Um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico levou à morte, antes mesmo de socorro médico, a bailarina, coreógrafa e passista Michelle da Costa Chaga, conhecida como Michelle Mibow, de 40 anos. Ela foi encontrada morta, na noite da última segunda-feira (7), em Santos, no litoral de São Paulo.

O noivo dela, Sergio Vieira, que é bombeiro, chegou na casa deles e encontrou Michelle caída no chão. Ele ainda tentou reanimá-la, mas a tentativa não teve êxito. Ao G1, Vieira desabafou sobre a perda e  declarou: “Será sempre o amor da minha vida”. O irmão de Michelle, Felipe da Costa Chaga, disse que a suspeita inicial era que ela tinha sofrido um infarto fulminante.

Durante sua carreira no Carnaval Santista, foi rainha da bateria da Escola de Samba União Imperial e da Unidos dos Morros. Atualmente, era a madrinha da bateria Chapa Quente. A passista foi coroada Rainha do carnaval de Santos em 2007 e de São Vicente, em 2017.

Michelle recebeu o título de Princesa da Escola de Samba Vila Maria e foi Musa da Águia de Ouro, duas das mais tradicionais agremiações do carnaval de São Paulo. Em 2019, recebeu o prêmio ‘Estandarte Santista’. Em 2013, ela chegou a ser finalista do Musa do “Caldeirão do Huck”, da Globo.

AVC Isquêmico: como acontece o ‘infarto’ do cérebro

Em agosto deste ano, a morte do cantor sertanejo Lucas Guedes, de apenas 32 anos, também chamou a atenção.  O músico foi internado repentinamente com fortes dores e, no hospital teve, além de dois infartos, o início de um acidente vascular cerebral (AVC).

AVC é uma síndrome neurológica decorrente da alteração do fluxo de sangue ao cérebro ocasionando a morte de células nervosas da região cerebral atingida. Estudos indicam que uma em cada quatro pessoas terá a doença ao logo da vida. Existem dois tipos de AVC: o isquêmico, que ocorre quando falta sangue em alguma área do cérebro; e o hemorrágico, quando um vaso (do tipo artéria, raramente uma veia) rompe.

O AVC isquêmico ou infarto cerebral é responsável por 80% dos casos de AVC quando acontece o entupimento dos vasos cerebrais devido a uma trombose (formação de placas numa artéria principal do cérebro) ou embolia (quando um trombo ou uma placa de gordura originária de outra parte do corpo se solta e pela rede sanguínea chega aos vasos cerebrais).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o AVC é a segunda maior causa de mortalidade no Brasil e a principal causa de incapacidade no Brasil com uma incidência anual de 108 para cada 100 mil habitantes, com impacto social e econômico importantes. Além disso, essa síndrome com grande prevalência em adultos e idosos é uma das principais causas de mortalidade no mundo e responsável por um número considerável de internações no país.

“Durante um evento desse tipo, cerca de 1,9 milhões de neurônios morrem por minuto. A identificação precoce dos sintomas de AVC e o tratamento médico imediato em um Centro de AVC intensifica consideravelmente a recuperação”, ressalta a neurologista, presidente da Rede Brasil AVC e presidente da Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization -WSO), Sheila Cristina Ouriques Martins.

Sinais de alerta: a importância do socorro imediato

Entre os sinais de alerta mais comuns estão fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental, alteração da fala ou compreensão; alteração na visão, no equilíbrio, na coordenação, no andar, tontura e dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.

No inverno, atual estação, há maior probabilidade de ocorrência de AVC, ligada à tentativa do corpo de manter uma temperatura corporal alta para lidar com o frio. Para isso, o organismo libera algumas substâncias, como as catecolaminas, que têm a função de comprimir o vaso sanguíneo.

Quando reduz o calibre do vaso, aumenta a pressão arterial e isso favorece o aparecimento de AVC. Outro mecanismo de aquecimento é a mudança na composição do sangue, que fica mais grosso e viscoso. Essas características facilitam a formação de coágulos, que servem como barreiras e entopem o vaso sanguíneo.

Segundo Sheila, o socorro ágil, imediato, evita o comprometimento mais grave que pode deixar sequelas permanentes, como redução de movimentos, perda de memória, prejuízo à fala e diminui drasticamente o risco de morte.

Queda nos atendimentos de AVC durante a pandemia

A Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization -WSO), entidade global voltada exclusivamente para o Acidente Vascular Cerebral (AVC) apontou uma queda global de mais de 60% nos atendimentos por AVC durante a pandemia.

No Brasil, o Ministério da Saúde afirmou não ter informações sobre incidência ou casos de AVC, “apenas registros de procedimentos hospitalares que necessitam de internação” e, nesse sentido, também houve redução.

De acordo com a pasta, em 2019 foram registrados 205.070 procedimentos hospitalares relacionados ao AVC e, em 2020, o número foi de 192.681. “Não é possível afirmar que esses procedimentos dizem respeito a pessoas, uma vez que o mesmo paciente pode ter sido submetido a vários procedimentos”, destaca o Ministério.

Diante de todos esses fatos, a Rede Brasil AVC lançou a campanha “Combatendo o AVC”, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares e a Academia Brasileira de Neurologia, para reforçar a conscientização, orientação e prevenção da doença junto à população.

Com Assessorias

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