Daniel

Mais de 2 milhões de brasileiros – ou cerca de 1% da população – têm esquizofrenia. Do total, 68% não recebem tratamento. Mas a doença mental não é necessariamente o fim. Daniel Velloso descobriu sua esquizofrenia com 18 anos, depois de sofrer por longos seis anos sem diagnóstico.  “Minha esquizofrenia começou com 12 anos. Hoje tenho 31 e com a doença totalmente ponderada. Quero mostrar para as pessoas que é possível”, conta.

Escritor, estudante de Psicologia e Filosofia, Daniel dá palestras motivacionais há dois anos e é colunista do site ‘Fãs da Psicanálise’, ‘O segredo’, colaborador da Agência de Notícias das Favelas.  Já foi matéria no programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo, e no Jornal O Globo. Sua próxima palestra acontece neste sábado, dia 15 de julho, e já conta com mais de 500 interessados no evento do Facebook.

“Diante de tanto sofrimento que passei, acho que o objetivo  é dizer que existe tratamento, não existe cura, mas gente curada demais não é legal, como diria minha rainha Nise da Silveira”, diz Daniel, referindo-se à psiquiatra brasileira que se dedicou a lutar contra formas agressivas de  tratamentos, como o confinamento em hospitais psiquiátricos, eletrochoque, insulinoterapia e lobotomia e no Jornal O Globo. Sua próxima palestra acontece neste sábado, dia 15 de julho, e já conta com mais de 500 interessados no evento do Facebook.

Ao Blog Vida & Ação, Daniel falou com exclusividade. Confira:

– Como descobriu  que sofria de esquizofrenia?
Foi com 18 anos de idade. Não sabia o que eu tinha e não me tratei quando tive meu primeiro surto com 12 anos. Minha família era leiga e eu era um menino que estava no colégio e teve que largar. Foi difícil pra mim! Fiquei seis anos sem sair de casa, pois custei a aceitar o tratamento – que é normal num esquizofrênico. E minha família não ajudou também, pois achava que tinha problemas espirituais. Foi bem complicado!

– O que é esquizofrenia na sua opinião?
Esquizofrenia é uma doença muito séria que tem que ser tratada com psiquiatra e psicólogo. Pra muitos virou uma metáfora do tipo ‘O mundo vive uma esquizofrenia’ pelo caos social e os problemas por que passa o país. Infelizmente as pessoas confundem as coisas.

– Como você controla sua esquizofrenia?
Eu controlo a doença com remédios. Tenho mais de 20 anos de tratamento medicamentoso e terapia. Gosto de escrever e do mar. Pratico exercícios e amo estar com a natureza. Levo uma vida “quase” normal. Até porque o conceito de “normalidade” é muito rebuscado. Não quero ser normal… Ser normal nesse mundo é um convite ao surto.

– A doença de alguma forma prejudica sua vida – estudos, trabalho, círculo de amigos, vida afetiva?

Já prejudicou muito. Hoje não… Eu tenho consciência do que eu tenho e virei um ativista do que eu falo porque vivi. Tem pessoas que levam mais a sério as coisas que eu falo nas palestras do que os médicos. Eles só estudaram… Além de sofrer, depois do ponderamento, eu comecei a estudar sobre a doença. Não só a esquizofrenia, como todas as doenças mentais.

– Como foram os episódios de bullying que vc sofreu?
Na faculdade. Quando “voltei a viver”… Não sabia como era o mundo com 18 anos. O mundo é hostil e hoje entendo porque as pessoas surtam. Muitas cobranças. Hoje você precisa ser o melhor em tudo. O sistema em que vivemos é doente. Temos que ser alguma coisa… Isso é enlouquecedor!
 
– Esquizofrenia virou metáfora – o Brasil está esquizofrênico, como vc disse no programa da Fátima. Você acha que as pessoas estigmatizam muito a doença? Por que?
Sim. O mundo está doente. E tende a piorar porque a tecnocracia devastadora te cobra o tempo inteiro! A tecnologia faz com que você possa ser o que quiser nas redes sociais. As pessoas não só estigmatizam a doença como são mal informadas.

– Por que tanto preconceito ainda em torno da doença se afeta tantas pessoas?
Afeta tantas pessoas mas não como a depressão, por exemplo. Uma doença mental que é quase um clichê na sociedade moderna. A esquizofrenia ainda está cheia de rótulos que eu estou quebrando aos poucos. Essa doença tem um histórico muito complicado e muitas pessoas são interditadas por ela. É bem mais complicada e complexa. Por isso tem que ser mais debatida e desmistificada.

– O que você acha que é preciso fazer para desmistificar a doença?
Eu faço o que eu posso. Por isso que dou palestras e vou criar uma linha de camisas. Também vou lançar o meu livro em agosto.

– Por que você resolveu falar sobre o tema, dar palestras? O que aborda na sua palestra?
Eu falo sobre doenças mentais – não só a esquizofrenia – e ligo muito com as situações atuais. Adoro analogias. Estudo muito e amo Filosofia. Gosto de fazer as pessoas pensarem. Sou um grande pensador… Quem me acolhe nas palestras é a Eunice, do Espaço Terapêutico Psi, que fica na Tijuca. Ela é psicanalista e ama meu trabalho. Sempre me chama para dar palestra para os alunos dela. O mais bacana é que os profissionais me respeitam e me elogiam. Acho isso fantástico! Isso é revolucionário. Eu sou um revolucionário. Sou pioneiro nisso no Brasil e acho que no mundo também.

– Você acredita na cura da doença? Por quê?
Acredito sim. A Medicina está evoluindo… Precisamos acreditar e eu sou otimista!

Serviço:
Palestra “Desafiando a Esquizofrenia” com Daniel Velloso

Dia 15 de julho, sábado

Local: Núcleo de Desenvolvimento Ingridy Ribeiro

Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 664, portão 3, sala 806 – Copacabana

Inscrição: Estudantes contribuem com R$ 40 e profissionais e as demais pessoas colaboram com R$ 60

Haverá emissão de certificado de participação.

Inscrições: contato@ingridyribeiro.com.br

WhatsApp: (21) 96811-3308

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