olhoAssim como é preciso fazer regularmente exames de sangue, fezes e urina na fase adulta e outros exames mais específicos quando se atingiu uma certa faixa etária- caso da mamografia, para as mulheres, e de próstata, para os homens -, o exame de vista também é imprescindível para garantir uma boa saúde ocular ao longo da vida.

Para marcar o dia 10 de julho, quando se celebra o Dia Mundial da Saúde Ocular, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) lança uma campanha nacional para incentivo ao check-up ocular. A ideia é fazer com que as pessoas incorporem os exames oftalmológicos em suas rotinas. “São exames periódicos que devem ser feitos por toda a população no intuito de prevenir doenças oculares preveníveis e tratáveis, como a catarata e o glaucoma”, destaca Homero Gusmão de Almeida, presidente do CBO.

Recente estudo da Universidade de Waterloo, no Canadá, mostrou que mais da metade dos exames oftalmológicos de rotina em pacientes sem sintomas pode revelar a necessidade de mudança nos cuidados com a visão. A pesquisa analisou 6.400 pacientes durante um ano. Cerca de 40% não relataram problemas com a visão turva, dores de cabeça ou outros sintomas relacionados à saúde ocular.

Mas 58% desses pacientes assintomáticos tiveram pelo menos uma mudança significativa no exame oftalmológico de rotina. Dentre essas mudanças, 41% eram ligadas à prescrição de óculos ou lente de contato, 16% a novos diagnósticos e 31% a mudanças de conduta no acompanhamento.

Alguns pacientes tiveram mais de um tipo de mudança. A taxa de mudanças resultantes de exames oftalmológicos de rotina varia de acordo com a idade. Crianças com menos de 4 anos apresentaram 8% de mudança, já os adultos com mais de 65 anos, apresentaram 78% de chances de mudança na avaliação.

A CBO selecionou uma série de cuidados que se deve ter com a saúde ocular, desde antes do nascimento até a terceira idade. Segundo Almeida, nos primeiros anos de vida é importante que os pais observem se os filhos possuem desvios nos olhos ou atitudes que possam evidenciar a dificuldade de visão, por exemplo, o hábito que algumas crianças possuem de aproximar o livro dos olhos, ver televisão muito de perto, confundir o “0” com o “8”, o “M” com o “N” etc.

Já na idade adulta, deve ser feito o exame oftalmológico sempre que o paciente detectar algum sintoma estranho ou tiver qualquer incômodo nos olhos. “É importante que a consulta com um oftalmologista seja feita com frequência, principalmente para aqueles que estão na faixa dos 40 anos. Nessa idade a realização de consultas de rotina é extremamente importante, pois nessa fase será realizado o exame de fundo de olho e a medição da pressão intra-ocular. Ambos são fundamentais para a prevenção precoce do glaucoma, além de outras patologias”, alerta o médico,

Confira os principais cuidados em cada fase da vida, segundo o CBO:

ANTES DO NASCIMENTO

Rubéola e toxoplasmose podem causar cegueira e problemas neurológicos na criança, por isso o acompanhamento pré-natal e a realização de sorologias são imprescindíveis.

 

AO NASCER

Ao nascer, a criança enxerga pouco e a visão vai se desenvolvendo no decorrer dos anos. Qualquer doença ocular ao nascimento, como a catarata e o glaucoma, pode prejudicar totalmente este desenvolvimento. O teste do reflexo vermelho, também chamado de “teste do olhinho”, deve ser realizado ainda na maternidade.

Ele é capaz de detectar estas e outras doenças, às vezes gravíssimas, como o retinoblastoma (um tipo de câncer ocular) precocemente. Além disso, o bebê que lacrimejar muito, tiver mancha branca na menina dos olhos (pupila), olhos anormalmente grandes, ou ainda que não suporte a claridade, deve ser levado ao oftalmologista.

 

DURANTE A INFÂNCIA

A visão se desenvolve durante a infância, alcançando a maturidade por volta dos cinco anos de idade. Por isso, é muito importante que problemas de visão sejam tratados o quanto antes. Com o início da vida escolar, é possível perceber a presença de problemas refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia) que podem prejudicar o aprendizado.

Outro problema importante que precisa ser corrigido ainda na infância é a ambliopia, ou “olho preguiçoso”. É uma situação na qual a visão não se desenvolve plenamente em um dos olhos, embora sua aparência seja normal. Com o passar do tempo, o cérebro ignora as imagens que vem desse olho “fraco”, de tal forma que ele perde a visão.

O portador de ambliopia tem dificuldade para perceber distâncias e profundidade, além de correr riscos de cegueira total, caso venha algum dia a perder a visão de seu olho saudável. “A ambliopia pode ser curada se o tratamento for realizado antes que a visão tenha atingido a maturidade. Por isso, mesmo que não apresente aparentemente nenhum problema de visão, a criança deve ser examinada por um oftalmologista em seus primeiros anos de vida”, ressalta Homero Gusmão de Almeida.

 

NA ADOLESCÊNCIA

Durante a adolescência e a puberdade, com frequência são diagnosticados os problemas refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia). Entre os 13 e 20 anos, as pessoas estão sujeitas ao aparecimento do ceratocone, uma doença que provoca irregularidade da córnea, às vezes acompanhado pelo hábito de coçar excessivamente os olhos.

Muitas vezes o ceratocone não é percebido pelos adolescentes, pois os sintomas (aumento da sensibilidade à luz e baixa da qualidade de visão, mesmo com o uso de óculos ou lentes de contato) são pouco percebidos por eles.  Apesar de não ter cura, os tratamentos disponíveis podem melhorar a visão, estabilizando o problema e reduzindo a deformidade da córnea.

“Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, melhor é o resultado do tratamento. Por isso, adolescentes devem ser submetidos a uma consulta oftalmológica, mesmo que não apresentem queixas”, destaca o presidente do CBO.

 

NA VIDA ADULTA

Queixas como sensação de vista cansada, coceira nos olhos, dificuldade para focalizar imagens e lacrimejamento são as mais comuns em adultos que procuram o atendimento oftalmológico. Além da presbiopia (ou vista cansada), caracterizada pela dificuldade de focalizar objetos próximos, outros problemas mais frequentes a partir dos 40 anos são: catarata, glaucoma e retinopatia diabética.

Os sintomas do glaucoma costumam aparecer somente quando a doença está em fase avançada. Se a doença não for tratada, pode levar à cegueira. Aproximadamente 85% das cataratas são classificadas como senis, conectadas ao processo de envelhecimento, com maior incidência na população acima de 50 anos. Já diabéticos apresentam um risco de perder a visão 25 vezes maior do que as demais e por isso devem passar rotineiramente por uma consulta oftalmológica.

 

APÓS OS 65 ANOS

A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) causa baixa visão central, dificultando principalmente a leitura. Os danos à visão central são irreversíveis, mas a detecção precoce e os cuidados podem ajudar a controlar alguns dos efeitos da doença.

 Fonte: Conselho Brasileiro de Oftalmologia

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