18 de março – Dentro de casa, afastados do convívio com outros jovens, e sem poder recorrer a casa dos avós, fica a árdua tarefa dos responsáveis de conciliar trabalho e atividades que os mantenham na rotina. Independentemente da idade da criança, adolescente ou jovem, esses novos dias exigem de todos disciplina, solidariedade e paciência, afinal, para todos nós são dias atípicos, mas que não precisam ser traumáticos.

Em momento de pandemia e suspensão das aulas por tempo indeterminado, muitos estudantes terão de se adequar, afinal o período não é de férias e, sim, de afastamento. Muitas instituições estão se movimentando para readequar as atividades que seriam realizadas em sala.

No Colégio Divino Salvador, de Jundiaí (SP) os professores fizeram roteiros de estudo, inicialmente revisando tudo o que foi ensinado até o momento.  As indicações do uso de vídeos, livros, textos e filmes para a criação de uma rotina em cima dos temas. O aluno estuda a apostila, faz os exercícios e depois tem a possibilidade de tirar as dúvidas através da plataforma do COC, com as resoluções dos exercícios passo a passo, inclusive o plantão online com os professores.

Para o coordenador do Ensino Médio, Rodrigo Oliveira, é um momento de readaptação para todos. “Agora os alunos serão protagonistas de fato de seus estudos! Se quiserem dormir o dia ou ver TV o dia inteiro, a responsabilidade é deles e o interesse será o grande desafio. Para os professores também, aprendendo a criar materiais e conteúdo de forma virtual. É um aprendizado”.

A coordenadora do Ensino Fundamental, Cintia Pedrisa Orsi, explica que é preciso disciplina para estudar, ter um horário e realizar as tarefas. “Nossa dica é que os alunos peguem os horários das aulas e estudem as matérias do dia. Não precisa ser a mesma quantidade de tempo, nem na mesma sequência de aula, mas é essencial que se programe para aquelas aulas, seguindo os roteiros semanais enviados pelos professores”.

Para os alunos da Educação Infantil, o roteiro é o mesmo, mas é essencial a participação dos pais. Lia Mara dos Santos, coordenadora, explica que a educação infantil pressupõe interação. “

Embora não estejamos presentes na escola fazendo essa interação, os pais precisam fazê-la, acompanhando a rotina das crianças no momento dos estudos, com regularidade. Não fazer tudo de uma vez a atividade semanal. Faça a atividade daquele dia. Assim mantemos o hábito de estudo, mantendo a regularidade que é importante para que no momento de volta às aulas, não haja um retrocesso”.

Ela reforça que a presença da professora será mantida. “Ela estará mandando mensagens de vídeo para as crianças, para manter o vínculo. Vai falar de forma esperançosa, explicando todo esse processo e, principalmente, que não são férias”.

Orientação da psicóloga

A situação é nova para pais e para crianças. Se os adultos ainda têm dificuldade de compreender o momento de isolamento, para os filhos a situação é mais delicada e precisa ser tratada com muita seriedade, mas também de forma tranquila para não causar desespero.

Maria Isabel Gut, psicóloga e orientadora educacional do Colégio Divino Salvador, afirma que o momento é de ativar a criatividade. “Muito tempo em isolamento requer paciência, pois existe um limite de tolerância. Jogos de tabuleiros, fazer massinha em casa, aprender uma receita em casa. Não sabemos quanto tempo vai durar, é um momento de incerteza, por isso precisaremos nos reinventar principalmente quanto às propostas aos filhos”.

Para ela, essa situação rara vai resgatar o ensino de valores, que compactua tanto com o que o Colégio trabalha no seu núcleo de formação humana. “São valores de solidariedade, colaboração, do cuidado com o próximo. Várias lições podem ser tiradas de tudo isso, sem mágica ou receita pronta. Estamos aprendendo e seremos referência para as próximas gerações. É um momento de olharmos uns para o outros”.

Para as famílias que transformaram a casa num verdadeiro coworking, Leonardo Lopes, gerente educacional da rede de escolas Luminova, separou algumas dicas que podem vir bem a calhar.

“Neste momento em que os familiares têm que dar conta do trabalho, da casa e dos filhos, a primeira dica é certificar as configurações de privacidade e segurança dos dispositivos conectados à internet. Precisamos ter em mente que não será possível vigiá-los 24 horas por dia, então, se alguns acessos já estiverem bloqueados, como salas de bate papo com desconhecidos, é uma coisa a menos para se preocupar”, sugere o educador.

