Além dos impactos ao meio ambiente (veja ao final do texto), estudos mostram que microplásticos já são encontrados em diferentes órgãos do corpo humano, o que pode representar sérios riscos à saúde. Recentemente, novos estudos apontaram a presença de microplásticos em placentas e cordões umbilicais de gestantes. Eles também aumentam a exposição a componentes químicos perigosos, como metais pesados, pesticidas e microrganismos
Pesquisas mostram que ingerimos cerca de 5g de microplásticos semanalmente por meio da água, alimentos e contato com embalagens plásticas. Segundo estudo da University of Newcastle, na Austrália, divulgado em relatório da Ong WWF, é como se cada pessoa ingerisse um cartão de crédito por semana. Ao longo da vida, estima-se que cada pessoa terá 25kg de microplástico no organismo, envenenando lentamente o corpo humano, podendo causar demência, câncer e doenças neurodegenerativas.
Apesar de já termos nos acostumado a ver imagens de montanhas de material sintético poluindo nossos oceanos, saber que ele circula em nossas veias é alarmante. Até porque, este microplástico que corre em nosso sangue se espalha pelos demais órgãos, podendo ser encontrado nos pulmões, útero, cérebro e até no leite materno.
Produtos feitos com microplásticos retirados de sangue humano
Criação da DM9 para a OKA Biotech revela resquícios nocivos em nosso organismo e propõe uma alternativa que vem da natureza
A OKA Biotecnologia e a DM9 criaram o Plastic Blood, um projeto de design, biotecnologia e sustentabilidade que usa o microplástico, extraído do sangue humano, para desenvolver uma linha de produtos figurativos: copos, canudos, sacolas e garrafas.
Para dar vida à ação, o projeto extraiu microplásticos de 1.000 bolsas descartadas, aproximadamente 450 litros, usando um processo de diálise adaptada e isolamento enzimático. Com o material obtido, foram impressos objetos em 3D para uma exposição criada pela DM9.
“Nosso desafio criativo era transformar uma questão microscópica e invisível em uma experiência física, emocional e midiática. Plastic Blood reimagina a poluição plástica não como uma questão ambiental, mas como uma crise de saúde humana. Essa transformação chocante cativa e perturba, forçando as pessoas a confrontar o que vive dentro delas devido ao uso diário do plástico.”, afirma Laura Esteves, VP de criação da DM9.
Além de alertar sobre o tema, a campanha apresenta uma alternativa concreta, viável e revolucionária: a OKA Biotech, uma empresa que produz materiais 100% biodegradáveis e naturais, capazes de substituir o plástico em praticamente todas as indústrias.
Nosso processo produtivo é limpo. Além de zero resíduos, pouca demanda de água na cadeia industrial e uso de energia renovável, utilizamos como matéria-prima a mandioca. Isso resulta em produtos práticos, resistentes, térmicos, 100% biodegradáveis e até comestíveis. Dessa forma, as empresas têm a possibilidade de usar embalagens que reduzem a poluição“, garante Érika Cezarini Cardoso, fundadora da Oka biotecnologia e Dooka 360.
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Agenda Positiva
Curso online gratuito apresenta panorama sobre microplásticos
Estão abertas até dia 26 de agosto as inscrições no curso “Microplásticos – natureza, ocorrência e impacto ambiental”, gratuito e online, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A proposta do curso é oferecer uma formação ampla e interdisciplinar sobre o tema, com um panorama sobre os microplásticos e seus efeitos, combinando fundamentos científicos, casos reais e discussões contemporâneas sobre legislação e desafios sociais.
Dentre os temas abordados estão definições e categorias de microplásticos, métodos de monitoramento e análise, toxicidade e políticas regulatórias. As aulas acontecem entre os dias 2 de setembro e 16 de dezembro, com encontros síncronos sempre às terças-feiras, das 8 às 10 horas
O curso será ministrado por Walter Waldman, docente no Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Uso de Recursos Renováveis (PPGPUR) e coordenador do Grupo de Pesquisa em Poluição Plástica (GPPP) da Universidade. O pesquisador é referência em sua área de atuação, com trajetória internacional no estudo de microplásticos e polímeros em geral, atuando em projetos que combinam química ambiental, toxicologia e políticas públicas.
A crise dos microplásticos é um desafio científico, ambiental e comunicacional. Precisamos formar pessoas capazes de transformar esse problema em ações concretas e mudanças de comportamento”, destaca Waldman, reforçando o convite para participarem e contribuírem na divulgação de informações de qualidade sobre o tema.
Existem duas possibilidades de participação: como aluno especial em disciplina do PPGPUR (para estudantes de pós-graduação com ou sem vínculo com a UFSCar) ou pela plataforma Ocean Teacher Global Academy (OTGA), da Unesco (para quaisquer outras pessoas interessadas).
