Ao contrário do que muita gente pensa, o câncer também pode atingir o sangue. Diferentemente dos tumores sólidos, os cânceres hematológicos acometem as células do sangue e da medula óssea, podendo comprometer a imunidade e a produção sanguínea.
Na semana dedicada ao Dia Mundial do Câncer (4/2), a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) faz um alerta essencial: cânceres no sangue, como leucemias, linfomas e mieloma múltiplo, também são tumores malignos e precisam de mais atenção no debate sobre a doença. Essas neoplasias afetam milhares de brasileiros e exigem diagnóstico precoce e tratamento adequado para melhores taxas de sobrevida.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), as leucemias, por exemplo, têm uma estimativa de mais de 11 mil novos casos por ano no Brasil, atingindo tanto adultos quanto crianças. Estima-se que, entre 2023 e 2025, teremos cerca de 11.540 novos casos no país. Já os linfomas não-Hodgkin, que afetam o sistema linfático, superam os 12 mil diagnósticos anuais.
Para Angelo Maiolino, hematologista, hemoterapeuta e presidente da ABHH, o desconhecimento sobre os cânceres hematológicos pode atrasar o diagnóstico e reduzir as chances de tratamento bem-sucedido. “É fundamental ampliar a conscientização para que os sinais sejam reconhecidos e se busque atendimento médico o quanto antes”, alerta.
Ele lembra que o diagnóstico de algumas doenças do sangue é complexo e, por isso, a multidisciplinaridade – especialistas conhecendo sobre doenças do sangue – também é fundamental para o melhor encaminhamento.
Entre os principais sintomas dos cânceres no sangue estão fadiga persistente, palidez, febre sem causa aparente, perda de peso, sangramentos espointâneos e frequentes, suores noturnos e inchaço de gânglios linfáticos e manchas roxas pelo corpo.
O diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de um tratamento bem-sucedido, tornando fundamental que a população esteja atenta aos sinais. “Diante desses sinais, é crucial procurar um hematologista para avaliação especializada”, ressalta o médico.
Fevereiro Laranja conscientiza sobre o diagnóstico precoce da leucemia
Campanha também reforça a necessidade da doação de medula óssea e do acompanhamento médico para identificação precoce da doença
O Fevereiro Laranja é uma campanha dedicada à conscientização sobre a leucemia, um tipo de câncer que afeta a medula óssea – responsável pela produção das células do sangue. A iniciativa visa alertar a população sobre a doença, a importância do diagnóstico precoce e incentivar a doação de medula óssea. A realização do transplante alogênico de medula óssea pode ser necessária para muitos pacientes com leucemia aguda atingirem a cura.
Para a doação de medula óssea, o cadastro é feito no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME) e amplia as chances de encontrar doadores compatíveis para pacientes que aguardam transplante e não têm doadores familiares. O processo de doação é simples e pode salvar vidas.
Leucemias agudas e crônicas
Atualmente, as leucemias são classificadas em agudas e crônicas. As agudas, por sua natureza agressiva, exigem avaliação imediata e, frequentemente, internação hospitalar para o início do tratamento. Já as crônicas possuem um curso mais indolente e permitem acompanhamento ambulatorial em muitos casos. A prevalência desses subtipos varia de acordo com a faixa etária e com características genéticas e moleculares.
O médico Evandro Fagundes, coordenador da equipe de Hematologia do Hospital Felício Rocho, explica que a leucemia aguda pode evoluir rapidamente, por isso a detecção precoce é fundamental para um tratamento adequado e para o sucesso dos resultados.
Muitas pessoas desconhecem os sinais da doença e demoram a buscar ajuda. Por isso, campanhas como o Fevereiro Laranja são essenciais para ampliar o conhecimento da população. Além disso, é importante reforçar o cadastro como doador de medula óssea, que pode ser a esperança para muitos pacientes. Trata-se de um simples exame de sangue, e qualquer pessoa saudável pode se tornar um possível doador e mudar vidas”, destaca.
Com assessorias
[…] Câncer no sangue também precisa de mais atenção e debate […]