Dia 26 de julho é o Dia dos Avós. E você é daqueles que pede benção ao seu avô ou avó ou os trata de com um “e aí, cara, tudo bem com você?” Ou nem oito nem oitenta? A relação que você mantém com a pessoa idosa diz muito sobre como você quer ser tratado no futuro. Portanto, nada de usar expressões como velhinho, gagá, coroa ou caduco. Segundo especialistas, estes são apenas alguns dos muitos termos pejorativos atrelados ao envelhecimento.

Embora o respeito  pessoa mais velha pareça óbvio, é comum observar desrespeito de todo tipo, a começar da forma como essa faixa etária é tratada no seu dia a dia. O tema é cada vez mais pertinente em tempos de tanto etarismo em todas as áreas – especialmente na profissional, já que vemos muitos profissionais experientes sendo aposentados compulsoriamente porque são vistos como menos valorosos – ou melhor, mais custosos para as companhias.

Mas esta realidade vem se modificando. Nos últimos anos a sociedade vem discutindo cada vez mais a importância da tratativa correta a grupos específicos – como os idosos – e este esforço vem sobretudo de instituições e pesquisadores do envelhecimento. Eles alertam para os riscos de normalizar posturas que vão contra uma tendência cada vez mais acentuada: a longevidade e todos os seus desdobramentos.

Qual é a melhor maneira de se referir a uma pessoa com mais de 60 anos?

Segundo o recém-lançado Guia para uma comunicação responsável sobre a pessoa idosa, de autoria do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, ao se referir a pessoas acima de 60 anos, é preciso evitar expressões como:

– Avós (a menos que nossa intenção seja a de fazer referência a este papel social ou destacar esse vínculo familiar).

– Aposentados (a menos que o objetivo seja o de abordar sua situação em relação ao mercado de trabalho ou outras questões previdenciárias).

– Sexagenários, octogenários, etc. (a menos que queiramos mencionar apenas parâmetros cronológicos);

– E outros termos como terceira idade, melhor idade entre outros.

Use sempre:

Pessoa idosa. O termo faz parte de um projeto de lei federal, que mudou o nome do Estatuto do Idoso, para Estatuto da Pessoa Idosa e possui um caráter não discriminatório quanto às questões de gênero, além de ressaltar a centralidade do indivíduo e não de uma característica, no caso a idade, o que acontece quando utilizamos o termo idoso, pois reduzimos o indivíduo a uma característica temporal.

– Quanto às imagens, convém evitar o uso daquelas que reforcem estereótipos, preconceitos, exposição ao ridículo ou que possam gerar vulnerabilidade em relação aos seus direitos. Existem velhices plurais e a diversidade deve sempre sem respeitada, valorizada e utilizada em processos de comunicação.

A professora – doutora e parceira científica do Supera – Ginástica para o Cérebro, Thais Bento Lima lembra que não existe um “velho típico”. A única coisa que há em comum entre os idosos, ao menos de uma mesma nação, é a sua idade cronológica (60+ em países em desenvolvimento e 65+ em países desenvolvidos).

“As mudanças são próprias da nossa idade e, por conseguinte, não possuem um marcador cronológico, o que implica na existência de idosos longevos com uma saúde que pode ser equiparada a de um jovem adulto, além disso a velhice tem suas múltiplas faces, cada indivíduo que está envelhecendo deve ter a sua particularidade respeitada”, alertou a especialista.

Por que tratar pessoas mais velhas com respeito?

Segundo Thais Bento Lima, tratar as pessoas mais velhas com respeito e evitar o uso de nomes pejorativos é importante por várias razões:

Dignidade humana: Todas as pessoas merecem ser tratadas com dignidade e respeito, independentemente da idade. O envelhecimento é uma parte natural da vida, e o respeito é fundamental para preservar a dignidade das pessoas idosas.

Valorização da experiência: As pessoas mais velhas acumularam conhecimento, sabedoria e experiência ao longo de suas vidas. Ao tratá-las com respeito, reconhecemos e valorizamos essa contribuição, permitindo que compartilhem seus conhecimentos com as gerações mais jovens.

Inclusão social: Tratar as pessoas mais velhas de maneira respeitosa contribui para uma sociedade mais inclusiva. Quando evitamos o uso de termos pejorativos, promovemos a igualdade e combatemos o estigma relacionado à idade.

Saúde mental e emocional: O tratamento respeitoso tem um impacto positivo na saúde mental e emocional das pessoas idosas. Isso ajuda a manter sua autoestima, bem-estar emocional e senso de pertencimento.

Construção de relações intergeracionais saudáveis: Ao evitar termos pejorativos, estamos criando um ambiente propício para o diálogo e a construção de relações harmoniosas entre pessoas de diferentes idades. Isso promove uma compreensão mútua e a troca de experiências entre gerações.

Luta contra o preconceito etário: O uso de termos pejorativos reforça estereótipos negativos associados ao envelhecimento, contribuindo para o preconceito etário. Tratar as pessoas mais velhas com respeito é um passo importante para combater esse preconceito e promover a igualdade.

Então, estamos combinados?

Fonte: Método Supera e Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania

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