doença celíaca é uma condição autoimune, de origem hereditária, que se manifesta logo após a ingestão do glúten – proteína encontrada em diversos cereais. Ou seja, o sistema imunológico de quem sofre com o problema ataca as células saudáveis assim que o glúten chega ao intestino delgado, gerando um processo inflamatório na parede interna desse órgão.

Essa condição não tem cura e, depois de diagnosticada, precisa ser tratada. Esse processo é inteiramente focado na mudança de hábitos alimentares, mais precisamente em uma dieta sem glúten. Feito isso, o corpo funcionará normalmente. Quem convive com essa condição sabe que é preciso ir além do diagnóstico. Afinal, o glúten não pode fazer parte da vida de um celíaco em hipótese alguma. Um dos desafios de quem é celíaco é encontrar alimentos que não contenham nem ao menos traços de glúten, e a conscientização ajuda na criação de novos produtos.

Além de conviver com as restrições impostas pelos novos hábitos alimentares, as pessoas que sofrem com a doença celíaca precisam ter atenção com a contaminação cruzada, que pode acontecer durante a manipulação dos alimentos durante seu preparo, armazenamento e transporte.

Alguns objetos utilizados para o preparo de alimentos podem ser fontes dessa contaminação, como esponjas, panos de prato, talheres, óleo para fritura, entre outros. Portanto, tudo deve ser muito bem organizado e separado.
Em geral, os celíacos têm dificuldade de encontrar alimentos processados sem glúten, preparados em cozinhas onde não ocorre a chamada contaminação cruzada. Por isso, é preciso tomar cuidado com os produtos comprados nos mercados e consumidos em bares e restaurantes.

“Para os celíacos, qualquer traço de glúten pode causar uma reação grave. Por isso, é essencial atentar-se às embalagens mesmo de alimentos fabricados com outros grãos, como aveia e castanhas, pois eles podem ser processados nos mesmos equipamentos e carregar algum resquício prejudicial ao celíaco, com a chamada ‘contaminação cruzada’”, alerta Arcuri.

Apesar de a legislação vigente (Lei Federal nº 10.674/2003) obrigar os fabricantes a informarem nos rótulos dos alimentos se o produto contém glúten, basear-se apenas nessa informação não basta.

Se o alimento sem glúten for armazenado ou produzido no mesmo local que um produto que tenha a proteína em sua composição, pode ocorrer a contaminação cruzada – transferência de traços ou partículas de glúten de um produto para outro, de forma direta ou indireta.

Existem vários produtos que, na sua composição, são livres de glúten. Porém, uma série de fatores como plantio, colheita, armazenamento, transporte, industrialização, pode gerar a contaminação do alimento por contato em algum estágio.

Dentro de casa a contaminação também pode ocorrer ao preparar um alimento. Por isso, o celíaco deve separar os seus próprios utensílios e, preferencialmente, não compartilhar panela, forno, micro-ondas, pratos e talheres.

Dieta sem glúten apenas para celíacos ou intolerantes

Atualmente é comum que as pessoas se preocupem mais com a alimentação e o consumo de produtos saudáveis e optem pelas mais variadas dietas, sem ao menos saber seus benefícios. A retirada do glúten do hábito alimentar é uma delas. No entanto, não há pesquisas científicas que comprovem que essa proteína faz mal ao corpo, a não ser que você seja celíaco. Neste caso, o cenário muda completamente.

A nutróloga Juciara Jardim, da Prevent Senior, esclarece que a dieta sem glúten é recomendada apenas para pessoas que possuem a doença ou são intolerantes a glúten. Quem não se enquadra em nenhum desses casos, deve ter uma dieta equilibrada e fazer a ingestão do glúten normalmente.

“Essa proteína é encontrada em diversos alimentos que trazem benefícios ao corpo, como produtos integrais. Nestes casos, seu consumo dá mais energia, ajuda no controle da glicemia, regula os níveis de colesterol e triglicerídeos, entre outros”, destaca.

Alimentos que celíacos podem ou não podem comer

A enteropatia sensível ao glúten, mais conhecida como doença celíaca, é uma enfermidade autoimune causada pela intolerância ao glúten, um composto de dois grupos de proteínas – gliadina e glutenina – que são encontradas em grãos como trigo, cevada, centeio, aveia e malte. A doença afeta o intestino delgado e, por conta disso, interfere diretamente na absorção de nutrientes.

