O processo de transição de gênero – também chamado de transexualização – é, sem dúvida, uma jornada complexa e desafiadora para muitas pessoas que buscam a harmonia entre sua identidade de gênero e seu corpo. Essa trajetória envolve diferentes etapas, desde a autodescoberta até a realização de procedimentos médicos e sociais.
Porém, muitas ainda não sabem exatamente como seguir com toda essa mudança. Pensando nisso, o Sistema Único de Saúde (SUS) segue oferecendo assistência nesse sentido para essa parcela da população, a fim de permitir o acesso a cuidados médicos especializados gratuitamente.
Em São Paulo, por exemplo, o processo de inclusão na linha de cuidado ocorre por meio de um atendimento inicial na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima, seguido por um atendimento sequencial na Unidade de Referência da Rede SAMPA Trans, mediante agendamento. A partir desse ponto é que os atendimentos necessários passam a compor o cronograma do usuário.
Passo a passo do atendimento inclui equipe multidisciplinar
Normalmente, a jornada do paciente é apoiada por diferentes profissionais, que auxiliam em questões distintas nesse período. Inicialmente, o paciente responde a um questionário aplicado pelo enfermeiro, que também deve analisar os exames laboratoriais e de imagem apresentados. Após essa etapa, ele passa pelos cuidados do assistente social, sendo posteriormente encaminhado ao médico endocrinologista.
“A escuta qualificada e o atendimento personalizado praticados pela nossa equipe multiprofissional representam um aprimoramento das atividades de cuidado prestadas à população trans. Tudo foi construído ao longo do período de atendimento, quando se evidenciou a necessidade do envolvimento de diversos profissionais no processo transexualizador”, afirma Roberta Aparecida Lopes, gerente doHospital Dia M’Boi Mirim I.
Nesse processo, há ainda a inclusão do profissional farmacêutico, responsável por orientar sobre a medicação dispensada. Além disso, o psicólogo desempenha um papel crucial para promover a saúde mental, o bem-estar geral e a qualidade de vida do paciente.
“O cuidado que oferecemos é totalmente centrado na pessoa atendida. Isso significa que buscamos entender suas percepções, necessidades e desejos para, assim, seguir com a construção de um plano terapêutico preciso e individualizado”, explica a gerente.
Como procurar atendimento pelo SUS
O Polo de Processo Transexualizador instalado no Hospital Dia M’Boi Mirim I – Jardim Ibirapuera, localizado na zona Sul de São Paulo passou a atender a demanda em fevereiro de 2020 e já beneficiou mais de 100 pessoas. A unidade é gerenciada pelo Cejam, em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo,
O paciente que procura o Polo de Processo Transexualizador do HD M’boi Mirim I precisa, antes de tudo, seguir essas diretrizes. Além dele, o Hospital Dia Campo Limpo – Jardim Pirajussara, também localizado na zona Sul de São Paulo, oferece serviços de saúde voltados para a transexualização.
Ambas as unidades funcionam das 7h às 22h. Para obter mais informações, é possível entrar em contato pelos telefones (11) 2540-4444 (Jardim Ibirapuera) e (11) 5843-5858 (Jardim Pirajussara).
Centro de Referência para População Trans oferece vários serviços
Ainda em São Paulo, o Centro de Referência para a População Transexual e Travesti (CR POP TT) – Janaína Lima, localizado na região central, tem capacidade para realizar mais de 1,2 mil consultas médicas por mês, é um serviço da rede municipal para fortalecer e ampliar o atendimento à população LGBTQIA+.
A unidade oferece hormonização para adolescentes a partir dos 16 anos; apoio psicossocial a familiares de crianças e adolescentes com variabilidade de gênero; acolhimento em saúde mental (oficinas e grupos terapêuticos); pré-natal; abordagem para possíveis complicações causadas após implante de silicone; acompanhamento de pessoas intersexo; atendimentos a complicações cirúrgicas de afirmação de gênero e endocrinopatias de base afetadas pelo uso de hormônios.
Em celebração ao Dia Nacional da Visibilidade Trans (29/1), entre os dias 22 e 27 de janeiro, a unidade – administrada pela Associação Filantrópica Nova Esperança (AFNE) – promoveu a Campanha Sorriso Trans. Em parceira com o Centro de Cuidados Odontológicos, a ação visa fornecer atendimento em saúde bucal para os usuários do CR POP TT.
Com Assessorias