Na última semana, a atriz e apresentadora Fernanda Rodrigues, de 45 anos, revelou em suas redes sociais que foi diagnosticada novamente com um carcinoma basocelular, um tipo comum de câncer de pele. Ela contou que já havia passado por um procedimento para remoção da lesão no ano passado, mas precisou enfrentar uma nova cirurgia.
Vou ter que operar de novo. Vida que segue. Conheço pessoas que já fizeram cinco, seis cirurgias. Preciso me cuidar e me proteger cada vez mais”, disse a atriz, reforçando a importância da prevenção.
A doença reapareceu um ano após a cirurgia para remoção realizada pela atriz. Segundo a artista, a lesão foi identificada rapidamente e já foi removida por meio de procedimento cirúrgico. Ela afirmou estar bem e em recuperação, ressaltando a importância de atenção às alterações na pele.
O carcinoma basocelula representa cerca de 80% dos diagnósticos de câncer de pele não melanoma, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A cada ano, a incidência aumenta, e as estimativas do INCA para o triênio 2023-2025 preveem 101.920 novos diagnósticos em homens e 118.520 em mulheres no Brasil.
Ele se desenvolve a partir das células basais, presentes nas profundezas da epiderme (a camada superior da pele) e, raramente, se dissemina. A doença não é agressiva, tem baixo potencial de metástase, e cirurgias ambulatoriais costumam resolver mais de 90% dos casos, segundo o Grupo Brasileiro de Melanoma. Pessoas de pele mais clara são as mais suscetíveis ao surgimento da condição, cujo principal fator de risco é a exposição direta ao sol.
No entanto, ter recebido o diagnóstico de câncer de pele basocelular, o subtipo diagnosticado na atriz Fernanda Rodrigues, aumenta o risco de desenvolver novo tumor cutâneo maligno, como alerta a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO). Seis em cada dez pessoas que já tiveram a doença podem receber o segundo diagnóstico na mesma década. Por isso, o companhamento clínico é importante para evitar ou diagnosticar a doença precocemente.
O câncer de pele tipo não melanoma é considerado um dos tumores com maior chance de cura. Quando diagnosticado nas fases iniciais, a cirurgia costuma ser simples e altamente eficaz, garantindo qualidade de vida e reduzindo impactos funcionais e estéticos.
O câncer de pele é o mais comum no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), com uma estimativa de 220.490 novos casos dos tipos não-melanoma previstos para 2025. Além desses, há a estimativa de 8.980 novos casos anuais de melanoma, o tipo mais agressivo.
A atriz Fernanda Rodrigues revelou nesta semana um novo diagnóstico de carcinoma basocelular (o primeiro tumor foi removido por cirurgia em 2024). O carcinoma basocelular responde por 80% dos casos de câncer de pele não melanoma.
A reincidência, embora impactante, não é incomum no câncer de pele basocelular, conforme mostra relatório do National Comprehensive Cancer Network (NCCN), atualizado em 2025. Dentre as referências trazidas pelo NCCN está um amplo estudo de revisão, publicado em 2015 no JAMA Dermatology, que mostra que 61% das pessoas que tiveram um câncer de pele do tipo basocelular serão diagnosticadas com um segundo câncer de pele do mesmo subtipo na mesma década. O trabalho mostra também que o risco de nova ocorrência aumenta exponencialmente se o paciente já tiver sido diagnosticado com um segundo câncer de pele não melanoma.
Um estudo multicêntrico espanhol com quase 5 mil pacientes diagnosticados com câncer de pele avaliou os riscos de novas neoplasias cutâneas. Os autores apontam que as recorrências foram significativamente mais comuns em homens (61% dos casos), que apresentam um risco 160% maior de desenvolver um segundo câncer de pele em comparação às mulheres.
Orientações da SBCO diante do câncer de pele
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) alerta para a importância de a população de alto risco estar atenta ao que determina a linha de conduta clínica do NCCN. A recomendação é que as pessoas que tiveram câncer basocelular passem por novas avaliações a cada 6 a 12 meses. Para pessoas que tiveram câncer de pele de células escamosas, as visitas geralmente são mais frequentes, a cada 3 a 6 meses durante os primeiros anos.
“A recorrência pode ocorrer porque, uma vez que o paciente já apresentou um primeiro câncer de pele, significa que a sua pele já sofreu um acúmulo importante de danos ao DNA celular, principalmente pela exposição solar ao longo da vida. Esse histórico aumenta a chance de surgirem novos tumores, mesmo após o tratamento do primeiro tumor”, explica o cirurgião oncológico Matheus Lobo, coordenador da Comissão de Neoplasias da Pele da SBCO.
Fatores de risco mais comuns
Embora o câncer de pele não-melanoma tenha uma excelente taxa de cura, o risco aumentado de desenvolver novos cânceres de pele no futuro requer atenção especial. Os principais alertas de recorrência de carcinoma basocelular são:
– Exposição, especialmente nos primeiros anos de vida, a altas doses de luz ultravioleta sem proteção.
– Carcinomas originais que eram maiores que 2 centímetros.
– Pessoas cujos carcinomas originais invadiam tecidos além da pele
– Pacientes com invasão de nervos pelo tumor
O que é preciso saber cobre o câncer de pele não-melanoma
Entre os principais fatores de risco para o surgimenyo do câncer de pele estão exposição excessiva ao sol, especialmente no período entre 10h e 16h. Além dos raios ultravioletas (UV), há outros fatores que aumentam o risco de desenvolvê-la. É o caso, por exemplo do histórico familiar de tumores de pele; das atividades de trabalho ao ar livre; da imunidade baixa, entre outros.
O diagnóstico do câncer de pele não melanoma costuma ser feito pelo dermatologista, por meio do exame clínico (a olho nu) e/ou dermatoscopia (uso de lente de aumento com luz polarizada). Em alguns casos, realiza-se a biópsia da pinta ou da lesão suspeita.
O tratamento, explica o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da SBCO, varia conforme o tipo de tumor, estágio e localização. Nos casos de carcinomas basocelular e espinocelular, na maioria das vezes, opta-se pela ressecção tumoral, por meio de procedimentos simples. Dependendo do quadro individual, pode-se optar pela radioterapia ou ser necessário associá-la ao procedimento cirúrgico.
Outra possibilidade terapêutica, complementa Matheus Lobo, é a radioterapia, que pode ser utilizada no tratamento de lesões cutâneas não candidatas a cirurgia. Em casos avançados terapia-alvo e imunoterapia podem ser utilizadas.
A cirurgia continua sendo a principal forma de tratamento do carcinoma basocelular, especialmente quando diagnosticados de forma precoce. Em casos de tumores de alto risco ou recorrentes, técnicas cirúrgicas especializadas devem ser aplicadas para garantir a remoção completa e preservar a função e a estética da região”, conclui Lobo.