Um levantamento publicado no jornal britânico Clinical Obesity Wiley analisou a situação da obesidade no Reino Unido e mostrou o potencial dos medicamentos antiobesidade, com base em evidências clínicas de estudos de países como Estados Unidos, França, Alemanha e do próprio Reino Unido. Segundo a pesquisa, quando uma abordagem básica, que inclui dieta e mudança comportamental, não surte efeito, os medicamentos são auxiliares no combate à doença, principalmente a Liraglutida 3,0 mg e a Naltrexona combinada com a Bupropiona.

Cerca de 53 sites acadêmicos e de centros de cuidados básicos de saúde americanos foram checados quanto à combinação da Naltrexona e Bupropiona. Um estudo realizado nos Estados Unidos com 1.742 participantes foi considerado diferencial nessa análise. Ele avaliou três grupos: um tratado com placebo, um com doses de Naltrexona de 16mg e outro com 32mg. Após um período de 56 semanas, o grupo placebo apresentou uma redução de 1,3% no peso corporal enquanto o grupo de 32mg apresentou uma redução de 6,1%.

“Não precisamos ir até o Reino Unido para descobrir a eficácia desses medicamentos. Hoje no Brasil estamos caminhando para o combate efetivo da obesidade. Vemos em nosso consultório o resultado positivo do esforço dos pacientes somado a esses agentes farmacológicos. Isto é satisfatório e contribui para a saúde da pessoa, do profissional médico motivado e de toda a população que se via desassistida”, afirma o Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

Ele lembra que no Reino Unido, um quarto da população adulta é obesa, o que impacta na saúde das pessoas e, consequentemente, no Sistema Público de Saúde. “No Brasil não é diferente. Além de ser uma doença crônica degenerativa (DCD), é multifatorial, e traz consigo uma série de complicações, como hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia e outras”, ressalta.

Remédio também usado para combater o diabetes

Quanto à Liraglutida, que é um medicamento também utilizado para combate ao diabetes, foram analisados 191 sites em mais de 27 países da Europa, América do Norte e do Sul, Ásia, África e Austrália. Uma pesquisa publicada no periódico britânico The Lancet foi destaque no levantamento da Wiley ao investigar a utilização do medicamento durante três anos. Um total de 2.254 pacientes com pré-diabetes e obesidade foram acompanhados e divididos em dois grupos: um tratado com Liraglutida 3,0 mg e outro com placebo. Foi comprovado no grupo da medicação que, além de promover uma redução do peso (6,1% do peso), apenas 2% das pessoas desenvolveram diabetes tipo 2, contra 6% do grupo de placebo.

A abordagem terapêutica da obesidade deve seguir a pirâmide de tratamento das DCD’s, que começa pela mudança comportamental, passando por dietoterapia e atividade física. Se não houver resultado, antes da cirurgia bariátrica devem ser utilizados medicamentos. “Esses remédios reduzem o consumo de energia, inibindo a fome e o desejo pelo consumo de gordura, aumentando a saciedade e diminuindo a absorção de gorduras e carboidratos, em alguns casos. Eles ainda aumentam a taxa metabólica, que é o mínimo de energia necessária para manter as funções do organismo em repouso. Fazendo, assim, com que haja um maior gasto energético.”

Quando o tratamento com medicamentos pode ser recomendado

O Dr. Durval elaborou uma breve tabela de quando e qual abordagem pode ser mais eficiente aos pacientes. Mesmo assim, ele ressalta que cada abordagem deve ser indicada após análise clínica individualizada de um profissional médico nutrólogo. Veja abaixo:

Recomendações

Fonte: Abran, com Redação

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