Aos 65 anos, Madonna entrou para o time das pessoas idosas – antigamente chamadas de “sexagenárias”. A cantora se apresenta pela quarta vez no Rio de Janeiro em um show histórico pelos seus 40 anos de carreira, justamente no bairro mais longevo da cidade. Famosa como palco do maior Réveillon do mundo, Copacabana – a Princesinha do Mar – espera receber 1,5 milhão de pessoas neste sábado (4) para assistir a rainha do pop.
Sétimo bairro mais populoso do Brasil e quinto na cidade – o bairro só perde para Campo Grande, Santa Cruz, Bangu e Jacarepaguá, todos na Zona Oeste -, Copa concentra a maior população idosa de todo o Brasil. No último Censo do IBGE de 2022, o número de habitantes do bairro era 206.791 e a estimativa é de que quase 40% sejam pessoas de 60 anos.
Só no seu minúsculo território (4,2 quilômetros quadrados), vivem 14% das pessoas idosas de toda a cidade do Rio. Não à toa nasceu no bairro, em 2017, o Movimento Longevidade Brasil (MLB), que promove nesta terça-feira (30/4) a sétima edição de seu fórum anual para debater projetos para este público no Centro (veja mais abaixo).
Índice de Desenvolvimento Urbano
Mas quando o assunto é qualidade de vida, Copacabana é desbancada. O Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade 2023, divulgado pelo Instituto da Longevidade em novembro de 2023, apontou que São Caetano do Sul (RS), Vitória (ES) e Santos (SP) são as cidades grandes mais bem avaliadas.
O IDL avalia a preparação das cidades em promover a qualidade de vida das pessoas idosas. Baseada em indicadores econômicos, socioambientais e de saúde, a terceira edição da pesquisa analisa todos os 5.570 municípios brasileiros.
“O principal objetivo do IDL é destacar de maneira clara e objetiva os aspectos positivos e pontos a melhorar de cada cidade em relação à qualidade de vida das pessoas idosas. A ideia é inspirar gestores, governantes e representantes da sociedade civil a tomar ações eficazes para promover a longevidade dos brasileiros em todas as comunidades”, comenta Gleisson Rubin, diretor do Instituto de Longevidade.
Os resultados foram divididos em três categorias: cidades grandes (com mais de 100 mil habitantes), cidades médias (com população entre 34.850 e 100.000 habitantes) e cidades pequenas (até 34.850 habitantes).
Entre as cidades grandes, o IDL 2023 classificou, pelo segundo ano consecutivo, a cidade de São Caetano do Sul (SP) como a mais bem preparada para permitir que sua população viva mais e melhor. Nas cidades pequenas, o município de Peritiba, em Santa Catarina, se destacou. E entre as cidades médias, São Lourenço/MG ficou no topo da lista.
Confira abaixo as três cidades mais bem posicionadas em cada categoria.
Cidades Grandes
Por concentrar os níveis mais altos de riqueza e de população, as cidades grandes acabam tendo bons resultados nos índices de desenvolvimento socioeconômico. No entanto, isso não significa que não tenham desafios a enfrentar, principalmente em decorrência das grandes concentrações urbanas.
1º lugar: São Caetano do Sul/SP
São Caetano do Sul ocupa novamente o topo do IDL, se destacando por ter a 3ª maior expectativa de vida aos 60 anos e a 2ª maior população de pessoas maiores de 60 anos em sua categoria.
Em relação à variável Saúde, a cidade conquistou o 8º lugar no número de leitos hospitalares, é a 5ª cidade com o maior número de profissionais com nível superior e a 2ª com o maior número de procedimentos hospitalares realizados.
2º lugar: Vitória/ES
Vitória saiu do 39º lugar em 2020 para o top 3 da categoria em 2023, conquistando o 1º lugar das cidades com a maior expectativa de vida aos 60 anos.
Seu desempenho em Saúde também se destaca, garantindo o 3º lugar em menor número de óbitos de idosos por doenças infecciosas e parasitárias, 3º lugar em menor número de óbitos de idosos por doenças do aparelho circulatório e 4º lugar em maior número de profissionais de nível superior.
