Entrou em vigor nesta segunda-feira (23) a nova regra da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que exige retenção de receita médica para medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, fármacos indicados para o tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade, que atuam como análogos ao GLP-1, um hormônio intestinal.
Especialistas em emagrecimento defenderam a venda controlada das canetas emagrecedoras como uma das medidas estratégicas para combater a obesidade no Brasil durante o X Simpósio Internacional de Obesidade e Síndrome Metabólica (SIOS), promovido pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) no último sábado (21), no Rio de Janeiro.
As novas drogas possuem alta eficácia para Diabetes Mellitus tipo 2 e obesidade, com benefícios metabólicos amplos, quando utilizados corretamente, mas também podem ocorrer eventos adversos relacionados ao uso sem indicação e supervisão de um especialista. Daí a importância da retenção da receita”, defendeu o presidente da Abran, Durval Ribas Filho.
Ele pbservou que as canetas emagrecedoras apresentam resultados animadores, pois algumas proporcionam uma perda de peso equivalente à de uma cirurgia bariátrica, mas chamou a atenção para os riscos sérios quando não há prescrição e acompanhamento médico, que são essenciais.
Somente o médico poderá definir a dose, checar possíveis efeitos colaterais e monitorar condições do TGI (trato gastrointestinal), pancreatite, funcionamento da tireoide e visão, para obter as melhores respostas no tratamento e o bem-estar do paciente”, destacou.
Médico nutrólogo, fellow da The Obesity Society – TOS (EUA), professor da pós-graduação CNNutro, o especialista falou sobre a ação dos novos fármacos antiobesidade e os futuros medicamentos que já estão sendo pesquisados e desenvolvidos, no desafio de combater a doença.
Obesidade no Brasil e no mundo
O evento reuniu grandes nomes da Nutrologia e áreas afins, para debater um dos maiores desafios da medicina moderna. Reconhecida como crônica e multifatorial, a obesidade exige atenção, não só no que se refere às práticas médicas, mas iniciativas que possam trazer novas perspectivas nos cuidados com a doença e pacientes.
O Atlas Mundial da Obesidade 2025, divulgado este ano, alerta para o avanço global da obesidade e os desafios crescentes para a saúde pública até 2030. Se o ritmo atual continuar, cerca de 3 bilhões de adultos – metade da população mundial – terão sobrepeso ou obesidade nos próximos cinco anos. Muitos países ainda não estão preparados para lidar com a prevenção e o tratamento da doença.
No Brasil, o cenário também preocupa: 31% da população adulta é obesa e 37% está com sobrepeso. Além disso, entre 40% e 50% dos brasileiros não praticam atividade física com a frequência e intensidade recomendadas. As projeções indicam, ainda, que até 2030 a obesidade pode crescer 33,4% entre os homens e 46,2% entre as mulheres. Se nada for feito, até 2044 quase metade da população brasileira poderá ter obesidade, e 27% sobrepeso. O excesso de peso aumenta o risco de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes tipo 2 e AVC.
No mundo não existe nenhum país que, possuindo essa prevalência de pessoas impactadas pela obesidade, tenha condições de suportar as despesas de uma ampla assistência médica a esses pacientes. Por isso, são necessárias medidas urgentes dentro do contexto geral da saúde pública. Certamente, a obesidade é considerada a mais grave e de maior dificuldade na assistência ambulatorial, médica e hospitalar”, adverte o presidente da Abran, Durval Ribas Filho.
Ao longo dos anos, a obesidade vem aumentando de forma vertiginosa e o principal problema são as comorbidades associadas à doença, pois o excesso de tecido adiposo provoca um status inflamatório no organismo, uma síndrome metabólica, que é nada mais do que uma consequência do excesso de peso, com o desenvolvimento de várias doenças como hipertensão arterial, diabetes, problemas articulares, doenças psicossociais, aumento do colesterol e dos triglicerídeos, que conduzem a um cenário sério de saúde pública”, explicou Durval Ribas Filho, presidente da Abran.
Durante o evento, o nutrólogo falou sobre o tratamento atual da obesidade com incretínicos. O foco são os medicamentos incretínicos que são considerados, atualmente, os mais adequados no tratamento da obesidade, porque além, efetivamente de contribuir para redução do peso corporal, reduzem as comorbidades associadas. Serão apresentados não só os benefícios na perda de peso, mas também os benefícios clínicos, na redução, diminuição e melhora nas comorbidades associadas ao processo da obesidade”.
O simpósio também abriu espaço para atualizações no diagnóstico e tratamento da obesidade e síndrome metabólica, incluindo novidades em terapias farmacológicas, intervenções cirúrgicas e condutas clínicas de ponta. A próxima edição do SIOS (Simpósio Internacional de Obesidade e Síndrome Metabólica) será em 24 de setembro, como parte da programação do XXIX CBN – Congresso Nacional de Nutrologia, que acontece dias 25 a 27, em São Paulo.
Com Assessorias