

A adoção desses cuidados pode reduzir significativamente o risco de eventos cardiovasculares durante o inverno, garantindo uma estação mais segura e saudável.

Com Assessorias

Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *