Um tornado a 250 quilômetros por hora que durou menos de 1 minuto arrasou uma cidade inteira e deixou pelo menos seis mortos na madrugada deste sábado (8) no interior do Paraná. Em Rio Bonito do Iguaçu, a 400 quilômetros da capital Curitiba, 10 mil moradores — o equivalente a 77% da população — foram diretamente atingidos pela tragédia ambiental. De acordo com dados da Defesa Civil do Paraná, a estimativa que até 90% da área urbana da cidade foram atingidos.
O governo do Paraná informou que, até o início da tarde deste sábado (8), 750 pessoas foram atendidas em unidades de Saúde do estado em decorrência da passagem do tornado por cidades. Segundo as informações oficiais, a maior parte dos feridos foi atendida em duas unidades hospitalares, uma unidade básica de saúde (UBS) e uma faculdade de Laranjeiras do Sul.
Em Rio Bonito do Iguaçu, “as estruturas de saúde estão todas colapsadas”, disse o secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto. Segundo ele, apenas um centro de saúde da cidade está aberto. “Um grande movimento das prefeituras do entorno somou uma força tarefa para manter funcionando”, acrescentou o secretário. Casos mais graves estão sendo encaminhados para o Hospital Universitário de Cascavel e para o Hospital Regional de Guarapuava. Quatro pessoas precisaram passar por cirurgia.
Força Nacional do SUS é mobilizada
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o envio imediato de equipes da Defesa Civil Nacional especializadas no trabalho de acolhimento das vítimas e de reconstrução. A comitiva federal é liderada pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que irá acompanhar os trabalhos no local.
O Ministério da Saúde enviou, neste sábado (8), uma equipe da Força Nacional do SUS (FN-SUS) ao município de Rio Bonito do Iguaçu, epicentro de um tornado de grande intensidade que devastou cerca de 80% da área urbana.
O secretário executivo do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, acompanha a comitiva do Governo Federal que se deslocou ao estado para avaliar os danos, prestar assistência imediata e coordenar ações conjuntas de resposta com o Governo do Paraná e a Defesa Civil Nacional.
Nesta madrugada, após tomar conhecimento do ocorrido, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, imediatamente colocou a equipe da Força Nacional do SUS a disposição do Estado e Município. A equipe foi mobilizada em Nível Operacional II, com capacidade de resposta intermediária e foco em recompor o funcionamento da rede local de saúde.
Estou voltando da África do Sul, após a reunião do G20, e durante toda a noite e madrugada estivemos acompanhando, junto aos gestores estaduais, municipais e de saúde de Santa Catarina e do Paraná, em especial a prefeitura de Rio Bonito do Iguaçu, os impactos dessa tragédia na área da saúde. Colocamos a Força Nacional do SUS à disposição para apoiar a população do Sul do país”, afirmou o ministro Padilha.
A equipe é formada por cinco profissionais especializados, incluindo um especialista em saúde mental em desastres, um médico sanitarista, um enfermeiro, um analista de recursos logísticos e um analista de incidentes e reconstrução assistencial. Os profissionais irão atuar para garantir a reativação dos serviços de saúde, o apoio à gestão local e a resposta assistencial e psicossocial imediata, assegurando a retomada rápida e segura do cuidado integral à população.
Chegamos ao Paraná com a missão de cuidar, reconstruir e trazer afeto à população que mais precisa neste momento. Nossa prioridade é garantir que cada pessoa atingida receba atenção em saúde, escuta e acolhimento. Atuaremos ao lado do Governo do Estado e do município para restabelecer o funcionamento da rede de saúde e devolver um pouco de segurança e esperança às famílias de Rio Bonito do Iguaçu”, destacou o coordenador da Força Nacional do SUS, Rodrigo Stabeli.
As primeiras ações incluem triagem e estabilização de feridos, reorganização dos fluxos assistenciais e farmacêuticos, avaliação de risco sanitário secundário (água, resíduos e vetores), além do apoio psicológico à população. Caso seja necessário, a FN-SUS está pronta para instalar um hospital de campanha modular, com capacidade de até 150 atendimentos diários, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA-PR).
Situação da rede de saúde local
Com a destruição de parte significativa das unidades de saúde e o colapso parcial dos serviços de energia e abastecimento, os atendimentos de urgência foram redirecionados para o Hospital Regional de Laranjeiras do Sul, que atua como referência provisória para a região. As Unidades Básicas de Saúde da zona rural seguem parcialmente inoperantes, e há comprometimento nos estoques de medicamentos e vacinas.
A missão no Paraná é coordenada pela Coordenação-Geral da Força Nacional do SUS (CGFN-SUS), em conjunto com o CENAD, a Defesa Civil Nacional, a SESA-PR e a Prefeitura de Rio Bonito do Iguaçu, garantindo uma resposta articulada e rápida.
Desde 2023, a Força Nacional do SUS realizou mais de 60 missões em 23 estados, com mais de 60 mil atendimentos diretos e 1.500 profissionais capacitados. Em 2025, as ações se concentraram em respostas a arboviroses, secas, enchentes e grandes eventos, como a COP30, em Belém (PA), que contou com hospital de campanha operando 24 horas.
Número de desabrigados passa de 1 mil
O número total de desabrigados ainda não foi calculado pelas autoridades. Até o início da manhã, entretanto, a Defesa Civil estimava 10 mil pessoas impactadas pelos ventos, com 28 desabrigados e 1 mil desalojados. A expectativa para os próximos dias é que uma massa de ar frio derrube as temperaturas no Paraná e em Santa Catarina. Em Rio Bonito do Iguaçu, epicentro do tornado, a temperatura deve oscilar entre 13 e 22 graus Celsius (°C) neste sábado (8), mas a medição mínima pode chegar a 11°C no domingo (9).
O fenômeno climático atingiu a região Centro-Sul do Paraná na noite de sexta-feira e foi classificado como tornado de categoria F3, com ventos de até 250 quilômetros por hora, segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar).
O governador do Paraná, Ratinho Jr., foi para a cidade de manhã cedo. Além dos esforços para o atendimento de desabrigados e feridos, ele anunciou uma parceria com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) para agilizar o levantamento dos estragos e antecipar os esforços de reconstrução, principalmente, de casas.
Agora vamos realizar esse levantamento para que possamos ajudá-las de alguma forma, seja com linhas de crédito, seja com apoio para reconstrução ou para cobrir prejuízos em diversos setores. A cidade está praticamente destruída, o que torna impossível fazer um levantamento detalhado neste momento”, disse o prefeito de Rio Bonito do Iguaçu, Sezar Augusto Bovino.








