Neste mês é realizada a campanha do “Dezembro Vermelho”, que procura conscientizar a população a respeito da prevenção da doença AIDS, causada pelo HIV. Segundo a UNAIDS, programa conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, cerca de 1,5 milhão de pessoas contraíram HIV em 2020 em todo o mundo, comparado a 3 milhões de pessoas no ano de 1997.
O HIV é um vírus que, se não tratado adequadamente, pode desenvolver Aids, uma síndrome caracterizada por baixa imunidade e desenvolvimento de doenças oportunistas. A transmissão dessa enfermidade ocorre através do contato com sangue e outros líquidos corpóreos, como sêmen, secreções vaginais de mãe para o filho durante a gestação, parto e também durante a amamentação. Outra forma de transmissão é o compartilhamento de seringas, agulhas e canudos entre usuários de drogas.
Ações imediatas após exposição ao vírus
Segundo Bianca Ferreira Fonte, médica Infectologista do Hospital São José, de Teresópolis, após o contato com o HIV, é de extrema importância procurar um serviço de saúde o mais precocemente possível, em no máximo 72 horas.
“Em caso de exposição sexual, a pessoa deve procurar atendimento na emergência, onde serão realizados testes rápidos para HIV, Hepatite B e C e Sífilis. Lá são ofertados os medicamentos para início imediato de tratamento e, posteriormente, o paciente será encaminhado para o local onde dará continuidade ao tratamento”, explica a médica, reforçando que esse tipo de acolhimento é um direito do cidadão e deve ser obrigatoriamente realizado para todos os casos de exposição sexual, mesmo que consentida.
Já em episódios de acidente com objeto perfurocortante, aqueles que sofrem esse tipo de exposição, ou que estejam em qualquer contato com sangue de outra pessoa, em qualquer situação, devem procurar a emergência em até 72 horas após o ocorrido.
Em todas essas situações, serão realizados os testes no dia do atendimento, com a finalidade de conhecer a sorologia da pessoa exposta e de realizar as medidas necessárias para evitar a transmissão da doença. É recomendada a testagem para o HIV 30 dias após o acontecimento.
“Existe o que chamamos de “janela imunológica”, que é o tempo que demora entre a exposição e a soroconversão, que é o resultado aparecer positivo no exame. Mesmo se a pessoa tiver contraído o HIV durante a exposição, o teste seria negativo naquele momento, porque demora cerca de 30 dias para a detecção no exame. Por isso tem que retornar para fazer os testes de novo”, explica a infectologista.
Sem cura, mas tem tratamento
Há diversos esquemas antirretrovirais ofertados gratuitamente pelo Ministério da Saúde que garantem qualidade de tratamento e de vida para a pessoa que vive com HIV. A Dra. Bianca lembra que apesar do HIV não possuir cura, existe o tratamento.
“A maioria das pessoas que vive com esse diagnóstico, se tiver acesso aos medicamentos e ingerir corretamente, não desenvolverá Aids. O mais dolorido de tudo isso é a discriminação que, infelizmente, ainda existe em pleno 2021. Por causa desse preconceito, muitas pessoas são segregadas dos serviços de saúde, não têm acesso aos exames, fazem o diagnóstico tardio ou demoram para receber os medicamentos e, quando chegam, já estão doentes de Aids e com poucas chances de tratamento. Por isso é importante estar bem informado e procurar ajuda.”, complementa a especialista.
Diversas formas de prevenção
Para evitar a transmissão da Aids, existem várias formas de prevenção, entre elas: o uso de preservativo, que previne o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST); o não compartilhamento de seringas, agulhas e canudos por pessoas que usam drogas; a PREP (Profilaxia Pré-Exposição), ou seja, uso de medicamentos específicos antes da relação sexual para prevenir o HIV; e a PEP (Profilaxia Pós-Exposição), que consiste no uso de medicamentos específicos após a relação, também prevenindo somente o HIV.
Uma informação importante, mas talvez não muito conhecida, é que pessoas portadoras do HIV, quando fazem o uso correto dos medicamentos antirretrovirais, conseguem manter o controle da carga viral (do HIV) e ficam indetectáveis, ou seja, controlam a multiplicação do vírus e ele não circula no corpo.
“Dessa forma, a pessoa com a carga viral indetectável por mais de 6 meses não transmite o vírus. A exceção, nestes casos, é do leite materno, pois mesmo a mãe ou lactante estando com a carga viral indetectável, a amamentação é contraindicada”, explica a médica.