O ato de amamentar é considerado de extrema importância para a saúde e bem-estar, uma vez que fortalece o vínculo, contribui para a prevenção e a redução da ocorrência de doenças crônicas, alergias ou alterações orgânicas.  O leite materno é amplamente reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o “alimento de excelência” para os bebês.

A analogia com o “padrão ouro” enfatiza sua qualidade superior e importância para o desenvolvimento saudável dos recém-nascidos. Agosto Dourado é o mês dedicado à importância do leite materno como a principal e mais completa forma de nutrição para os bebês.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os bebês sejam amamentados exclusivamente e sob livre demanda com leite materno nos primeiros seis meses de vida, e até dois ou mais anos de idade em conjunto com outros alimentos.

O leite materno permite que os bebês se desenvolvam com mais saúde, reduzindo em 13% a mortalidade em crianças menores de cinco anos, além de diminuir o risco de doenças como colesterol alto, diabetes, hipertensão e obesidade na vida adulta, conforme o Ministério da Saúde.

De acordo com um estudo publicado pela American Journal of Preventive Medicine, bebês que são amamentados têm 33% menos risco de morrer no primeiro ano de vida, segundo levantamento feito com cerca de 10 milhões de crianças nascidas nos Estados Unidos entre 2026 e 2018.

Fonte de alimento segura, apropriada, barata, eficaz e econômica

Em um cenário atual de insegurança alimentar, a amamentação é uma garantia de alimentação segura e adequada para milhares de crianças no Brasil e no mundo. Dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a amamentação está vinculada à boa nutrição, à segurança alimentar e à redução de desigualdades.

Segundo a Federação das Associações Brasileiras de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o aleitamento materno é uma fonte de alimento segura, apropriada, barata, eficaz e econômica. Para Silvia Regina Piza, presidente da Comissão Nacional Especializada em Aleitamento Materno da Febrasgo, a amamentação é um processo importante tanto para o bebê quanto para a mãe.

“O aleitamento materno é fundamental para a nutrição do recém-nascido, pois ele previne as principais causas de mortalidade infantil, a desnutrição, infecção, diarreia e ainda outras afecções que podem acometer crianças recém-nascidas ou na primeira infância”, pontua a obstetra.

A amamentação também é importante para a interação com o sistema imunológico e a formação do microbioma, o que pode influenciar no desenvolvimento de doenças tanto na primeira infância quanto na vida adulta. “O aleitamento materno também pode ser eficaz na prevenção de doenças da vida adulta, como cânceres, doenças gastrointestinais, hipertensão, diabetes, obesidade, entre outras”, aponta Dra. Silvia.

Além disso, afeta a saúde emocional do bebê e da mãe. “O vínculo que se forma e a afetividade durante a fase do aleitamento também produz seres humanos mais estáveis emocionalmente”, conclui a médica.  A falta de amamentação materna pode quebrar o vínculo materno com o bebê, o que é essencial para o desenvolvimento emocional e psicológico saudável da criança.

“Em relação ao benefício materno, o aleitamento impacta de forma positiva a saúde da mulher que amamenta, reduzindo as complicações no pós-parto, favorecendo o retorno à condição pré-gravídica mais rápido, diminuindo o sangramento pós-parto e prevenindo o desenvolvimento de cânceres, como o de mama”, adiciona.

Alerta para amamentação via fórmulas

A orientação é que as crianças sejam amamentadas até 2 anos de vida, sendo que nos 6 primeiros meses devem ingerir exclusivamente o leite materno, não há necessidade de chá, suco, água, e após esse período inicia-se o processo de introdução alimentar.

A especialista da Febrasgo explica que quando o aleitamento materno é impossibilitado ou a mãe opta pelo aleitamento artificial existem riscos significativos para a criança em todos os aspectos devido à composição das fórmulas.

“A amamentação é um processo natural e fundamental para o desenvolvimento saudável da criança, e os substitutos do leite materno, apesar de úteis em algumas situações, não conseguem reproduzir integralmente seus benefícios e podem acarretar riscos e complicações desnecessárias”.

Segundo a especialista, embora algumas dessas fórmulas sejam consideradas excelentes e se aproximem bastante do leite materno, elas não são exatamente iguais em sua composição.

Mesmo para mães com um nível social adequado, a utilização de fórmulas pode oferecer um alimento seguro e mais adequado em termos de higienização e manuseio, mas ainda assim, há riscos envolvidos.

O uso de bicos artificiais também pode levar a alterações no palato e na dicção da criança, especialmente quando utilizados por períodos mais prolongados, predispondo-a a um risco maior de obesidade infantil e outros problemas de saúde ao longo da vida.

