Primeira mulher a presidir a Academia Nacional de Medicina (ANM), a médica Eliete Bouskela, de 74 anos, assume oficialmente o cargo nesta quinta-feira (7), véspera do Dia Internacional da Mulher. Com sede no Rio de Janeiro, a ANM foi fundada há quase 200 anos e tem sua diretoria formada em sua grande maioria por homens. Ela foi a sexta mulher a ingressar na Academia, sendo a quinta a passar pelo processo eleitoral. Até os dias atuais, a ANM teve apenas 11 mulheres na instituição.

Em entrevista à Globonews nesta quarta-feira (6), a professora titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) criticou o movimento antivacina que insiste em divulgar falsas informações sobre a eficácia dos imunizantes, o que tem contribuído para reduzir as coberturas vacinais no Brasil, colocando em risco a saúde pública com a ameaça de volta de doenças já erradicadas.

“Esse movimento antivacina é uma coisa terrível que a gente tem que combater. A gente tem um histórico de vacina no Brasil. As pessoas adoravam vacinar. Os pais e mães levavam os filhos para se vacinar. Hoje, por uma razão louca, isso está se perdendo, a gente tem baixa adesão às vacinas”, conta a médica, que se dedica há 50 anos à Medicina, boa parte pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Dra Eliete criticou ainda o alto número de faculdades de Medicina no Brasil, que é 50% maior do que o existente nos Estados Unidos, com população duas vezes maior, e defendeu a ideia de uma avaliação de médicos após a formação acadêmica, a exemplo do que faz a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) com os bacharéis em Direito.

A nova presidente da ABM falou do seu desejo de priorizar a conscientização sobre o necessário combate à obesidade, na semana em que se celebra o Dia Mundial da Obesidade (4 de março). “A obesidade é efeito colateral da grande solidão que vivemos hoje”, afirma. Ela também pretende  ‘nacionalizar’ mais a entidade, com mais representantes nos estados.

Perfil – eliete bouskela

Formada em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde também concluiu o Mestrado em Biofísica e o Doutorado em Fisiologia, Eliete Bouskela é é PhD pela Universidade de Washington, atuou ainda na Universidade de Lund, como professora associada.

Na Uerj, fundou o Laboratório de Pesquisas em Microcirculação (LPM) e atua como coordenadora adjunta na área de Pesquisa Clínica do curso de Pós-graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental. É diretora científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

Dra Eliete é membro titular de diversas instituições, incluindo a Academia Brasileira de Ciências e a European Academy of Sciences and Arts. Em 2008, foi eleita para a Academia de Medicina da França, como primeira mulher brasileira na história a obter este título.

Membro titular desde 2004 da Seção de Ciências Aplicadas da Academia Nacional de Medicina, onde ocupa a cadeira nº 94, Dra Elite Bouskela foi eleita para a presidência com número expressivo de votos, na presença de 65 acadêmicos.

Sobre a Academia Nacional de Medicina

A história da Academia Nacional de Medicina confunde-se com a história do Brasil e é parte integrante e atuante na evolução da prática da medicina no país. Fundada sob o reinado do imperador D. Pedro I, em 30 de junho de 1829, mudou de nome duas vezes.

Entretanto, seu objetivo mantém-se inalterado: o de contribuir para o estudo, a discussão e o desenvolvimento das práticas da medicina, cirurgia, saúde pública e ciências afins, além de servir como órgão de consulta do Governo brasileiro sobre questões de saúde e de educação médica.

Desde a sua fundação, seus membros se reúnem toda quinta-feira, às 18 horas, para discutir assuntos médicos da atualidade, numa sessão aberta ao público. Esta reunião faz da Academia a mais antiga e única entidade científica dedicada à saúde a reunir-se regular e ininterruptamente por tanto tempo.

A Academia também promove congressos nacionais e internacionais, cursos de extensão e atualização e, anualmente, durante a sessão de aniversário, distribui prêmios para médicos e pesquisadores não pertencentes aos seus quadros.

Nova diretoria da ANM

Junto com a nova presidente, foram eleitos para compor a Diretoria do Biênio 2024-2025, os acadêmicos:

Antônio Egídio Nardi (Primeiro Vice-Presidente),

Ronaldo Damião (Segundo Vice-Presidente),

Omar Lupi (Secretário Geral),

Monica Gadelha (Primeiro Secretário),

José Suassuna (Segundo Secretário),

Henrique Murad (Tesoureiro),

Rossano Fiorelli (Primeiro Tesoureiro),

Natalino Salgado (Orador),

Jayme de Marsillac (Diretor da Biblioteca),

Miguel Riella (Diretor do Arquivo),

Arno von Buettner Ristow (Diretor do Museu),

José Galvão-Alves (Presidente da Secção de Medicina),

José J. Camargo (Presidente da Secção de Cirurgia) e

Walter Zin (Presidente da Secção de Ciências Aplicadas).

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