Como já se esperava, o ex-presidente Jair Bolsonaro, de 70 anos, recebeu o diagnóstico de “carcinomas de células escamosas in situ”, um tipo comum de câncer de pele que tende a ser facilmente tratável. O laudo feito com o material biológico retirado durante procedimento no último domingo (14), no Hospital DF Star, confirmou o diagnóstico.

O câncer de pele é o tipo mais comum no mundo e também no Brasil, representando por aqui cerca de 33% de todos os tumores malignos registrados no país, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Estima-se que, apenas em 2024, mais de 220 mil novos casos de câncer de pele não melanoma tenham surgido, além de cerca de 12 mil casos de melanoma, forma mais agressiva da doença.

A principal causa é a exposição inadequada à radiação solar, sendo especialmente preocupante para pessoas com pele clara – como é o caso de Bolsonaro – , histórico familiar da doença ou grande quantidade de pintas pelo corpo.

No último domingo (14), Bolsonaro passou por um procedimento cirúrgico para retirar algumas lesões na pele. Das oito manchas retiradas, o carcinoma foi identificado em duas. O boletim médico divulgado na tarde desta quarta-feira (17) indicou a “presença de carcinoma de células escamosas ‘in situ’, em duas das oito lesões removidas“.

Duas das lesões vieram positivas para o carcinoma de células escamosas, que não é nem o mais bonzinho e nem o mais agressivo, mas, ainda assim, é um câncer de pele“, disse o chefe da equipe cirúrgica, Cláudio Birolini. Segundo o médico, as lesões – localizadas no tórax e em um dos braços do ex-presidente – são “precoces” e “demandam apenas de avaliação periódica”.

Bolsonaro não precisará passar por novos procedimentos, só deverá passar por avaliações médicas periódicas, para acompanhamento do quadro. Esse tipo de carcinoma surge nas células escamosas da epiderme (camada mais externa da pele) devido, geralmente, à exposição solar prolongada. O laudo do ex-presidente indica que os carcinomas localizados estão restritos à camada superficial da pele, sem atingir camadas mais profundas ou outras partes do corpo.

O que ele vai ter que fazer é ser avaliado periodicamente para ver se outras lesões apresentam suspeitas. Com relação a essas lesões, elas foram retiradas, mas pela característica da pele dele, por ter tomado sol sem proteção, é caso de avaliação periódica. Não é caso de nenhum tratamento coadjuvante agora“, acrescentou o cirurgião.

Câncer de pele não escolhe idade, profissão ou classe social

A recente confirmação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi diagnosticado com câncer de pele trouxe novamente ao centro do debate a necessidade de atenção à saúde da pele. Para Hugo Sabath, cirurgião plástico da Clínica Líbria, a notícia serve de alerta:
O câncer de pele não escolhe idade, profissão ou classe social. A grande arma contra ele é o diagnóstico precoce. Quanto mais cedo a lesão for identificada e removida, maiores são as chances de cura e menores os impactos estéticos e funcionais”, explica.
Segundo ele, o caso de Jair Bolsonaro coloca em evidência um problema que afeta milhões de brasileiros e que pode ser prevenido e tratado com medidas simples. O câncer de pele, quando identificado em estágio inicial, tem altos índices de cura. Mas o segredo está em não ignorar os sinais e manter acompanhamento médico regular.
O câncer de pele pode ser silencioso, mas não deve ser negligenciado. A prevenção é diária e a consulta de rotina é indispensável. Cuidar da pele não é apenas uma questão estética, é uma questão de saúde e de vida”, conclui o Dr. Hugo Sabath.

O que é o câncer de pele e quais os fatores de risco?

O câncer de pele é uma doença que ocorre por causa do desenvolvimento anormal das células da pele: elas se multiplicam repetidamente até formar um tumor maligno. Essa é uma doença que tem cura, se descoberta logo no início.

O câncer de pele é resultado do crescimento desordenado de células anormais na derme ou epiderme, as camadas da pele. A origem dos tumores se dá a partir de mutações que fazem com que as células da pele se multipliquem rápida e desordenadamente. O câncer de pele é o mais frequente no Brasil e, em mulheres, o de mama fica em segundo lugar”, afirma o cirurgião plástico Alexandre Kataoka, conselheiro responsável da Câmara Técnica do Cremesp.

Existem alguns fatores de risco que podem potencializar o desenvolvimento do câncer:

• Histórico familiar de câncer de pele.

• Pele e olhos claros, com cabelos ruivos ou loiros.

• Pessoas que trabalham frequentemente expostas ao sol, sem a proteção adequada.

• Exposição prolongada e repetida ao sol na infância e na adolescência.

É fundamental destacar que a exposição ao sol é importante para a saúde, mas é preciso ter cuidado com o excesso. Quando seus raios ultravioleta (tipo B) atingem as camadas mais profundas da pele, eles podem alterar suas células e provocar envelhecimento precoce, lesões nos olhos e até essa doença”, afirma  especialista.