Depois, a dica é convidar as crianças e jovens a criarem, juntos, uma programação de tarefas. “É preciso estimular a criatividade, habilidade que na escola é desenvolvida em diversas atividades. Em casa, a pergunta que se pode fazer é ‘o que podemos fazer para brincar?’ e deixar que as próprias ideias, vindo deles, sejam de fato realizadas nesse período”, completa.

Atividades que sejam compatíveis com a idade são essenciais e a internet deve ser explorada para ajudar. Aos menores, por exemplo, atividades de pintura, recorte e colagem são ótimas para o desenvolvimento da criatividade e coordenação motora fina. Um exercício que pode ser facilmente adaptado é o recorte de móveis de revista ou impressos da internet e que podem ser usados para reorganizar cômodos da casa.

“Com as suas devidas proporções, é possível desenhar a planta da casa/dos cômodos e deixar que os pequenos façam a disposição que eles acharem mais legal. É até uma oportunidade para nós, adultos, desenvolvermos um outro olhar sobre nosso lar”, sugere. Pesquisar sobre cores para propor determinadas pinturas ou apontar lápis para usar a casquinha e fazer colagem sobre objetos e desenhos são outras formas de, mesmo dentro de casa, continuar desenvolvendo as habilidades básicas.

Já os jogos de tabuleiro são sempre bem-vindos e é uma ótima oportunidade de confraternizar com a família inteira. Para os pequenos, o jogo de mímica desenvolve a consciência corporal e a lateralidade; para os mais velhos, jogos de estratégia que unem com conhecimentos de geografia e história instigam o raciocínio lógico.

Mas não é só o cérebro que precisa ser treinado; o acúmulo de energia será ainda mais perceptível nos próximos dias, já que as atividades físicas não devem acontecer, por orientações médicas. “É preciso que os jovens extravasem essa energia, então, brincadeiras de dança ou apps de realidade virtual que simulem atividades ao ar livre podem ser um meio deles não ficarem completamente parados”, comenta Leonardo.

Por fim, para a turma que já está na fase pré-vestibular, os próximos dias podem ser uma oportunidade e tanto para tirar dúvidas com professores, já que a maioria das escolas continuarão a atender por meio de plataformas online. Aproveitar para ler um livro, assistir documentários, pesquisar sobre conteúdos disciplinares no youtube ou acessar portais oficiais e treinar para provas do ENEM ou das universidades desejadas é uma forma de ‘não perder tempo’ em casa.

Mas, para o gerente, as dicas acima só fazem sentido se os responsáveis souberem entender e respeitar o momento de cada um. “É preciso preservar o querer e o tempo de cada criança, buscando atividades que estimulem principalmente a criatividade. Para quem já está nas séries mais avançadas, vale auxiliar na gestão do tempo, tendo em vista que o que a eles compete é a prática do conhecimento e, com abordagens diferentes, a educação física, que segue o mesmo princípio de motricidade e consciência corporal”, conclui.

Depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado pandemia de coronavírus, e as autoridades públicas anunciarem medidas para conter a disseminação da doença como suspensão das aulas, fechamento de cinemas, teatros e ter determinado o cancelamento de grandes eventos, muitos profissionais se viram diante da realidade do home office com o agravante das aulas igualmente canceladas. Diante desse fato, muitas empresas estão organizando o modelo de trabalho remoto com reuniões, conferências e chamadas seguindo, na medida do possível, seu ritmo normal, mas lidar com os pequenos e com a rotina profissional ao mesmo tempo não é tão simples.

Com isso, Rebeca Toyama especialista em estratégia de carreira aproveita para dar dicas sobre como praticar home office de forma eficiente, com organização, disciplina e mesmo com as crianças em casa.

Segundo a pesquisa realizada por professores da Harvard Business School e da Northeastern University os profissionais que trabalham no local onde desejam independente de ser em casa ou no escritório, garantem um aumento na produtividade e qualidade de vida, além de entregar mais resultados. O objetivo da pesquisa era medir o impacto na produtividade quando se elimina totalmente a exigência de um local fixo para trabalhar.

“Muitos profissionais estão experimentando essa modalidade pela primeira vez, o que de certa forma necessita uma rápida adaptação. Dificuldades podem surgir, mas a palavra-chave para evitar problemas entre os líderes e funcionários é comunicação e organização. Combinar com o time uma estratégia pensando em canais que supram a necessidade do trabalho, é primordial”, explica Rebeca Toyama.

A especialista em estratégia de carreira alerta que é necessário ter responsabilidade para executar todas as funções. “Apesar de muitos profissionais não estarem acostumados com o trabalho remoto, é importante ressaltar a necessidade de se ter muita disciplina e organização para que não haja desconforto durante o período. E é sempre bom lembrar que fazer home office significa manter a produtividade, exatamente como se estivesse no escritório.”, completa Rebeca.

