Você sabia que a meningite é das doenças mais temidas pelas famílias e pelos médicos? E há fortes motivos: a doença meningocócica é imprevisível e pode evoluir rapidamente, causando sérias sequelas ou a morte em até 24 horas, o que torna a imunização essencial para evitar esse fim trágico. Estima-se que 1,2 milhão de pessoas contraiam a doença meningocócica a cada ano.
No Brasil, em 2018 foram registrados 1.117 casos de doença meningocócica, com uma taxa de letalidade de 20%, de acordo com o Ministério da Saúde. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e estudos recentes estimam que cerca de 10 a 30% das pessoas com meningite meningocócica ficam com sequelas e, se não tratadas, até 80% podem morrer.
Por isso a conscientização sobre a prevenção da doença por meio da vacinação, bem como do rápido diagnóstico e tratamento para evitar que as pessoas contaminadas precisem lidar com os efeitos potencialmente graves causados pela meningite bacteriana.
A doença acomete pessoas de todas as faixas etárias e, no Brasil, as crianças menores de 5 anos são as mais atingidas. Elas correspondem a 30% dos casos notificados nos últimos anos no Brasil, sendo que a maioria tem até um ano de idade.
Se, por um lado, as crianças menores de cinco anos são as mais atingidas, por outro, os adolescentes podem ser portadores assintomáticos e transmissores da bactéria. Estima-se 23% dos jovens sejam portadores assintomáticos do meningococo e, mesmo sem adoecer, podem transmitir a bactéria para outras pessoas.
Como o contágio do meningococo acontece por meio do contato com gotículas e secreções de pessoas infectadas, a chance de contaminação é maior entre residentes da mesma casa, pessoas que compartilham o mesmo dormitório ou comunicantes de creches e escolas.
Esses fatores tornam a vacinação de crianças e adolescentes a forma mais segura de impedir o avanço da doença. Por isso, conscientizar as famílias e a população sobre o assunto pode salvar vidas.
Esta semana se celebra o Dia Mundial da Meningite (24 de abril), data criada para ressaltar a importância da doença, com objetivo de conscientizar a população sobre os cuidados que as pessoas devem tomar contra essa enfermidade que afeta milhares de pessoas em todas as partes do mundo.
Prevenção é o caminho mais seguro
A pandemia causou a queda dos índices de vacinação da população, especialmente quando falamos de saúde infantil e de proteção contra as enfermidades infecciosas mais frequentes na infância.
Um levantamento realizado pelo Ibope revelou que 29% dos pais adiaram a vacinação dos filhos após o surgimento da pandemia. Destes, 9% planejam levar os filhos para vacinar somente quando a pandemia acabar. As regiões Norte e Centro Oeste destacam-se da média: 40% das famílias atrasaram a imunização.
“A vacinação contra a meningite merece atenção especial no Brasil e no mundo, especialmente, para crianças e pacientes de risco. Proteger os jovens também é importante, visto que, por serem assintomáticos, podem contaminar outras pessoas que desenvolvem os sintomas” explica Márjori Dulcine, diretora médica da Pfizer Brasil.
O infectologista Renato Grinbaum, professor do curso de Medicina da Universidade Cidade de S. Paulo – Unicid, confirma que a melhor forma de prevenção é a vacinação, para garantir segurança e a eficácia contra essa doença.
“Existem várias imunizações, mas para a obtenção de um resultado melhor, é importante que a vacina seja aplicada especialmente na infância, para que o risco da doença seja reduzido de forma significativa”, orienta.
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Meningite bacteriana e viral são as mais perigosas
A meningite é uma infecção bacteriana que afeta a membrana que reveste o cérebro, causando dores de cabeça intensa e febre, além de outros sintomas que o paciente não está acostumado, como náuseas e rigidez no pescoço. Ela pode ter diferentes causas: fungos, bactérias e vírus podem provocar uma infecção que inflama as membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal.
Casos mais graves são geralmente causados por bactérias, entre elas a Neisseria meningitidis (meningococo) que causa a meningite meningocócica. Existem vários tipos – ou sorogrupos – de meningococo. A maior parte dos casos em todo o mundo é causada por cinco sorogrupos: A, B, C, W e Y.
Existem vários tipos de meningite, mas dois em especial precisam de mais atenção: bacteriana e viral. “A primeira pode ser mais grave e trazer consequências severas, já a segunda, na maioria dos casos é mais leve e não causa prejuízos relevantes”, explica o infectologista Renato Grinbaum.
A enfermidade atinge várias pessoas de diversas faixas etárias, pois possui diferentes variantes. A bacteriana, por exemplo, costuma afetar os adultos acima dos 20 anos, enquanto a viral, costuma ser frequente em crianças de até cinco anos de idade.
Ele ressalta que as meningites virais se curam sozinhas, já que habitualmente não precisam ser tratadas, agora no caso das bacterianas, é importante a internação, por isso, independentemente do tipo, o tratamento deve começar o quanto antes.
O tratamento da meningite existe, porém, quando o paciente é diagnosticado, deve buscar ajuda médica o mais rápido possível, isso porque dependendo do caso, o resultado pode ser fatal”, afirma.
Como ter acesso à imunização
A OMS estima a imunização evite entre 2 e 3 milhões de mortes por ano. E destaca que todas as vacinas disponíveis no Brasil são aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e diversas são oferecidas gratuitamente pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
A vacina meningocócica conjugada C é oferecida às crianças nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e às pessoas com condições de risco à enfermidade nos Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).
A vacina meningocócica ACWY é disponibilizada pelo SUS aos adolescentes de 11 e 12 anos e nos CRIE para algumas condições de risco. Esta vacina também está disponível nas clínicas privadas, assim como a vacina meningocócica B
*Matéria atualizada em 25/04/22, com Assessorias