Em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta segunda-feira (12), no Palácio do Planalto, em Brasília, o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, manifestou interesse em assumir o Hospital Federal da Lagoa para transformá-lo em Instituto do Câncer do Estado do Rio de Janeiro, um grande centro de referência de tratamento oncológico.
“Falei para o presidente sobre a necessidade de universalizarmos a Oncologia no Rio e que, portanto, queremos estadualizar o Hospital Federal da Lagoa para torná-lo um grande centro oncológico e desafogar os atendimentos no Inca (Instituto Nacional do Câncer), que está acima de sua capacidade para atender a população. O Estado do Rio gostaria muito de assumir o hospital”, destacou o governador.

Proposta de estadualização vem desde 2021 e gerou protestos

A ideia de estadualização do Hospital Federal da Lagoa não é nova. Em março de 2021, o então governador em exercício Claudio Castro já manifestara sua intenção de estadualizar a unidade. A proposta ocorreu ainda durante a pandemia de Covid-19, mas na época, o Ministério da Saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro – do mesmo partido de Castro, o PL – não se manifestou sobre a oferta do governador.

Mesmo negada pela administração do hospital, o temor pela estadualização contribuiu para a organização de um protesto dois dias depois, quando manifestantes caminharam do HFL até a sede da Rede Globo, no Jardim Botânico, denunciando a precariedade da rede federal, que teve centenas de leitos interditados após a demissão de profissionais em plena pandemia.

Em abril de 2021, o JB em Folhas publicou uma reportagem destacando a importância da unidade hospitalar não apenas para a saúde pública do Rio, mas também a sua importância arquitetônica como um patrimônio do bairro Jardim Botânico, um dos mais arborizados do Rio.

“O Hospital Federal da Lagoa é uma verdadeira joia da Coroa e, ao longo de sua história, tem sido alvo de cobiça tanto no setor público quanto no privado”, informava o jornal JB em Folhas. Leia abaixo mais trechos da reportagem.

Hospital conta com 244 leitos e realiza 8.500 consultas/mês

O Hospital Federal da Lagoa (HFL) não oferece atendimento de emergência, mas conta com 244 leitos instalados e realiza cerca de 8.500 consultas por mês. A unidade é especializada em atendimentos de média e alta complexidade, com destaque para cirurgias oncológicas adulto e infantil, hematologia, ortopedia, otorrinolaringologia e oftalmologia, estando aparelhado para realizar procedimentos complexos, inclusive cirurgias como as de retina e vítreo.

Desde 2018 dirigido pelo cirurgião vascular Vasco Lauria da Fonseca Filho funcionário de carreira, com 50 anos de casa, o hospital oferece ainda diversos tipos de apoio à comunidade por meio do setor Lagoa Voluntário, que abriga iniciativas como Zooterapia com Pôneis, Sereias Carecas, Ledor para Pacientes Internados, Brinquedoteca e Recreação, além do Café Cidadão e Água na Bandeja.

Rio Imagem Baixada e Restaurante do Povo

Durante o encontro em Brasília, Castro convidou o presidente Lula para a inauguração do Rio Imagem Baixada. Previsto para ser entregue em julho, o centro de imagem completo ocupará uma área de 5 mil metros quadrados, às margens da Via Dutra, em Nova Iguaçu.
A expectativa é que o Rio Imagem Baixada realize 40 mil exames de imagem por mês. Segundo o governador, o espaço será fundamental para melhorar a saúde não só da Baixada Fluminense, mas de todo o Estado do Rio. Hoje, boa parte dos atendimentos do Rio Imagem, no Centro do Rio, é de pacientes da região.
O governador Cláudio Castro tratou com o presidente de outras pautas prioritárias para o Rio, como o combate à fome e as desigualdades sociais no Estado do Rio. Ele ainda convidou Lula para a inauguração do Restaurante do Povo Herbert de Souza, na Central do Brasil.
Apontado como o maior e mais moderno restaurante da América Latina em uma das áreas mais movimentadas da cidade, o espaço servirá oito mil refeições por dia: 2.500 cafés da manhã, 3.500 almoços e dois  mil jantares. Os valores das refeições serão simbólicos: café da manhã a R$ 0,50 e almoço a R$ 1,00.

Pauta social: saúde e combate à fome

Durante o encontro, também foram tratados temas econômicos. Castro pediu a Lula a revisão do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), reafirmou o seu apoio à Reforma Tributária, defendeu a unificação dos campos de petróleo de Lula (atual Tupi) e Cernambi, na Bacia de Santos, e apoiou a proposta federal de gestão compartilhada dos aeroportos Santos Dumont e Galeão entre Estado do Rio, Prefeitura do Rio e União.
“O presidente Lula se mostrou muito receptivo às demandas do Estado para que a gente realmente possa evoluir. O presidente disse que o regime é um assunto que o interessa muito e o que ele puder fazer para ajudar o Estado, ele fará. Conversamos sobre a pauta social, sobretudo a questão da saúde e o combate à fome”, declarou Cláudio Castro.

Memória

Hospital foi projetado por Oscar Niemeyer

*Por Betina Dowsley, do JB em Folhas

 

Na área externa (do Hospital Federal da Lagoa), há obras dos parceiros de Oscar, Roberto Burle Marx, que desenhou o os jardins e canteiros do hospital, e Athos Bulcão, que criou um mural de azulejos (foto abaixo) especialmente para o local. Dada sua importância, o edifício foi tombado em 1992 pelo Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural).

O terreno onde o Hospital da Lagoa foi construído pertenceu à Companhia de Fiação e Tecelagem Corcovado, que encerrou suas atividades na década de 1940 e teve sua propriedade desmembrada em lotes. Localizado em área nobre da cidade, o imóvel poderia ter se tornado um hotel de luxo, como chegaram a sugerir durante sua construção, de 1955 a 1962.

Marco da arquitetura modernista, o prédio de 10 pavimentos foi projetado por Oscar Niemeyer, que utilizou em sua estrutura, pela primeira vez, pilotis em V, que viria a se tornar uma de suas principais marcas (fotos abaixo). Outras características dos projetos do mestre são as fachadas envidraçadas – que, no caso do HFL, garantem vista privilegiada para a Lagoa Rodrigo de Freitas – ou com cobogós e brises (foto abaixo), para proteger os ambientes internos da insolação.

Antes de passar ao controle do Governo Federal, o Hospital da Lagoa pertenceu à Sul América, ao Banco Lar Brasileiro e ao Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB), tornando-se conhecido na época como Hospital dos Bancários. A unidade passou a integrar o Sistema Único de Saúde (SUS) a partir da criação da rede, em 1990.

Com informações do Governo do Estado do RJ e do JB em Folhas

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