Recentemente, o atual presidente da república, Jair Bolsonaro, de 67 anos, comentou com aliados que os médicos suspeitam de que ele esteja com= erisipela, uma doença infecciosa considerada mais comum em pessoas com problemas de circulação ou diabetes. A infecção se instala na parte mais profunda da pele e é caracterizada por placas vermelhas e doloridas. Em geral, o quadro se manifesta nas pernas — como parece ser o caso de Bolsonaro.

Colaboradores disseram que ele passou a reclamar de dores nas pernas durante as viagens de avião em meio à campanha eleitoral e que há feridas em suas duas pernas. A condição é causada por bactérias comuns, que podem entrar por ferimentos mal higienizados ou mesmo uma frieira entre os dedos dos pés, por exemplo. Segundo aliados, Bolsonaro está sendo tratado com antibióticos pelo menos desde quarta-feira passada. A visitantes, no entanto, o candidato derrotado nas eleições diz que sua doença é de “fundo emocional”.

Quadro de erisipela pode levar à septicemia

O presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), Bruno Naves, afirma que o procedimento deve ser realizado de forma mais precoce possível para evitar o agravamento da infecção com acometimento de outros órgãos, quadro chamado de septicemia.

Ele também explica que a obesidade pode ser um fator de risco para a doença, pois, às vezes, pode causar dificuldade em enxugar os pés, e a umidade pode levar ao aparecimento de fungos, e ocasiona, assim, uma lesão de continuidade, o que faz desenvolver uma erisipela. “O obeso tem uma lentificação funcional do retorno linfático e, eventualmente, esse estado pode ajudar no aparecimento da doença”, diz o especialista.

Para evitar a erisipela, Dr. Naves recomenda sempre secar bem entre os dedos dos pés, fazer um autoexame nos membros inferiores à procura de pequenos ferimentos, hidratar bem a pele e, em caso de picada de inseto, não coçar, mas usar creme hidratante.

Tratamento deve ser feito em ambiente hospitalar

O diagnóstico é feito após exame clínico minucioso e o tratamento inclui o uso de antibióticos (idealmente penicilina ou derivados) e medidas de tratamento local (cuidados com a porta de entrada da bactéria, utilização de compressas frias ou gelo) e sintomáticos.

De acordo com o angiologista e cirurgião vascula Mauro Figueiredo C. de Andrade, membro da comissão de Doenças Linfáticas da SBACV-SP, dependendo da gravidade dos sintomas e do estado geral do paciente, principalmente os mais idosos e com doenças crônicas, a erisipela deve ser tratada em ambiente hospitalar com administração endovenosa dos antibióticos.

A prevenção da erisipela começa com bom cuidado da pele, sendo recomendado manter o espaço entre os dedos dos pés sempre secos, limpar ferimentos com água e sabão e, ocasionalmente, antissépticos tópicos. “O acompanhamento médico adequado é essencial para reduzir as complicações da doença e para proporcionar boa qualidade de vida ao paciente”, afirma o especialista.

“A prevalência de erisipela é maior nos pacientes imunodeprimidos e nos portadores de insuficiência venosa, de varizes, edema de membros inferiores e com histórico de trombose. Cada episódio de erisipela leva a um aumento exponencial no risco de outros episódios, por isso é muito importante que o paciente e os familiares sejam instruídos sobre os sinais de alerta e os cuidados preventivos”, alerta o presidente da SBACV-SP, Fabio Rossi.

Mais sobre a erisipela

Especialistas da SBACV explicam que a erisipela é uma doença infecciosa causada por uma bactéria (estreptococo beta-hemolítico) que atinge a pele, disseminando-se pelos vasos linfáticos e normalmente é acompanhada de aumento doloroso dos linfonodos (gânglios linfáticos) do membro afetado.

Pode ocorrer em várias regiões do corpo, mas, em geral, se manifesta nos membros inferiores. Comumente, esta bactéria, que está presente na pele, penetra por intermédio de ferimentos, como picadas de inseto, micoses ou até mesmo em um pequeno corte ou ferida.  O quadro clínico pode variar de acordo com a extensão da lesão.

Os sintomas iniciais são parecidos com uma gripe: mal-estar, fadiga, calafrios e febre geralmente alta, e podem aparecer antes da lesão se tornar visível. Na erisipela observa-se uma região bem definida com vermelhidão, dor e calor local. Alguns casos podem evoluir com maior gravidade, havendo a formação de bolhas e necrose (morte dos tecidos) em pacientes de maior risco.

Erisipela é uma inflamação com infecção dos vasos linfáticos aguda bacteriana, associada à dermatite, celulite e linfadenite (inflamação/infecção da pele, tecido celular subcutâneo e linfonodos). A epiderme com a doença apresenta vermelhidão e calor local, e pode evoluir para a formação de bolhas.

erisipela acomete mais os membros inferiores, mas também pode aparecer nos membros superiores e até mesmo na face. Os principais sintomas são: dor, calor, rubor (região avermelhada), edema (inchaço), linfadenopatia (íngua), febre alta, eventuais vômitos e dor de cabeça.

O facilitador para o surgimento dessa doença é a lesão de continuidade na pele íntegra, como frieira entre os dedos dos pés; coçar fortemente a pele escarificando-a; e machucados que possibilitem às bactérias que vivem normalmente na pele infectar os vasos linfáticos.

erisipela, em algumas regiões do Brasil, é  muito comum devido à filariose, que é uma doença infecciosa transmitida para as pessoas por meio da picada do mosquito Culex Quinquefasciatus (pernilongo) que está infectado. Além disso, úlceras em quadros de pés diabéticos com ferimentos também são fatores influentes para o surgimento de erisipela.

O diagnóstico é feito após exame clínico minucioso, e a forma de tratamento é a antibioticoterapia para tratar os sintomas gerais e a porta de entrada, ou seja, o ferimento que levou à infecção linfática. A duração do tratamento varia de acordo com a resposta clínica, e pode se estender de cinco a 14 dias.

A SBACV tem como missão levar informação de qualidade sobre saúde vascular para toda a população. Para outras informações acesse o site e siga as redes sociais da Sociedade (Facebook e Instagram).

Com Assessorias

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