Luciano Camargo, da dupla sertaneja com o irmão Zezé, chamou a atenção ao aparecer com a silhueta enxuta no início do ano. O cantor perdeu 37 quilos desde que iniciou um processo de reeducação alimentar em 2013. No fim de 2015, ele chegou a emagrecer dez quilos em um mês. Isso graças ao método PronoKal, um programa de emagrecimento rico em proteínas e pobre em gordura e carboidrato que promete grandes resultados.
Recentemente, o lutador Anderson Silva também contou com a dieta no seu processo de perda de peso para uma importante luta. E Nany People, atriz, humorista, transformista, que trabalhava como repórter no programa da Xuxa, perdeu 9 Kg e 10 cm de cintura em 28 dias. Especialistas afirmam que com o método, é possível emagrecer de sete a 10 quilos em um mês! Mas o que existe de mágico neste método de emagrecimento?
Luciana Spina, mestre e doutora em Endocrinologia, explica que o método PronoKal, de origem europeia, consiste numa dieta de muito baixas calorias, e oferece a quantidade certa de proteína que o corpo precisa. Nele, o paciente entra no estado de cetose, através do qual o corpo usa gordura para obter energia, ocorrendo a perda rápida e eficaz de peso, o que não acontece na dieta convencional.
A endocrinologista Lívia Lugarinho, doutora em endocrinologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e credenciada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), garante que o método, à base de proteína de alto valor biológico PronoKal é fácil e prático de ser seguido, inclusive para quem tem “fome de leão” ou passa boa parte do dia fora de casa. Segundo ela, a dieta proteinada ajuda a reduzir o apetite já a partir do segundo dia e ser controlada em gordura.
“Ela é segura por ter acompanhamento multidisciplinar, conter apenas proteínas de alto valor biológico, suplementar vitaminas e minerais e levar à cetose, um processo em que o corpo usa a gordura acumulada como fonte de energia e reduz o apetite. Com isso, você consegue até que uma mulher obesa ou um homem de 1,90 m consumam entre 600 e 800 calorias por dia sem passar fome ou desistir da dieta”, afirma a endocrinologista
Mas cortar o carboidrato, embora seja uma das formas mais rápidas de emagrecer,pode representar um risco à saúde. Fazer isso por conta própria é difícil e arriscado para a saúde, já que a alimentação fica restrita, monótona e rica em gordura. Por isso, esta dieta só pode ser prescrita por médicos. “O programa tem o objetivo de mudar o estilo de vida e melhorar a saúde de maneira global, mas não é indicado a todas as pessoas. É preciso ter indicação para segui-lo”, alerta Luciana, que é membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e da Sociedade Americana de Endocrinologia.
Veja como funciona o Método PronoKal
O programa de emagrecimento é composto por sachês em pó que tomam forma de saborosas refeições ao ser misturados com água e colocados no forno, no micro-ondas ou na geladeira. O “milagre” acontece graças a uma tecnologia de liofilização dos macronutrientes que consegue mimetizar exatamente os alimentos, não somente no sabor, mas também na textura, com quase zero caloria. A dieta é realizada em três etapas:
- Etapa 1: com 600 a 800 calorias por dia, o objetivo é eliminar 80% do peso desejado. Para isso, o carboidrato é totalmente retirado da alimentação e a pessoa ingere apenas gordura boa (10 g ao dia, o equivalente a 1 colher de sopa de azeite extravirgem) na salada associado ao método PronoKal, que inclui reposição de vitaminas e minerais e consumo de substitutos de refeição à base de proteína de boa qualidade – são ingeridos entre seis e quatro produtos PronoKal por dia, todos em forma de pó, que se transformam em suco, nugget, pão, omelete, arroz doce, mousse de chocolate e muito mais, conforme o modo de preparo. “Na minha experiência em consultório, nessa primeira fase as mulheres eliminam, em média, 6 quilos por mês e os homens, 8, ou seja, um resultado ainda melhor do que o alcançado com medicação, que geralmente não passa dos 4 quilos nesse mesmo período”, conta a endocrinologista. Com o passar dos dias e conforme o resultado alcançado, a quantidade de produtos diminui e a pessoa volta a ingerir proteínas magras, como peixe, ovo, carne vermelha e frango.
- Etapa 2: quando faltam apenas 20% para atingir o peso desejado, começa a adaptação fisiológica. Para isso, a carga calórica é aumentada com a reintrodução gradual de carboidratos bons, como frutas e pão integral, e novamente a redução de produtos PronoKal. “É bem mais fácil fazer reeducação alimentar quando você já perdeu 80% do seu peso e está animada porque falta muito pouco para atingir seu objetivo”, explica a doutora Lívia Lugarinho.
- Etapa 3: nesta fase de manutenção a dieta deixa de ter os produtos PronoKal para conter apenas alimentos. Para garantir a adoção dos bons hábitos aprendidos, quem faz o método ganha descontos em algumas academias, acompanhamento de um educador físico em grupos específicos e assessoria nutricional por dois anos. “Estudos mostram que durante esse período a pessoa pode ficar mais suscetível a cometer alguns deslizes e recuperar o peso eliminado, por isso é importante manter o paciente estimulado e focado em atingir a sua meta”, completa a médica.
Estudo desmistifica efeito rebote
Um estudo desenvolvido ao longo de dois anos na Universidade General Hospital Gregorio Marañón (Espanha), recentemente publicado na revista científica Endocrine, constatou que, após 24 meses, com o Método PronoKal, foi possível perder mais que o dobro de peso, em comparação a uma dieta hipocalórica convencional.
De acordo com a especialista, o estudo desmistifica a ideia de que dietas com perda rápida de peso estão associadas ao efeito rebote. “Trata-se do primeiro estudo a nível mundial comparando uma dieta cetogênica a uma dieta hipocalórica padrão por longo prazo”, afirma. A médica ressalta que o sucesso da manutenção dos bons resultados do primeiro grupo está associado, não apenas à restrição calórica, mas também a uma reposição vitamínica adequada e à abordagem multidisciplinar que o método oferece.
Conforme o estudo, com o método não se atingiu a perda de peso só em quantidade, mas também em qualidade, porque houve uma redução três vezes maior de gordura visceral, em comparação ao grupo da dieta hipocalórica. “Esta é a gordura localizada na barriga, que é metabolicamente ativa e muito prejudicial à saúde, porque altera o colesterol e colabora para que a pressão arterial suba. Sua redução melhora especialmente o aspecto cardiovascular”, explica a médica.
A pesquisa iniciou com 79 participantes e foi concluída com 45 pacientes: 22 na dieta VLCD proteinada, e 23 na dieta de baixas calorias tradicional. A intervenção para ambos os grupos incluiu acompanhamento periódico com médicos e nutricionistas, grupos de discussão e orientação de atividade física, onde recebiam conselhos individuais e mensagens motivadoras.
Ao final de 24 meses, observou-se que no primeiro grupo, a perda foi de 12,5 Kg contra 5,2 Kg do segundo. Após o mesmo período, mais da metade (54,5%) dos pacientes do primeiro mantiveram a perda de mais de 10% do peso inicial, frente a apenas 13% dos que seguiram a dieta hipocalórica. Além disso, os pacientes do método apresentaram uma média de IMC (Índice de Massa Corporal) menor que 30, saindo portanto da obesidade, o que não foi conseguido em nenhum momento pelos outros participantes.