Símbolo sexual dos anos 70, a atriz Farrah Fawcett, estrela do seriado americano ‘As Panteras’, morreu em 2009 aos 62 anos, após três anos de luta contra o câncer anal. Em 2001, a apresentadora Ana Maria Braga enfrentou um tumor no canal anal, que exigiu doloroso tratamento radioterápico. Ela já havia vencido um câncer de pele em 1991 e, mais recentemente, em 2015, encarou outro carcinoma no pulmão.
Tema pouco falado, o câncer do ânus corresponde a 2% a 4 % das neoplasias malignas do intestino grosso. A doença é mais comum em mulheres e tem entre suas principais causas o papilomavírus humano (HPV), que é transmitido por relações sexuais. No Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado em 8 de abril, a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) chama a atenção para os fatores de risco e as formas de prevenção do câncer anal.
A infecção pelo HPV é o mais importante fator causal no desenvolvimento do câncer de ânus e costuma ocorrer no início de cada relacionamento. A maioria das pessoas não se dá conta que foi infectada e consegue eliminá-lo de quatro meses a dois anos. Mas nos indivíduos nos quais o sistema imunológico falha, o vírus persiste, podendo aparecer verrugas anogenitais ou alterações do tecido, que podem evoluir para o câncer (no colo uterino, na vagina, no pênis, no ânus ou na boca).
“Nem sempre há sintomas, mas alguns pacientes podem apresentar sangramento, dor, sensação de massa no canal anal, alteração do hábito intestinal, feridas, coceira, secreção e ínguas na virilha”, explica a presidente da SBCP, Maria Cristina Sartor. O diagnóstico normalmente é feito pelo coloproctologista por meio de exame clínico seguido de uma biópsia.
O câncer no ânus caracteriza-se pela presença de tumor na borda anal ou no canal anal. Se a lesão estiver localizada na borda, o tratamento consiste na retirada cirúrgica. Já se o tumor estiver no canal ou mais próximo ao reto, é necessária cirurgia associada a radioterapia e quimioterapia – tumores menores que 2 cm têm maior probabilidade de cura. Em situações especiais pode ser necessária a amputação do ânus e a confecção de uma colostomia definitiva.
Fatores de risco e prevenção
Entre os fatores de risco para o câncer anal estão: condiloma (verruga) anal provocada pelo HPV, sexo anal, histórico de DSTs, múltiplos parceiros sexuais, história de câncer do colo do útero, baixa imunidade e tabagismo. Pesquisas apontam maior incidência de verrugas na região perianal entre homens homossexuais que desenvolveram câncer anal quando comparado a mulheres e homens heterossexuais.
Alguns hábitos podem diminuir o risco de contágio pelo HPV, como o uso de preservativo. Mas é importante ressaltar que a medida não garante proteção 100%, pois não cobre todas as áreas que possam estar infectadas. A vacinação contra o HPV (preferencialmente antes do início da vida sexual) é outra medida protetiva, assim como não fumar, ter uma alimentação balanceada e praticar uma atividade física regular.
Fonte: SBCP