Home office com crianças

A administração do tempo é essencial neste período, ainda mais quando se tem os filhos em casa e as demandas do trabalho, mas o importante é não se ausentar para ambos. Com organização e a comunicação em equipe, as tarefas do trabalho serão cumpridas, já com as crianças, o papel é acompanhar e estimular a realização de tarefas escolares na quarentena. “O primeiro passo é explicar às crianças, conforme seu nível de entendimento, que ninguém está em férias e é preciso manter uma rotina, como melhor ponto de partida”, avalia a especialista.

As crianças copiam sempre as atitudes dos adultos, e essa é uma oportunidade para mostrar aos filhos a importância da disciplina e dedicação com o trabalho e os estudos. “Essa é uma excelente forma para estreitar os laços familiares. Os pais precisam criar uma rotina de estudos para seus filhos em casa, levando em consideração os horários que as crianças seguem em seu dia-a-dia.”, conta Rebeca.

Além da rotina de estudos, a especialista revela que os pais precisam se atentar às atividades que vão oferecer, evitando que as crianças fiquem muito tempo em frente à televisão. “Reservar uma parte do dia para os estudos e mesclar o tempo restante com atividades lúdicas e educativas ajudará muito, pois eles estão em constante aprendizado e é sempre importante estimular novas experiências.”, finaliza a especialista.

Para ajudar os profissionais nesta nova experiência, Rebeca Toyama, especialista em estratégia de carreira, selecionou 10 dicas para executar o trabalho remoto de forma produtiva mantendo as crianças em casa.

1- Mantenha sua rotina: Acorde no horário habitual e mantenha sua rotina em casa. Vista-se adequadamente, faça um café e lanches e defina um horário específico de trabalho;

2- Tenha um espaço para trabalhar: Separe um local silencioso e confortável para que consiga focar e cumprir as demandas. Se for preciso mudar algum móvel de lugar, o recomendado para se montar um escritório em um local que não seja a sala ou a cozinha, por exemplo, se o espaço permitir;

3- Seja disciplinado: Evite distrações como televisão e redes sociais e dedique seu tempo para os fluxos de trabalho;

4- Mantenha contato com pessoas: Além do contato com a equipe de trabalho, nas pausas tenha conversas leves, assim evitará se sentir isolado. Aproveite as ferramentas de vídeo-chamada e faça pequenas interrupções para falar com as pessoas;

5- Crie para eles uma rotina de estudos: Mantenha os horários que as crianças seguem em seu dia-a-dia. Tenha um lugar onde a criança consiga estudar, sem ter contato com distrações;

6- Dê prioridade para os estudos da criança: Algumas escolas adotaram o ensino a distância e as “homeworks” são transmitidas diariamente, mas grande parte do ensino nacional ainda não tem essa estrutura, por isso é interessante buscar alternativas na internet de vídeos e atividades indicadas para cada faixa etária. Hoje em dia existem canais no Youtube com conteúdos educativos;

7- Dê atividades para as crianças: No tempo livre, depois de realizarem as tarefas da escola, brincadeiras como STOP, palavras-cruzadas, forca, jogos de tabuleiro, xadrez e outras atividades ajudam a exercitar o cérebro e ocupam o tempo;

8- Jogos com tarefas longas são interessantes: Como montagem de blocos com muitas peças ou quebra-cabeças que são mais em conta. Há mosaicos complexos que exigem horas de dedicação para formar uma imagem e ocupam boa parte do tempo das crianças. Em suas pausas, reserve alguns minutos para mostrar novas atividades que desperte diferentes experiências, como por exemplo, arte com recicláveis e atividades que utilizem recorte e colagem, estimulando a imaginação;

9- Seja o maior exemplo: Todos sabem que as crianças observam os adultos, portanto, mostre para seus filhos a importância da disciplina e dedicação com seu trabalho, assim será mais fácil para a adaptação dos estudos em casa;

10 – Converse e explique a situação atual: Diante desse momento, o importante é explicar todo o contexto de forma leve e lúdica para as crianças, mostrando que esse período é passageiro e logo todos voltaram a sua rotina.

Terapeuta familiar ensina a ressignificar

Crianças sem escola e confinadas dentro de casa durante a quarentena: por si só, apenas de pensar neste cenário, esta já parece uma combinação potencialmente explosiva.

A quarentena obrigou pais e filhos a conviverem praticamente 24h por dia no intuito de proteger as famílias contra o novo coronavírus, mas como resultado, especialistas têm apontado que temos pais confusos, esgotados e crianças irritadas, entediadas e à beira do colapso. E agora? O que fazer para minimizar o impacto da quarentena para as crianças e para toda a família?