3º lugar: Santos/SP
Presente no top 5 das Cidades Grandes desde 2017, Santos agora conquistou a 3ª posição. A cidade se destaca na variável Economia, com a maior população 60+, a 3ª menor parcela de idosos beneficiários do BPC (Benefício de Prestação Continuada) e a 24ª maior capacidade de consumo de idosos.
Cidades Médias
Nova categoria do IDL 2023, aqui foram avaliados 674 municípios com número de habitantes variando entre 34.850 e 99.999.
1º lugar: São Lourenço/MG
São Lourenço está posicionado em 1º lugar na categoria Cidades Médias e ganha destaque em alguns indicadores: 18º município com maior número de pessoas idosas, 9º lugar em maior número de estabelecimentos de saúde e 32º lugar em maior número de profissionais de saúde de nível superior.
Na dimensão Socioambiental também apresenta bons números, conquistando o 47º lugar de número de matrículas no ensino superior de pessoas acima dos 60 anos e é a 13ª cidade com menor número de óbitos por causas não naturais.
2º lugar: Gramado/RS
Gramado obteve bons números na dimensão Economia, como a 59ª cidade com o melhor PIB per capita e a 5ª menor colocação em baixa vulnerabilidade social de idosos. Em Saúde, é a 48º cidade com maior número de profissionais com nível superior e a 7ª melhor em estabelecimentos de saúde.
3º lugar: São Miguel do Oeste/SC
São Miguel do Oeste subiu muito no ranking de 2020 para 2023 e chegou no 3º lugar de Cidades Médias. A cidade catarinense se destacou por bons resultados principalmente na dimensão Saúde. Ficou em 25º lugar em baixo número de óbitos em idosos por doenças circulatórias e 45º lugar em óbitos por doenças metabólicas e nutricionais. Em Economia, o destaque ficou para a 39ª cidade com a maior proporção de beneficiários do INSS entre o total dos 60+.
Cidades Pequenas
Com as mudanças ocorridas no IDL 2023, agora cidades com menos de 34 mil habitantes também entraram no ranking, ocasionando um aumento no número total de municípios avaliados. Na categoria Cidades Pequenas, 4.570 foram analisadas. O destaque desta categoria vai para os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que ocuparam as cinco primeiras posições no ranking.
1º lugar: Peritiba/SC
Peritiba apresenta bons resultados na dimensão Saúde, sendo a 28ª cidade com o maior número de leitos, a 56ª com o maior número de procedimentos hospitalares, a 142ª com o maior número de estabelecimentos de saúde e a 160ª com o maior número de procedimentos ambulatórios. Em Economia, tem a 33ª maior população de idosos.
2º lugar: Rodeio Bonito/RS
Rodeio Bonito também mostra um bom desempenho na dimensão Saúde. A cidade é a 46ª com maior número de procedimentos ambulatórios, a 59ª com maior número de leitos e a 67ª com maior número de estabelecimentos de saúde.
Em Economia, ficou em 51º lugar em expectativa de vida aos 60 anos e em 95º lugar em maior número de beneficiários por aposentadoria pelo INSS como proporção do total de 60+ da população.
3º lugar: Dois Lajeados/RD
Dois Lajeados se destaca na dimensão Saúde, conquistando a 15ª posição em maior número de leitos hospitalares, 34ª em maior número de procedimentos ambulatoriais e 79ª em maior número de estabelecimentos de saúde. Em Economia, a cidade se destaca como a 99ª com maior quantidade de idosos e a 114ª com maior segurança financeira dos idosos.
Agenda Positiva
Rio, a capital do G20 e também da longevidade
O Brasil assume a presidência do G20, uma oportunidade única para apresentar questões que afetam diretamente a vida e o bem-estar da população 50+ em todo o mundo. E o Rio de Janeiro, como anfitrião do G20, vai destacar o papel fundamental da longevidade no contexto nacional e global nesta terça-feira, dia 30 de abril.