Como essa proteína é encontrada em vários alimentos do dia a dia, vale a pena saber quais deles o celíaco deve evitar pães, bolos, tortas, biscoitos, bolachas, macarrão e massas em geral, salgadinhos, cervejas e bebidas maltadas (uísque e vodca) e suplementos nutricionais, além de seus derivados.

O glúten pode ser encontrado em croissant, donuts, pizza, hambúrguer, cachorro-quente, alguns queijos, ketchup, molho branco, maionese, shoyo, cereais e barrinha de cereais.

“O que muita gente não sabe é que, além dos alimentos mais comuns, o glúten pode estar presente em vários produtos industrializados, como achocolatados em pó e sopas instantâneas”, completa Nathalia.

“Por isso, é importante ler os rótulos dos alimentos para evitar os sintomas da doença”, explica a médica nutróloga Nathália Felix Araujo Salvino, que atende pela Conexa Saúde.

Não se assuste! Apesar da dieta restrita, uma pessoa celíaca tem uma variedade de opções alimentares. “Mudar uma parte essencial da rotina, que é a alimentação, não é fácil. Mas hoje em dia, há uma série de opções de produtos sem glúten nos mercados e é possível preparar refeições muito práticas e saborosas”, afirma a nutróloga Juciara Jardim, da Prevent Senior.

Veja algumas delas:

Farinhas de mandioca, soja, arroz, amêndoa, castanhas, chia, quinoa e grão-de-bico

Frutas não processadas, como banana, maçã, uva, limão, abacaxi e maracujá

Legumes e verduras, como brócolis, alface e cenoura

Proteínas, como peixes, carnes frango e ovos

Receitas para uma dieta sem glúten

A nutróloga Juciara Jardim destacou algumas receitas para um cardápio completo que são de dar água na boca. Confira:

Café da manhã:

Pão de queijo de frigideira e leite batido com fruta.

Almoço:

Arroz, feijão, filé de frango grelhado com mix de folhas e salada de grão-de-bico.

Lanche da tarde:

Bolo de caneca sem glúten e suco de laranja.

Jantar:

Arroz, filé de peixe cozido, salada de agrião com tomate cereja e beterraba ralada.

Extra:

As frutas podem ser ingeridas entre as refeições ou como sobremesa.


Como fazer:

Pão de queijo de frigideira

1. Bata um ovo, duas colheres (sopa) de ricota, três colheres (sopa) de farinha de tapioca, sal e orégano (a gosto) até que fique homogênea.
2. Em uma frigideira antiaderente, jogue a mistura em fogo baixo e tampe.
3. Deixe dourar dos dois lados.
4. Coloque uma fatia de queijo muçarela por cima e deixe derreter.

Bolo de caneca sem glúten:

1. Em uma tigela, com um batedor de arame, misture quatro colheres (sopa) de farinha de arroz, uma colher (café) de fermento em pó químico, um ovo, duas colheres (sopa) de creme de avelã e três colheres (sopa) de leite até formar uma massa homogênea.

2. Junte duas colheres (sopa) de castanha-do-pará picada e misture com uma colher.

3. Transfira para uma caneca de cerâmica com capacidade de 300 ml e leve ao micro-ondas por 1 minuto em potência alta.

4. Para a calda, misture duas colheres (sopa) de creme de avelã com uma colher (sopa) de leite. Depois, despeje a mistura sobre o bolo.

5. Polvilhe com castanha-do-pará e sirva em seguida.

O que é a doença celíaca

Cada vez mais presente na vida dos brasileiros, a intolerância alimentar ou  dificuldade de digerir determinados itens presentes nos alimentos, é hoje um sério problema de saúde. Entre essas composições, o glúten é um dos principais.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1% da população mundial sofre com a doença celíaca – uma em cada 100 pessoas ou quase 800 milhões de celíacos em todo o mundo. Nessa doença genética e autoimune o sistema imunológico ataca o próprio organismo, especialmente o intestino delgado, quando há o consumo de glúten.

Só no Brasil existem mais de 2 milhões de celíacos – segundo dados divulgados pela Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra). O Ministério da Saúde estima que a cada 400 brasileiros, um seja celíaco. Mas muitas pessoas sequer têm consciência de que possuem a doença: de cada oito, apenas uma tem o diagnóstico e 70% dos celíacos só têm conhecimento da condição após os 20 anos de idade.