Apesar de toda a problemática envolvida no tema, a terapeuta familiar Evelyn Stam revela que há sim maneiras de tornar a situação melhor: “Nesse momento a primeira e mais importante coisa a se fazer é ressignificar a situação. Ressignificar não é banalizar a situação, nem diminuir o problema, mas escolher qual o foco que quero dar à situação. Tudo depende de como encaramos a questão. Logo, as crianças podem ser um empecilho na realização do trabalho de casa ou estar em casa pode ser um privilégio, enquanto tantas outras pessoas ainda estão trabalhando do lado de fora.”

Confira abaixo os conselhos de Evelyn Stam para tornar a quarentena divertida para as crianças e mais agradável para os adultos em casa:

Oportunidade de avaliar o aprendizado infantil

Evelyn conta que estar mais tempo com os filhos em casa traz também a possibilidade de acompanhar e avaliar o aprendizado: “Ter crianças em casa pode ser uma oportunidade de ver o que eles estão aprendendo na escola, de ouvir o que eles tem para contar, de descobrir como seu filho aprende e de investir no relacionamento familiar.”

A terapeuta familiar traz alguns conselhos que farão a diferença e transformarão a sua quarentena para algo produtivo e melhor para os seus filhos assim como toda a família. Confira:

Crie uma rotina

Estabeleça um auxílio visual para colocar a rotina em prática. Você pode imprimir uma rotina num papel, fazer um quadro de cartolina ou usar um quadro com imas. O importante é fazer com que o quadro seja bem atrativo para a criança, com imagens e cores.

Coloque tudo na rotina, com horários pré definidos e tempo para cada atividade. Comece com a hora de acordar, café da manhã, rotina das matérias da escola, lanche, hora da brincadeira. Especifique os horários em que a criança vai trabalhar ou se divertir sozinha e também os horários em que ela vai estar com você. Assim, se você tiver que trabalhar, pode explicar mostrando no quadro que fez que em um próximo momento vocês farão algo juntos.
Crianças se beneficiam de rotina e gostam de saber o que vai acontecer. Lembra daquele filme infantil que você já viu cinquenta vezes? O princípio é o mesmo: a criança encontra segurança e tranqüilidade em saber o que vai acontecer.

Aproveite para desenvolver o interesse pela leitura

Deixe o seu filho ver você ler. A criança se espelha no seu comportamento e ver você em casa com um livro na mão vai chamar a atenção. Depois disso você pode chamar a criança para ler com você. Cada um ler uma frase desenvolve a interação, ler ao mesmo tempo ajuda a desenvolver entonação, pontuação e timing.

E ler com o seu filho em qualquer situação é associar o livro com uma memória positiva, com um momento de intimidade entre vocês. Assim criar interesse pela leitura fica muito mais fácil.

Desenvolva a solidariedade

Esse é um bom momento para deixar a criança pintar e desenhar à vontade, mas o que fazer com tanta arte espalhada pela casa? Incentive o seu filho a fazer desenhos e cartões para as pessoas que não podem receber visitas nos asilos, ou para as crianças que vivem em orfanatos.

Uma outra dica é utilizar o tempo em casa para separar brinquedos e livros em bom estado que não são mais usados e enviá-los para outras crianças que também estão em casa. Assim todo mundo vai ter coisas novas para se divertir nesse período de quarentena.

Crie novas brincadeiras

Ative a imaginação dos pequenos e coloque esses pequenos pensantes para trabalhar! A idéia é desenvolver seu próprio jogo de tabuleiro. Eles tem que pensar nas regras do jogo, em cada casa do tabuleiro, em quantos jogadores podem brincar a cada vez. A diversão é infinita.

Depois do jogo pensado é hora da ação: muito papel, caneta, lápis de cor, cola, liberdade e criatividade. Fazer o jogo é quase tão divertido quanto brincar com ele depois!

Faça bom uso da internet

Com o confinamento vieram também a boa iniciativa de muitas empresas: livros online gratuitos ou quase gratuitos, cursos de pintura grátis, canais de experiências caseiras no YouTube, a lista é extensa! Você como pai ou mãe é responsável pelo que o seu filho vê no computador, mas pode fazer uma seleção para a semana e deixar a lista prontinha pra uso. Discuta com a criança quais as coisas que ela gostaria de aprender e deixe ela participar do processo.

Aproveite esse momento para conhecer melhor o seu filho. Essa é uma ótima oportunidade para estimulá-lo com atividades que sejam produtivas e educativas, ao mesmo tempo que são focadas no que ele gosta. Converse com seu filho e escute o que ele tem a dizer.

Com Assessorias

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