A Semana Mundial Sem Tabaco tem como objetivo reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos causados pelo tabaco. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de cigarro é responsável pela morte de dois em cada três fumantes, além de trazer diversos prejuízos à saúde. As substâncias presentes nos cigarros podem provocar doenças cardíacas, respiratórias e ainda afetar a fertilidade masculina e feminina.
Alguns estudos apontam que mulheres fumantes não possuem uma capacidade fisiológica de gerar um bebê tão eficientemente quanto as não-fumantes. Além disso, as taxas de infertilidade em fumantes de ambos os sexos são cerca de duas vezes maiores que as taxa de infertilidade encontrada em não-fumantes”, comenta Renato de Oliveira, ginecologista da Criogênesis.
Estudos realizados em animais apontam uma diminuição no tamanho dos ovários, além de alteração do crescimento, número e amadurecimento dos óvulos produzidos – eventos fundamentais para a reprodução humana. Em seres humanos, pesquisas demonstram a presença de cotinina – metabólito da nicotina – no líquido folicular de mulheres que fumam. Fumantes passivas – que inalam fumaça de terceiros -, também apresentaram doses da substância.
O especialista alerta que o consumo de tabaco diminui a produção de espermatozoides e provoca alterações em seu DNA. Ou seja, homens fumantes têm chances de produzir uma quantidade menor de espermatozoides saudáveis, com a motilidade reduzida e alterações na sua morfologia. Diminuem também a quantidade de protamina, proteína responsável pela formação de cromossomos durante a fase da fecundação.
Com isso, abortos espontâneos e taxas de deficiências no nascimento são maiores entre as pacientes fumantes, mesmo em casos de tabaco sem fumaça. “As mulheres que fumam são mais propensas a conceber uma gravidez cromossomicamente insalubre, como por exemplo, bebês com síndrome de Down, gravidez ectópica e parto prematuro”, ressalta o Dr. Renato.
O cigarro também compromete a vascularização da circulação placentária (que é extremamente necessária para o desenvolvimento adequado do feto), propiciando graus variados de sofrimento fetal.
Prejuízos nos tratamentos de fertilidade
Mesmo nos tratamentos de fertilidade, como a fertilização in vitro (FIV), os danos causados pelo tabaco podem levar a sérios impactos negativos. Fumantes do sexo feminino precisam de mais medicamentos estimuladores do ovário durante a fertilização e possuem menos óvulos. Além disso, as taxas de gravidez são 30% menores em comparação com as pacientes de FIV que não fumam.
“Engravidar sendo fumante ativo ou passivo causa consequências danosas à saúde do bebê. Além do risco já mencionado de aborto e de gravidez ectópica, caso a gravidez vá adiante, a fertilidade do próprio feto pode ser prejudicada no futuro. Caso seja uma menina, sua reserva ovariana pode ser diminuída e, no caso de menino, é possível que ele se torne infértil no futuro. Pela própria saúde e pela saúde dos seus descendentes, é preciso parar de fumar antes de engravidar”, conclui o profissional.