O número de diagnósticos é ainda mais alarmante quando analisado globalmente, pois. Porém, apesar da consciência em torno dessa desordem sistêmica autoimune ter aumentado, a maioria dos celíacos ainda está sem diagnóstico.

O diagnóstico é feito por exame clínico com médico especialista e o principal tratamento é a dieta com total ausência de glúten, pois, quando a proteína é excluída da alimentação os sintomas desaparecem.

Sintomas podem surgir já nos primeiros dias de vida

Essa condição é mais comum do que se imagina. A intolerância ao glúten é uma condição de quem já nasce com uma predisposição genética, mas não é necessariamente iniciada ou diagnosticada já nos primeiros anos de vida.

A condição pode se manifestar em crianças e adultos, e cada caso pode ser diferente do outro. Podem ser entre leve, moderado e grave e aparecem entre seis meses e dois anos e meio de vida. No entanto, portadores da doença podem manifestar seus sintomas na fase adulta.

Essas pessoas sofrem com sintomas como fortes dores, diarreia ou prisão de ventre crônicos, distensão abdominal, ocorrência de vômitos, desnutrição, anemia, falta de apetite, dor abdominal são alguns dos sintomas da doença celíaca. Por conta dos incômodos, muitos também apresentam quadros de depressão e doenças neurológicas.

“Os sintomas decorrem da inflamação da mucosa intestinal, e variam de pessoa para pessoa, sendo os mais comuns: vômito, inchaço na barriga, emagrecimento, falta de apetite, diarreia frequente, irritabilidade ou apatia”, destaca Nathália.

Segundo a nutróloga, esses sintomas podem aparecer já nos primeiros anos de vida, quando se inicia a introdução de novos alimentos com glúten na dieta da criança. “Caso a doença seja identificada só na fase adulta, é possível que a pessoa já apresente carências nutricionais graves, como anemia, osteoporose, artrite ou fraturas”, destaca.

doença celíaca, em geral, acomete pessoas com predisposição genética e, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, melhor pode ser o acompanhamento. O diagnóstico é feito a partir de exames como o de sangue e a biópsia do duodeno.

Déficit de crescimento em crianças, osteoporose precoce em adultos

Quando falamos da doença celíaca, não há uma época da vida específica em que o indivíduo possa começar a apresentar os sintomas, até porque muitas pessoas não sabem sequer que a enfermidade existe.

Mesmo assim, a médica gastroenterologista Ariani Bernachi Yankelevich, chefe da especialidade na Prevent Sênior, explica que há sinais de alerta em jovens e adultos que possuem essa condição.

“Em crianças, podemos ver sinais da doença ao perceber déficit de crescimento e desenvolvimento. Nos adultos, se houver osteoporose precoce”, complementa Ariani Bernachi Yankelevich.

Tratamento é para vida toda: manter-se longe do glúten

Ao perceber qualquer sintoma, a médica orienta a a pessoa ou responsável buscar por um especialista para o diagnóstico correto e início do tratamento. Para confirmar a doença, são necessários exames de sangue para buscar anticorpos específicos, e, possivelmente, uma biópsia do intestino delgado, já que as doenças gastrointestinais podem ter reações muito parecidas.

Um médico especialista, até mesmo via telemedicina, pode solicitar os exames, a ser realizados presencialmente. Após os resultados, o paciente pode enviar seus exames ao médico para que o mesmo prescreva o melhor tratamento. Caso a pessoa esteja em uma dieta sem glúten, os exames podem vir normais.

O diagnóstico é só o começo da busca por maior qualidade de vida. Por ser uma doença sem cura ou tratamento específico, a não ser pela exclusão total do glúten da dieta, podendo ainda contemplar complementos vitamínicos e de cálcio.

Uma das maiores dificuldades dos celíacos é conviver com a dieta restritiva. Mas especialistas destacam: os novos hábitos alimentares devem ser seguidos por toda a vida.

“É muito importante seguir com acompanhamento multidisciplinar com apoio médico e do  nutricionista, que vai orientar, tirar dúvidas, sugerir uma dieta adequada e acompanhar a evolução da doença e garantir mais qualidade de vida”, destaca Nathália.

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