“As fórmulas frequentemente apresentam problemas como questões de alergia e falta de imunidade, uma vez que não conseguem proporcionar todos os benefícios imunológicos passados pelo leite materno. Isso pode deixar as crianças mais suscetíveis a doenças comuns nessa fase da vida, como diarreia e desidratação, o que pode levar a internações e outros problemas evitáveis”, alerta.

Nutrientes e anticorpos que hidratam e protegem o bebê

Segundo a pediatra Luisa Sanches, do Eco Medical Center em Curitiba, o leite materno possui anticorpos que protegem o bebê contra uma série de doenças. “Diarréias, infecções respiratórias e alergias. Além disso, auxilia no desenvolvimento da face, fala e respiração”.

A especialista lembra que as mães também são beneficiadas. “Redução no risco de câncer de mama e do diabetes tipo 2, além de fortalecer o vínculo entre mãe e filho, diminuir o sangramento no pós-parto, acelerar na perda de peso e proteger contra doenças cardiovasculares e osteoporose”, ressalta.

A nutricionista Sarina Giongo Antoniassi, mestre em alimentação e nutrição, que também atende no Eco Medical Center, conta que o aleitamento é uma fase de cuidado e afeto.

“O leite possui todos os nutrientes e anticorpos necessários, suprindo totalmente a demanda do bebê, inclusive a hidratação. Outro benefício é que ele não precisa ser comprado, ajudando no rendimento financeiro da família, e nem manipulado, reduzindo riscos de contaminação”.

O leite materno é o alimento mais completo para os primeiros meses de vida, rico em proteínas, vitaminas, gordura, água e os demais nutrientes e cumpre sua missão independente da dieta adotada pela mãe.

A indicação é que os bebês sejam alimentados exclusivamente com leite materno até os seis meses, devendo continuar até o segundo ano de vida ou mais.

Segundo Sarina, são sinais de que o bebê já pode começar a introdução alimentar “ter mais de seis meses, conseguir ficar sentado sem apoio ou com pouco apoio, sustentar a cabeça e o tronco, apresentar interesse pelos alimentos e conseguir os levar à boca, além da redução do reflexo de protrusão da língua”.

Benefícios também à saúde bucal do bebê

O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp) lembra que o leite materno é o melhor, mais perfeito e completo alimento. É específico para cada lactente desde o primeiro momento da vida, ao alimentar, proteger e equilibrar a flora da mucosa do trato gastrointestinal, bem como pelos perfeitos movimentos da retirada do leite materno – que atuam como forças equilibradas sobre o sistema estomatognático e todo o corpo, favorecendo o desenvolvimento das funções.

Os membros da Câmara Técnica de Odontopediatria do CROSP explicam que o sistema estomatognático é o primeiro a se formar durante a vida intrauterina

“Isso ocorre de início, com a mandíbula e língua presentes ainda na sua forma primitiva, e na medida em que a massa encefálica cresce, as lâminas palatinas se horizontalizam e a língua auxilia na formação do palato. A língua é um órgão forte e composto por vários músculos que trabalham em equilíbrio”, explica a presidente da Câmara Técnica, Patrícia Valéria Cunha Georgevich.

Durante o período de vida intrauterina há o desenvolvimento do reflexo, favorecendo todo o sistema estomatognático, que abrange a sucção, deglutição, fala e respiração de maneira correta, o que vai garantir a sobrevivência do bebê durante o período gestacional até o nascimento.

“Ao nascer e conseguir extrair o leite materno com a pega correta, o bebê aprende a respirar pelo nariz e mantém uma coordenação motora complexa e ritmada de sugar e deglutir, promovendo o crescimento harmonioso da face e o fortalecimento da musculatura cervical”.

amamentação prepara o sistema estomatognático do bebê para a mastigação e depois para a fala, além de auxiliar no desenvolvimento do tronco encefálico, promovendo a instalação de funções necessárias como a coordenação motora bilateral e marcha da caminhada.

Dra. Patrícia explica que a amamentação não influencia diretamente sobre a vinda dos dentes, mas prepara bem o sistema estomatognático, que consequentemente garante uma boa mastigação, além de conceder um equilíbrio da região, o que conduzirá à vinda dos dentes com mais facilidade e de forma harmoniosa.

Para a a cirurgiã-dentista Bruna Conde, são inúmeros os benefícios do aleitamento materno para a saúde do bebê, sendo que grande parte deles estão ligados diretamente com a saúde bucal e toda a formação da estrutura bucal e facial do bebê.

