Todos os anos, em 17 de outubro, é celebrado o Dia Mundial da Dor, uma data que convida à reflexão sobre como essa experiência profundamente pessoal e subjetiva vai muito além do aspecto físico — podendo inclusive afetar a vida profissional. De acordo com o estudo Haleon Pain Index (HPI), conduzido pela Edelman Data x Intelligence (DXI), 63% das pessoas no mundo relatam que a dor dificulta a concentração nas tarefas diárias.
Os dados mostram que a dor não apenas limita o que as pessoas podem fazer — ela também afeta como se sentem e como se relacionam com os outros, tanto na vida pessoal quanto profissional. Seis em cada dez entrevistados afirmam que não conseguem se sentir felizes quando estão com dor, e quase sete em cada dez reconhecem que o desconforto interfere na convivência diária. Além disso, 37% dizem que a dor afeta negativamente sua autoestima, e quase metade admite ter desenvolvido ansiedade como consequência.
Um dos achados mais impactantes do estudo é que metade das pessoas que vivem com dor se sente estigmatizada, e 26% têm receio de serem julgadas ao expressar o que sentem — o que leva muitas a se isolarem e evitarem buscar ajuda. Isso evidencia a importância de falar abertamente sobre a dor, pois reconhecê-la e expressá-la pode trazer alívio e ajudar a desconstruir os preconceitos que ainda a cercam.
O estigma da dor na geração Z no Brasil
Embora a dor seja uma experiência universal, nem todas as pessoas são ouvidas ou tratadas da mesma forma ao expressá-la. O Haleon Pain Index revela que os estigmas em torno da dor não afetam todos os grupos igualmente. Mulheres, pessoas racializadas e comunidades diversas são as que mais frequentemente sentem que sua dor é minimizada ou ignorada;
Globalmente, 58% das mulheres e 59% das pessoas negras ou não brancas relataram ter recebido um tratamento diferente ou não terem sido levadas a sério, em comparação com 47% dos homens e 48% das pessoas brancas. A diferença também é evidente na comunidade LGBTQ+, onde 67% têm receio de que sejam feitas suposições sobre sua dor, contra 50% das pessoas heterossexuais.
O estudo também revela uma diferença geracional: enquanto pessoas mais velhas costumam expressar o que sentem com mais facilidade, os mais jovens enfrentam mais barreiras para comunicar seu desconforto e acessar tratamento adequado. Globalmente, 70% dos entrevistados da Geração Z afirmaram ter sido discriminados ao expressar sua dor.
No Brasil, 29% dos jovens relatam sentir solidão séria quando estão com dor, índice semelhante à média global (31%). Além disso, 65% dos brasileiros dizem ser menos sociáveis quando estão com dor, e 63% se afastam de situações sociais. Esses dados revelam um ciclo de isolamento que agrava o sofrimento emocional.
É importante ressaltar que rotular os jovens como “geração de cristal” é um equívoco que contribui para o estigma e a incompreensão sobre suas vivências. O Haleon Pain Index demonstra que os jovens brasileiros enfrentam desafios reais e profundos relacionados à dor, incluindo discriminação, solidão e dificuldades de acesso à saúde.
Chamar essa geração de ‘frágil’ ignora o contexto social, emocional e cultural em que estão inseridos, além de minimizar suas necessidades legítimas de acolhimento, empatia e representatividade”, afirma Andrés Zapata, líder médico da Haleon no Brasil.
Ao invés de reforçar estereótipos, é fundamental promover uma abordagem mais humana, que reconheça a complexidade das experiências dos jovens e valorize o diálogo aberto sobre dor e saúde mental. “O estudo evidencia que os jovens não são frágeis, mas sim resilientes diante de barreiras que exigem respostas inclusivas e compassivas da sociedade e dos profissionais de saúde”, conclui Dr. Andrés.
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Brasileiros querem mais empatia em relação à dor
O HPI também mostra que 58% dos brasileiros desejam mais empatia dos outros em relação à dor, e 76% querem que médicos sejam melhor treinados para entender como a dor é individual. Entre os jovens, há uma demanda crescente por profissionais de saúde que compartilhem experiências semelhantes, como idade, gênero e etnia, o que aumenta o conforto e a compreensão durante o atendimento.
Ainda existe a ideia de que falar sobre dor é sinal de fraqueza, o que leva muitas pessoas a enfrentá-la em silêncio. Essa falta de escuta e compreensão gera isolamento e amplifica o sofrimento. Precisamos aprender a olhar para a dor com empatia, compreendê-la e apoiar melhor quem convive com ela”, afirma Andrés Zapata, líder médico da Haleon no Brasil.
Haleon Pain Index (HPI) é um estudo social que busca compreender como a dor afeta diferentes grupos populacionais. A quinta edição avaliou mais de 18 mil pessoas em 18 países, incluindo o Brasil, com foco especial na inclusão em saúde e no impacto emocional da dor.
As pessoas frequentemente aprendem a conviver com a dor, encarando-a como parte inevitável do dia a dia. No entanto, quando abordada precocemente e tratada de forma adequada, é possível recuperar o bem-estar e melhorar a qualidade de vida. Falar sobre o que se sente, procurar um profissional e seguir suas orientações pode fazer uma grande diferença no processo de alívio e recuperação.”
Fonte: Haleon, com Redação