O Dia dos Namorados é uma data comemorada por casais em todo o mundo, representando um momento especial para expressar amor, afeto e compartilhar momentos emocionantes. No entanto, em meio às expectativas românticas e comerciais que cercam essa ocasião, é essencial lembrar da importância da saúde mental. Essa data pode ser uma época desafiadora para muitas pessoas, pois podem experimentar uma série de emoções e pensamentos que afetam diretamente o bem-estar psicológico.
Higor Caldato, médico psiquiatra e sócio do Instituto Nutrindo Ideais, especialista em psicoterapias e transtornos alimentares, explora a relação entre a saúde mental e o Dia dos Namorados, abordando questões como a solidão, a pressão social, a autoestima e a importância do autocuidado emocional. Além disso, traz estratégias e sugestões para promover uma experiência saudável e positiva nessa ocasião. Confira:
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Como cuidar da saúde mental durante essa época?
De acordo com Higor, essa é uma época em que as emoções podem estar ainda mais à flor da pele e nem sempre são as mais agradáveis a se ter nesse momento. A solidão e a tristeza podem ficar mais gritantes em datas como esta, reconhecer esses sentimentos e permitir sentí-los também é importante.
Priorize o autocuidado, faça coisas que lhe tragam alegria e satisfação pessoal. Busque conexões significativas com outras pessoas, mesmo que não seja um relacionamento romântico; como encontrar familiares e amigos; o apoio social pode ser reconfortante. Não se compare aos outros e tente focar em seu próprio crescimento e felicidade. Se os sentimentos de tristeza e solidão persistirem, considere buscar ajuda profissional”, completa.
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Como equilibrar a saúde mental com as expectativas e demandas de um relacionamento amorosos?
É fundamental que você se comunique abertamente com seu parceiro sobre suas necessidades emocionais e mentais. Seja honesto e aberto sobre suas expectativas e limites. Evite colocar pressão excessiva sobre essa data específica e pense no seu relacionamento como um todo.
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Como lidar com memórias dolorosas de relacionamentos passados ou traumas emocionais?
É comum sentir raiva, tristeza, dor ou qualquer outra emoção que possa surgir ao recordar de relacionamentos traumáticos do passado. Procure apoio de pessoas que você confia, como família, amigos e também apoio de um terapeuta. Compartilhar suas experiências e emoções pode ser terapêutico. O profissional irá te ajudar a processar melhor essas memórias dolorosas, diz o médico psiquiatra.
Como os solteiros podem ressignificar a data
Especialista em comportamento propõe uma reflexão sobre amor-próprio
A cada Dia dos Namorados, as redes sociais são tomadas por fotos e vídeos de jantares românticos, presentes delicados e declarações apaixonadas. Para quem está solteiro, esse excesso de romantização pode acender um sentimento incômodo de solidão ou até de fracasso pessoal.
A gente vive em uma cultura que associa o amor a dois com sucesso, com a felicidade plena. E, quando não estamos vivendo isso, pode surgir a sensação de que estamos errando em algum lugar”, explica a psicanalista Fabiana Guntovitch.
Segundo ela, que é especialista em Comportamento, a idealização do relacionamento amoroso como ponto máximo da realização pessoal é reforçada por todos os lados: filmes, músicas, propagandas, aplicativos de namoro.
Existe essa ideia de que o amor romântico é o destino. Quem está fora disso muitas vezes sente como se estivesse ‘sobrando’, como se estivesse incompleto”, avalia. “Desde pequenos, somos ensinados a buscar validação no olhar do outro — e, no amor, isso fica ainda mais forte. Ser amado parece confirmar que a gente vale a pena. Só que isso é uma armadilha emocional”, completa Fabiana.
A psicanalista explica que a falta de um parceiro pode ativar fantasias inconscientes de rejeição ou de não pertencimento. “Não é só a ausência de alguém. É a ausência simbólica de um espelho, de alguém que confirme quem a gente é. E isso machuca”, diz.
Pensando nisso, a psicanalista propõe que o Dia dos Namorados também seja um convite ao amor-próprio. “Estar só não significa estar em falta. É possível encontrar maturidade emocional em outros vínculos — com amigos, filhos, projetos e, principalmente, consigo mesmo”, defende ela, que ainda alerta que o amor-próprio não substitui o amor romântico, mas vem antes. “É ele que define o que a gente quer, o que não aceita, e o que espera de uma relação. Sem isso, a gente corre o risco de entrar em histórias que não fazem sentido ou que nos machucam”, afirma.
Como uma afirmação a si mesmo, Fabiana garante que aprender e praticar o amor-próprio pode ser um exercício de resistência. “É uma forma de resistência silenciosa. Um jeito de dizer: eu não preciso seguir o script da idealização. Eu posso me bastar — e isso não é pouco”, pontua a especialista.
Com Assessorias