“A amamentação contribui para o crescimento dos ossos e dos músculos, levando ao desenvolvimento harmônico da face, o posicionamento correto dos dentes e língua, além de auxiliar a respiração e a fala”, destaca.

Segundo a especialista, a sucção da mama possibilita o crescimento adequado do complexo do crânio, facial e treinamento da estrutura bucal, melhora o posicionamento dos dentes, contribuindo para o exercício das funções de deglutição, respiração, mastigação e fala.

“O aleitamento materno diminui as chances da criança de adquirir hábitos como sugar o dedo ou a chupeta. Quando bem orientado, adia a ingestão de açúcar na dieta do bebê, diminuindo as chances do desenvolvimento de cáries nas crianças”, destaca a cirurgiã dentista.

Além de tudo, o leite materno é o alimento mais adequado, é fonte de grande importância nutricional de cálcio e outros minerais que fortalecem os dentes, ajudando na formação da dentição.

  1. “Tendo todos esses cuidados na amamentação e nos primeiros meses de vida do bebê, ajudará seu filho a ter hábitos adequados, crescendo com dentes fortes e saudáveis”, finaliza a Dra. Bruna Conde.

Atenção ao risco de desmame precoce

  • O leite materno transforma-se aos poucos e acompanha o desenvolvimento da criança. No período de introdução alimentar, por exemplo, a sua composição se altera e conta com cloretos de sais, o que o deixa mais salgado, facilitando que o bebê aceite os alimentos.
  • Durante o aleitamento materno o bebê aprende o ato de retirada do leite com movimentos totalmente diferentes do que realizaria na sucção de outros objetos, o que pode causar confusão em relação a estes movimentos e levar a criança ao desmame precoce e, consequentemente, à instalação de maloclusões e disfunções orofaciais.
  • No aleitamento materno, se a mamada for efetiva, o bebê se sentirá satisfeito em relação às suas necessidades básicas de nutrição, e neurológica em relação à sucção. Por esta razão é importante que a nutrição seja bem orientada neste momento para que consiga oferecer o melhor ao seu bebê, com uma vida saudável.

Consultas odontológicas na primeira infância

Muitas mamães ainda têm várias dúvidas sobre a saúde bucal de seus bebês, como, por exemplo, quando levar o bebê no dentista pela primeira vez ou a importância do aleitamento materno para o desenvolvimento geral e bucal do pequeno.

“É importante levar o seu bebê para a primeira consulta no dentista, antes mesmo da erupção do primeiro dentinho, isso irá facilitar bastante a rotina no futuro, com uma melhor adaptação da criança com a ida ao dentista e aprendizagem lúdica sobre os primeiros passos para a higienização bucal”, explica Bruna Conde.

O cirurgião-dentista, juntamente com o médico pediatra, é quem vai orientar a família sobre a primeira visita ao Odontopediatra. Esta, por sua vez, pode ser durante a gestação ou logo após o nascimento do bebê.

“Atualmente, têm surgido condutas que podem ser tomadas ainda nos primeiros dias de vida que facilitam a instalação de bons hábitos, assim como prevenção de problemas. Alguns bebês, por exemplo, apresentam alterações na cavidade oral e têm dificuldades para mamar ou têm algum desvio na oclusão. Portanto, quanto antes a visita ao Odontopediatra, melhor”.

Com o objetivo de fornecer orientações sobre importantes e diferentes situações que envolvem, inclusive a amamentação, o Crosp acaba de lançar um novo folder orientado pela Câmara Técnica de Odontopediatria “A dentição e os primeiros 1000 dias de vida do bebê”.

No informativo, tópicos como: da gestação ao nascimento; do nascimento ao primeiro ano e segundo ano de vida são abordados de forma prática. O folder pode ser acessado por meio deste link.

Benefícios do aleitamento materno para a saúde do bebê

O leite materno  proporciona todos os nutrientes necessários para sanar a todas as necessidades alimentares dos bebês, dispensando a ingestão de água e alimentos sólidos nos primeiros 6 meses de vida. A necessidade de complementar a amamentação natural com outros tipos de alimento ocorre somente entre 6 meses e 1 ano de vida.

Confira alguns benefícios:

– Ajuda na interação das funções de sucção, deglutição e respiração;

– Auxilia no desenvolvimento adequado da musculatura da face;

– Desenvolve a defesa imunológica;

– Reduz riscos de mortalidade infantil;

– Ajuda na manutenção do desenvolvimento de uma pele saudável;

– Contribui para desenvolver um peso mais regular;

– Regula a temperatura corporal;
– Melhora o sistema digestivo.

Com Assessorias

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