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Tipos de câncer de pele
De acordo com especialistas, o câncer de pele se apresenta em duas formas principais:
– Não melanoma: mais comum, mas geralmente menos agressivo. Costuma surgir em áreas expostas ao sol e tem alta taxa de cura quando tratado precocemente.
– Melanoma: menos frequente, mas muito mais agressivo. Pode se espalhar rapidamente para outros órgãos se não for identificado em fases iniciais. É responsável pela maioria das mortes por câncer de pele.
O melanoma é o tipo mais raro de câncer e tem origem nas células produtoras de melanina, substância que determina a cor da pele. Pode surgir em qualquer área do corpo humano”, afirma o cirurgião plástico Alexandre Kataoka.
Ainda segundo ele, o câncer não melanoma – caso de Jair Bolsonaro – se divide em dois subtipos, o carcinoma basocelular e o espinocelular.

• Carcinoma Basocelular: Esse é o tipo mais comum, que começa nas células basais, que produzem novas células da pele conforme as antigas morrem. Normalmente, é caracterizado por um nódulo de cera branco ou uma mancha escamosa marrom em áreas que estão expostas ao sol.

• Carcinoma Espinocelular: Segundo tipo mais recorrente, que normalmente ocorre em razão da presença de células escamosas na camada mais superficial da pele (epiderme).

A diferença entre os tipos é crucial. Enquanto o não melanoma pode ser controlado com procedimentos relativamente simples, o melanoma exige atenção redobrada e, muitas vezes, tratamentos mais complexos”, detalha o Dr. Hugo Sabath.

Como identificá-lo?

Para identificar sinais que possam indicar o desenvolvimento da doença existe um exame chamado de “ABCD”, que é feito a partir da observação das características de manchas e pintas para verificar se existem sinais que possam corresponder a câncer.

Os sintomas mais comuns da doença são pintas que:

• Aumentam de tamanho.

• Coçam ou sangram.

• Mudam de cor.

• Têm formato irregular.

Além disso, existem alguns tumores que podem ter aspecto de lesões tipo verrugas, nódulos sobrelevados e avermelhados e manchas mais ásperas. Essas lesões devem ser sempre investigadas, especialmente se surgirem de repente, demoram mais de 4 semanas para cicatrizar e/ou apresentam aumento de tamanho ou sangramento.

Qual o tratamento para o câncer de pele?

As boas notícias são que a maioria dos cânceres de pele são diagnosticados no início e o principal tratamento consiste em cirurgia para retirada de lesão ou pinta. Em alguns casos, especialmente nos de melanoma, além da cirurgia da própria lesão, pode ser indicada a retirada de alguns gânglios (linfonodos) próximos à lesão.

Nas situações em que a cirurgia não for possível, pode ser utilizada a radioterapia para auxílio do tratamento. Já quando o tumor não é mais localizado e apresenta metástases, existem tratamentos com quimioterapia e imunoterapia, a depender do tipo de câncer”, diz o Dr Alexandre.

A importância da remoção cirúrgica

O  caso de Jair Bolsonaro acende alerta sobre diagnóstico precoce e importância da remoção cirúrgica. O tratamento mais indicado para o câncer de pele é a remoção cirúrgica da lesão, sempre com margens de segurança, para garantir que todas as células cancerígenas sejam retiradas. Dependendo da localização e do tamanho do tumor, pode ser necessária a reconstrução da área afetada.
 Em regiões como rosto, couro cabeludo, nariz e pálpebras, é fundamental que a cirurgia seja feita por um profissional capacitado, capaz de equilibrar a completa remoção do tumor com o cuidado estético. O câncer de pele não deve ser tratado como uma simples mancha, mas como uma doença séria que exige precisão técnica”, reforça o cirurgião plástico Hugo Sabath.

Prevenção: uma rotina indispensável

O sol é o principal fator de risco para o câncer de pele, e a prevenção deve começar cedo, desde a infância. As recomendações incluem:
– Uso diário de protetor solar com fator mínimo 30, reaplicado a cada 2 ou 3 horas.
– Evitar exposição direta ao sol entre 10h e 16h.
– Utilizar roupas com proteção UV, chapéus de abas largas e óculos escuros.
– Não negligenciar consultas de rotina com dermatologistas ou cirurgiões plásticos especializados em oncologia cutânea.
 Muitos pacientes acreditam que o câncer de pele só aparece em pessoas de pele clara, mas isso é um mito. Qualquer pessoa pode desenvolver a doença, especialmente quando há histórico de queimaduras solares ou exposição crônica sem proteção”, alerta o Dr. Sabath.

O papel do autoexame e da observação

Além da prevenção, observar mudanças na própria pele é essencial. Feridas que não cicatrizam, pintas que mudam de cor, bordas irregulares ou que apresentam sangramento devem ser avaliadas imediatamente. “Se uma pinta ou mancha se encaixa nesses critérios, é preciso procurar um médico com urgência”, explica o cirurgião.
Uma das ferramentas que sempre reforçamos aos pacientes é a regra do ABCDE do melanoma:
– A: Assimetria da lesão;
– B: Bordas irregulares;
– C: Cor variada;
– D: Diâmetro maior que 6mm;
– E: Evolução rápida.

Com Assessorias

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