A dinâmica das aulas tem o propósito de compartilhar informações, sanar dúvidas e gerar novas perguntas, avançando nos conceitos da área. Já registramos em outras ofertas 200 pessoas em uma aula síncrona, o que acarreta diversidade de pontos de vista e garante um debate relevante, representativo para diversos segmentos, seja em áreas do conhecimento, seja quanto a profissionais de vários setores, públicos ou privados”, destaca Waldman.
As inscrições de alunos especiais devem ser feitas até 26 de agosto, com preenchimento de formulário de inscrição e conforme normas descritas no site do PPGPUR. Para participantes via OTGA, haverá emissão de certificado de 45 horas cursadas mediante cumprimento de requisitos mínimos. A programação detalhada e outras informações, bem como instruções para inscrição, podem ser conferidas neste link.
Esta oferta do curso tem vínculo com o projeto temático “Destino e impactos de microplásticos e pesticidas em matrizes aquáticas e terrestres em contexto agrícolas” (apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp), bem como com o projeto “Materiais avançados para recuperação, tratamento e monitoramento de meio ambiente” (apoiado pela Financiadora de Estudos e Projetos – Finep) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Circularidade em Materiais Poliméricos (INCT Circularidade, apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq).
Microplásticos em números no Brasil
- A geração de microplásticos — minúsculos fragmentos de plástico que contaminam o meio ambiente, especialmente rios e oceanos — tem se tornado um problema crescente no Brasil e no mundo. Nosso país produz cerca de sete milhões de toneladas de plástico por ano. Desse montante, três milhões de toneladas são de plástico de uso único, como embalagens e produtos descartáveis (copos, talheres, sacolas, bandejas de isopor, entre outros).
- Esse total equivale a aproximadamente 500 bilhões de itens por ano, ou 15 mil itens por segundo. Além disso, anualmente, o Brasil despeja 1,3 milhão de toneladas de lixo plástico nos oceanos, o que nos coloca na posição de oitavo maior poluidor plástico do mundo.
- Quarto maior produtor de resíduos plásticos do mundo, o Brasil recicla efetivamente somente 1% deste material, segundo informação do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), movimento que reúne empresas de diversos setores. Apesar de ser o maior produtor da América Latina, o Brasil ainda não tem nenhuma lei que regule a produção de plásticos.
- A prática tem gerado os microplásticos, partículas de até 5 milímetros provenientes da degradação e fragmentação dos produtos plásticos, e que acabam chegando aos rios e oceanos. Estimativas apontam que o Brasil contribui com até 190 mil toneladas do volume total de lixo no ambiente marinho. Estudos recentes calculam que o potencial de perda de itens plásticos para o ambiente no Brasil é de 3,44 milhões de toneladas por ano.
- Material cada vez mais presente no cotidiano, o plástico traz benefícios por ser leve, durável e de baixo custo. No entanto, a abundância desse material, somada à falta de incentivo à reciclagem, acaba trazendo problemas, caso do descarte inadequado.
- Segundo dados apresentados no relatório ‘Microplásticos: Um problema complexo e urgente’, lançado no último dia 7 pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), 80% dos resíduos plásticos que chegam ao mar e que podem se transformar em microplásticos provêm de atividades realizadas em terra, como turismo, indústria, ocupação urbana desordenada e má gestão de resíduos sólidos, permeadas por padrões insustentáveis de produção e consumo.
- Os outros 20% seriam originados em atividades realizadas no mar, como o transporte marítimo e a pesca. Uma vez no oceano, os resíduos sofrem dispersão por meio de marés, correntes e ventos, gerando diversos impactos ambientais, sociais e econômicos e sendo ingeridos por animais marinhos e outros seres vivos da cadeia alimentar marítima.
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O Dia de Combate à Poluição visa alertar e conscientizar a sociedade e governos sobre os impactos negativos da degradação ambiental, incentivando a adoção de práticas sustentáveis para proteger o planeta. A data foi criada em referência ao Decreto-Lei nº 1.413/75, que estabeleceu os primeiros esforços para controlar a poluição industrial no Brasil. É uma data para promover a reflexão e o diálogo sobre soluções para a poluição e a preservação do meio ambiente. Serve para sensibilizar a sociedade sobre os riscos da poluição para a saúde humana e o meio ambiente.
- Reduzir o uso de plásticos: Dê preferência a sacolas retornáveis e evite embalagens plásticas.
- Separar o lixo: Separe o lixo orgânico e o reciclável para a coleta seletiva.
- Evitar queimadas: Não realize queimadas e evite o descarte inadequado de materiais que possam pegá-las.
- Praticar o consumo consciente: Reutilize embalagens sempre que possível.
- Usar transporte sustentável: Prefira caminhar, andar de bicicleta ou usar o transporte público para reduzir a poluição do ar.
- Descartar o óleo corretamente: Leve o óleo de cozinha usado a postos de coleta apropriados.
Com Assessorias