O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que o Brasil vive uma oportunidade histórica de se consolidar como protagonista global na produção científica, tecnológica e industrial no campo da saúde e anunciou o fortalecimento das plataformas nacionais de produção de vacinas com tecnologia de RNA mensageiro, destacando investimentos do governo federal para ampliar a autonomia do país na área.
Se os Estados Unidos cortaram recursos para a pesquisa em vacinas de RNA mensageiro, o Brasil está fazendo o caminho oposto. A Fiocruz vai produzir a primeira vacina com essa tecnologia no país, com total apoio do Ministério da Saúde”.
Ele também mandou um recado para cientistas do mundo todo que se sentem ameaçados após a posse de Donald Trump na presidência dos EUA e disse que o Brasil está de portas abertas para pesquisadores perseguidos ou que perderam financiamento em seus países.
Se o Trump resolveu cortar recursos para pesquisa de RNA mensageiro, cortar financiamento de pesquisadores, estimular o ódio naquele país contra pesquisadores de vacina de RNA mensageiro, que os pesquisadores saibam que há aqui um país e uma instituição, a Fiocruz, que está preparada para produzir e registrar a primeira vacina de RNA mensageiro no nosso país”, disse Padilha.
Nós vamos criar um ambiente de atração de pesquisadores para desenvolver aqui no Brasil aquilo que a extrema direita está querendo impedir de produzir nos Estados Unidos. Pesquisador que está nos Estados Unidos, temendo a perseguição e o corte de recursos feito pelo atual governo dos EUA, o Brasil, a Fiocruz, o Instituto Butantan, as universidades estão de portas abertas para criar um parque tecnológico”, convidou o ministro.
Mobilização junto aos Brics para defender a OMS
O ministro reforçou ainda o compromisso do governo brasileiro com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Padilha também destacou a necessidade de fazer uma grande articulação com a presidência brasileira do bloco Brics para apoiar a OMS. Em janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a saída do país da OMS.
Se há quem diga não à OMS, o Brasil diz sim. Esse governo, esse presidente da República e este ministro estão comprometidos com a ciência e farão o que for necessário para apoiar a OMS. Vamos liderar, inclusive com a presidência do BRICS, uma articulação internacional para fortalecer a organização”.
O ministro ressaltou que a pandemia expôs a fragilidade do modelo atual, concentrado em poucos países, e que o mundo caminha para uma maior distribuição da capacidade de resposta em saúde.
A Covid-19 mostrou o risco de depender de apenas uma região ou três países para enfrentar uma emergência sanitária. O Brasil tem ativos estratégicos que o colocam em posição de liderança: um mercado público robusto, instituições como a Anvisa e a Fiocruz, e sólidas relações com a OMS e a OPAS”, completou.
Nos últimos anos, o Ministério da Saúde destinou R$ 1,2 bilhão para Bio-Manguinhos, voltados à produção de vacinas de RNA mensageiro, e R$ 600 milhões para Farmanguinhos, unidade da Fiocruz responsável por medicamentos essenciais, como os usados no tratamento de HIV e hepatites virais.
Entre os avanços recentes da Fiocruz, destacam-se a produção de mais de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid-19, o desenvolvimento de novos tratamentos para doenças negligenciadas e a construção da fábrica de mRNA, em parceria com a OMS.
Defesa da democracia, da saúde, da ciência e do SUS
Em seu discurso de posse para seu segundo mandato, após ser reeleito para mais quatro anos à frente da Fiocruz, Mário Moreira apresentou os eixos estratégicos de sua gestão: redução da dependência internacional em insumos, desenvolvimento de tecnologias inovadoras, ampliação da equidade no SUS e modernização da infraestrutura da instituição.
A defesa da democracia, da saúde, da ciência e do SUS depende da mobilização constante da sociedade. É isso que celebramos aqui hoje: o compromisso coletivo com um país mais justo e com a vida”, afirmou o presidente da Fiocruz.
Ele também fez um alerta sobre os retrocessos em outros países no financiamento de pesquisas: “Infelizmente, o que temos visto são cortes e perseguições que comprometem o avanço da ciência. A Fiocruz sempre foi um espaço de acolhimento e diversidade — para pesquisadores brasileiros e estrangeiros — e continuará sendo”.
Para Moreira, os Estados Unidos estão atuando firmemente contra a ciência, contra o equilíbrio mundial nas ações globais de saúde daqueles que mais precisam. “A luta pela democracia não tem descanso nem em escala nacional nem em escala internacional. Temos que ficar atentos e fortes”.
Tendo em vista a questão da segurança pública, Moreira observou que o problema tem afetado a saúde, em especial nas periferias. “O entorno da Fundação tem sofrido com isso. Essa questão afeta a saúde mental, das comunidades e dos trabalhadores”.
Saiba mais sobre a posse aqui
Da Agência Brasil, Ministério da Saúde e Agência Fiocruz