A sétima edição do Fórum Longevidade Brasil reunirá líderes, especialistas e representantes para discussões relacionadas à melhoria da qualidade de vida da população,explorar soluções inovadoras e impulsionar a agenda da longevidade. O evento “RIO Capital do G20 e da Longevidade Brasil” acontece das 9 às 18h, no auditório do Ibmec, Centro do Rio.
Painéis de debates com especialistas apresentam as oportunidades e desafios de incluir a temática do envelhecimento com qualidade de vida na agenda global. Serão discutidas as necessidades urbanas para o bem-estar da população idosa, com ênfase no Projeto Reavivar Copacabana – lançado em abril de 2022, durante a quinta edição do evento –, entre outros projetos geradores de impacto social que estão sendo realizados no Rio.
A programação inclui a Moradia 50+, destacando as principais demandas e desafios enfrentados pelas mulheres e homens 50+ responsáveis pela qualidade da longevidade no Brasil. Haverá apresentação de casos de sucesso de empreendimentos de melhoria da qualidade de vida no Rio.
O evento será encerrado com uma palestra do médico epidemiologista Alexandre Kalache (foto), especializado no estudo do envelhecimento e morador ilustre de Copacabana, bairro carioca com o maior número de pessoas idosas do Brasil e precursor do inclusão da longevidade na pauta brasileira.
“Compartilhar as melhores práticas e colaborar na construção de um futuro mais inclusivo e sustentável para todas as gerações, é o nosso propósito”, diz a empreendedora social Carlota Esteves, que criou o Movimento Longevidade Brasil (MLB), em abril de 2017, no bairro de Copacabana.
Segundo ela, durante sua trajetória, o MLB tem procurado reunir, unir, debater e apontar novos caminhos para o envelhecimento da população, o que vem acontecendo não somente na sociedade brasileira, mas em todo o mundo. “Para isso é primordial uma conexão de gerações, o que nos aproximou de instituições de ensino, órgãos públicos e startups interessadas em inovações tecnológicas para melhoria da qualidade de vida da população 50+”, disse Carlota.
O evento vai proporcionar a troca de experiências entre os participantes, visando ao fortalecimento de parcerias e colaborações para a promoção da longevidade no país e no mundo e boas práticas e oferecer conteúdo, serviços e produtos em espaços físicos e digitais.
População idosa no Brasil cresce 57% em uma década
- Em 2022, o total de pessoas com 60 anos ou mais de idade chegou a 32.113.490 (15,6%), um aumento de 56% em relação a 2010, quando era de 20.590.597 (10,8%).
- Se considerada a população acima de 65 anos (corte utilizado em pesquisas sobre o mercado de trabalho e também nos indicadores internacionais), são 22.169.101 pessoas (10,9% do total), com alta de 57,4% frente a 2010, quando esse contingente era de 14.081.477, ou 7,4% da população.
- Neste período, o índice de envelhecimento chegou a 55,2 em 2022, indicando que há 55,2 pessoas com 65 anos ou mais de idade para cada 100 crianças de 0 a 14 anos. Em 2010, o índice era de 30,7.
- Já o índice de envelhecimento considerando-se a população com 60 anos ou mais chegou a 80 em 2022, com 80 pessoas idosas para cada 100 crianças de 0 a 14 anos. Em 2010, o índice de envelhecimento correspondia a 44,8.
- As regiões Sudeste e o Sul tinham estruturas mais envelhecidas: 12,2% e 12,1% da sua população tinham 65 anos ou mais de idade, respectivamente.
- Já o total de crianças com até 14 anos de idade recuou de 45.932.294 (24,1%) em 2010 para 40.129.261 (19,8%) em 2022, uma queda de 12,6%. A região Norte era a mais jovem: 25,2% de sua população tinha até 14 anos, e o Nordeste vinha a seguir, com 21,1%.
- No Rio Grande do Sul (115,0) e Rio de Janeiro (105,9), o número de idosos de 60 anos ou mais ultrapassou o de crianças de 0 a 14 anos. A idade mediana da população brasileira aumentou 6 anos desde 2010 e atingiu os 35 anos em 2022.
Com Assessorias