O câncer de intestino, também chamado de câncer colorretal, tem apresentado um crescimento preocupante no Brasil nas últimas décadas. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), esse tipo de tumor é o segundo mais comum entre as mulheres, ficando atrás apenas do câncer de mama, e o terceiro entre os homens, após os de próstata e pulmão.

Para o triênio 2023-2025, estima-se que o país registre cerca de 45.630 novos casos por ano, com um risco estimado de 21,1 casos a cada 100 mil habitantes. De acordo com recente pesquisa divulgada pela Fundação do Câncer, os casos de câncer colorretal devem aumentar 21% até 2040 por conta, principalmente, do envelhecimento da população.

A colonoscopia é o exame mais eficaz para o diagnóstico do câncer de intestino. Ela permite a visualização direta do interior do intestino grosso e a identificação de pólipos, tumores e outras alterações. Durante o procedimento, é possível realizar biópsias e até a remoção de lesões suspeitas, o que faz da colonoscopia não apenas uma ferramenta diagnóstica, mas também preventiva.

A Sociedade Brasileira de Coloproctologia recomenda que o rastreamento do câncer colorretal na população geral seja iniciado a partir dos 45 anos para todos os indivíduos. Nos casos em que há histórico familiar da doença, sugere-se que o rastreio comece dez anos antes da idade em que o parente foi diagnosticado.

Cerca de 65% dos casos de câncer de intestino são diagnosticados em estágios avançados, o que dificulta a recuperação dos pacientes, além de exigir procedimentos mais agressivos, como quimioterapia, radioterapia e cirurgias mais complexas e invasivas. O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura e reduzir a mortalidade.

Aumento de casos entre pessoas abaixo dos 50 anos

O Inca tem sinalizado o crescimento de casos de câncer de intestino em indivíduos mais jovens, associando esse fenômeno a fatores como hábitos alimentares ruins, sedentarismo e obesidade. Apesar de a maioria dos diagnósticos ainda ser em pessoas acima de 50 anos, a incidência em jovens tem aumentado de forma significativa.

Segundo o presidente da SBCP, Sérgio Eduardo Alonso Araújo, na literatura médica, há cada vez mais evidências do aumento significativo de novos casos de câncer do intestino entre pacientes com menos de 50 anos, e a mortalidade nessa faixa etária também tem aumentado. Por isso, a idade de rastreamento sugerida pelas entidades foi reduzida este ano de 50 para 45 anos. 

Assim, diversas sociedades no mundo passaram a recomendar os exames diagnósticos mais cedo, aos 45 anos, o que passamos a adotar e a fazer o alerta”, explicou.

Define-se por câncer um crescimento anormal das células, gerando o que chamamos de tumor. Especificamente o câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino, é assim identificado quando o tumor surge nas regiões do intestino grosso chamado de cólon, no reto (parte final do intestino e anterior ao ânus) e no ânus.

Fatores de risco para o câncer de intestino

O câncer de intestino está diretamente relacionado a diversos fatores de risco, muitos deles ligados ao estilo de vida, como uma má alimentação e uma dieta sem fibras e com muitos ultraprocessados. Sedentarismo, obesidade, tabagismo, consumo de álcool também estão relacionados a esse tipo de câncer. Além disso, condições como doenças inflamatórias intestinais (retocolite ulcerativa e doença de Crohn) e síndromes genéticas (síndrome de Lynch) também elevam o risco.

Este câncer geralmente se desenvolve a partir de pólipos adenomatosos, que são lesões benignas que podem se transformar em tumores malignos ao longo dos anos. A detecção e remoção desses pólipos durante a colonoscopia são essenciais para prevenir a doença. O câncer de intestino é o único que pode ser prevenido ao se localizar um pólipo adenomatoso e retirá-lo em colonoscopia, evitando que vire uma lesão cancerosa.

O câncer de intestino é uma doença que pode ser prevenida e tratada com sucesso quando diagnosticada precocemente. A colonoscopia é uma ferramenta indispensável nesse processo” destaca Sérgio Teixeira, diretor médico da Ferring Pharmaceuticals.

Ação  detecta 231 casos entre 8 mil pessoas na Cidade de Coiás

Considerado a maior ação de rastreamento de câncer de intestino do mundo, um mutirão realizado entre os dias 16 e 22 março, resultou na identificação de 462 lesões em 231 pacientes (54%), com pelo menos 4 casos de câncer avançado já encaminhados para tratamento.

Na mobilização, realizada na Cidade de Goiás (GO), foram oferecidos 8 mil testes fit (exame de sangue oculto nas fezes) com uma taxa de positividade em torno de 8%.  Foram encaminhados para a colonoscopia 563 pacientes, sendo que 423 realizaram o exame. 

Todos os moradores entre 45 e 70 anos da cidade foram convocados para participar da ação de rastreamento, que envolveu 65 médicos voluntários, profissionais de enfermagem, servidores da policlínica da cidade de Goiás e da prefeitura da Cidade de Goiás. O estudo foi uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed).

Da Agência Brasil, com Assessorias

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