Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 2,8 milhões de pessoas morrem todos os anos em decorrência de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho. Paralelamente, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estima que o setor produtivo responde por mais de 20% das emissões globais de gases de efeito estufa.

Diante desse cenário, cresce a urgência por modelos corporativos que integrem segurança do trabalho e responsabilidade ambiental, temas que ganham ainda mais visibilidade durante a Semana do Meio Ambiente, celebrada entre os dias 1º e 5 de junho.

Para Marco Aurélio Bussacarini, médico especialista em Medicina Ocupacional pela USP, a relação entre saúde ocupacional e sustentabilidade precisa ser enxergada como uma interdependência e não mais como iniciativas isoladas.

Quando falamos em saúde ocupacional, falamos também em bem-estar integral. Isso inclui o ambiente físico, social e, claro, ambiental. Adotar práticas sustentáveis nas rotinas corporativas é uma forma direta de proteger a saúde dos trabalhadores, promover eficiência e reduzir impactos negativos no meio ambiente”, afirma.

Na prática, essa integração pode se manifestar de diferentes formas. A escolha de EPIs ecológicos, por exemplo, produzidos com materiais recicláveis ou biodegradáveis, reduz o impacto ambiental sem comprometer a segurança dos trabalhadores.

Soluções ergonômicas que priorizam o conforto físico com baixo consumo energético e materiais duráveis também têm se mostrado eficazes na promoção da chamada ergonomia sustentável. “A ergonomia sustentável é uma aliada tanto da saúde física quanto da preservação ambiental”, destaca Bussacarini.

Gestão ambiental do espaço de trabalho

Outro ponto de atenção está na gestão ambiental do espaço de trabalho. Políticas de reciclagem, economia de água e energia, descarte correto de resíduos e incentivo à mobilidade sustentável, como bicicletários e caronas compartilhadas,  contribuem para a construção de uma cultura corporativa mais consciente.

A empresa que se compromete com o meio ambiente também está cuidando da saúde mental dos seus colaboradores. Trabalhar em um ambiente limpo, organizado, com políticas claras de sustentabilidade, gera senso de pertencimento e propósito. Isso impacta positivamente nos índices de afastamento, produtividade e clima organizacional”, observa o especialista.

Bussacarini enfatiza ainda que o papel da liderança é decisivo nesse processo. A transformação começa no topo e deve ser incorporada à cultura da empresa de forma consistente.

Não adianta apenas colocar um selo verde no site ou promover ações pontuais em datas comemorativas. É preciso incorporar a sustentabilidade às rotinas da SST, aos treinamentos, aos contratos com fornecedores e à mentalidade das lideranças”, alerta.

Em um cenário em que a agenda ESG ganha força e a fiscalização ambiental e trabalhista se torna mais rigorosa, a adaptação a esse novo contexto é também uma medida de gestão de riscos.

Unir saúde ocupacional e sustentabilidade não é apenas uma exigência ética, é uma estratégia de gestão inteligente. Fortalece a marca, reduz passivos e, acima de tudo, contribui para um futuro mais saudável, seguro e viável para todos”, conclui.

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