Considerado um problema de saúde pública, a insônia afeta, em média, um terço da população mundial. Estudos em todo o mundo têm mostrado que a prevalência de insônia varia de 10% a 30% da população, em alguns países pode chegar a 50%. Um estudo publicado pelo Medicine and Primary Care Journal na Índia, concluiu que os problemas de distúrbios do sono são mais comuns em idosos, mulheres e pessoas com problemas médicos e mentais, aumentando significativamente o risco de desenvolvimento de diabetes, doenças cardiovasculares, entre outros.
Na América Latina a situação é parecida. Em 1997, três estudos foram relatados no México que mostraram prevalência aproximada de insônia em 30% da população, e em 2004 os resultados de uma pesquisa em três cidades, Buenos Aires, São Paulo e Cidade do México, encontrando sintomas de insônia em 36,5% da população. Na Colômbia, um estudo clínico sobre distúrbios do sono concluiu que a insônia tem uma prevalência entre 46% e 47% da população e em outro os resultados mostraram que esta condição ocupa o segundo lugar entre os distúrbios mentais.
De acordo com os pesquisadores, embora esta condição possa ser diagnosticada precocemente, a população não vai ao médico por este motivo, mas devido às complicações que normalmente a acompanham. Para a Associação Colombiana de Medicina do Sono, um sono de boa qualidade ajuda a estimular o sistema imunológico, prevenir infecções, prevenir o diabetes e a síndrome metabólica.
Neste Dia Mundial do Sono (15 de março), criado pela Sociedade Mundial do Sono, o objetivo é conscientizar sobre a importância do sono saudável para uma melhor tomada de decisões e compreensão cognitiva, bem como promover a pesquisa da comunidade científica para medir a qualidade do sono da população. Além de terapias integrativas complementares, a terapia à base de produtos de cannabis também pode ser eficiente.
Experiência com Cannabis no Canadá
No Canadá, a Spectrum Therapeutics, divisão de medicina canabinóide da Canopy Growth,está apoiando uma campanha que visa organizar a comunidade científica em torno do uso correto da cannabis para distúrbios do sono através de uma doação ao Montreal Sacred Heart Hospital Foundation – Sociedade Canadense do Sono (SCS).
Ao estabelecer uma parceria com o líder da indústria da cannabis, o objetivo da SCS é combinar a experiência de clínicos, médicos e pesquisadores para facilitar e apoiar cientificamente o desenvolvimento de um livro branco baseado em uma revisão abrangente de toda a literatura e fatos existentes sobre o uso da cannabis no tratamento de distúrbios do sono”, explica Wellington Briques, diretor médico associado global da Spectrum Therapeutics.
Ele afirma que estudos clínicos mostraram que uma das características mais importantes do sono são as mudanças que ele produz na função cerebral, que estão associadas a mudanças diretas ou indiretas em outros sistemas fisiológicos. Segundo ele, a legalização dos produtos de cannabis em vários países do mundo gerou um interesse natural no seu potencial para o tratamento de distúrbios do sono.
O sono de boa qualidade é muito mais importante para a nossa saúde a longo prazo do que a maioria das pessoas imagina. Dormir não é negociável. Estamos apenas começando a explorar o papel que a cannabis pode desempenhar no tratamento de distúrbios relacionados ao sono. As respostas dos pacientes têm sido promissoras e parcerias como estas farão avançar a nossa compreensão do intrigante fenômeno do sono, que é tão essencial para o nosso bem-estar geral”, afirma Wellington Briques
Acupuntura é eficaz na indução do sono
A qualidade do sono está intrinsecamente ligada à vida saudável e, de acordo com Andréa Márcia de Oliveira Gomes, coordenadora de Práticas Integrativas e Complementares da Superintendência de Atenção Primária à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ), recursos terapêuticos não farmacológicos podem contribuir – e muito – para noites mais tranquilas.
Ela explica que a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) do Sistema Único de Saúde (SUS) contempla quatro Racionalidades Médicas que envolvem práticas de saúde e bem-viver: Medicina Tradicional Chinesa (MTC), Homeopatia, Medicina Antroposófica e Ayurvédica. “A acupuntura, recurso terapêutico da MTC oferecido pelo SUS em quase todos os municípios do estado do Rio de Janeiro, é muito eficaz na indução do sono”, exemplifica.
A especialista recomenda de sete a oito horas de sono para garantir uma boa disposição durante o dia. Também é importante não consumir alimentos e bebidas estimulantes a partir das 17h, como café, chás preto, branco e verde e chocolate. “Infusões de erva cidreira, capim limão, camomila e maracujá são boas opções. “Quem sofre com insônia pode recorrer a medicamentos fitoterápicos como valeriana, melissa ou passiflora – sempre com a orientação do profissional de saúde”, Andréa esclarece.
Outras práticas que favorecem o sono são yoga, exercícios respiratórios e meditação. “Pare um minuto e se concentre em respirar, preste atenção no ar entrando e saindo, devagar, repita três vezes. Esse momento de relaxamento proporcionará um sono mais tranquilo. Trabalhar o corpo é primordial. Atividades como caminhadas e exercícios aeróbicos liberam endorfina e regulam a liberação de substâncias envolvidas na ansiedade, o que é fundamental para acalmar o corpo”, orienta a especialista da SES-RJ.
Dicas para melhorar a qualidade do sono
1. Dormir de 7 a 8 horas por noite é o ideal para um sono reparador, levando a uma boa disposição durante o dia.
2. Dê preferência a uma dieta balanceada, com alimentos leves, de fácil digestão no período da noite.
3. Durma no escuro. Abajur ou TV ligada atrapalham na hora de dormir, pois a luminosidade e o barulho dos aparelhos são estimulantes e atrapalham o início, a qualidade e a duração do sono. O mesmo vale para o hábito de ficar no celular na cama, antes de dormir.
4. Use roupas confortáveis para dormir, com tecidos leves e frescos, de preferência de cores claras, que absorvem menos calor.
5. Café e alimentos com cafeína ou que possam estimular o sistema nervoso devem ser evitados de 4 a 6 horas antes de dormir, pois levam o organismo a um estado de alerta e atrasam a sonolência.
6. Conforme a idade avança, o sono muda e ocorrem mais despertares durante a noite. Nesse caso, é preciso avaliar a rotina e criar o hábito de praticar atividade física regularmente – incluindo pessoas com mais de 60 anos. Dez minutos de exercício
aeróbico já ajudam. Exercícios físicos mais pesados devem ser evitados pouco antes de dormir, para não deixar o corpo em estado de alerta e provocar efeito contrário.
7. Dormir até 30 minutos à tarde pode melhorar o humor e a disposição para atividades, mas caso tenha insônia ou dificuldade para dormir é melhor evitar.
8. Um banho morno é relaxante e pode preparar o corpo para dormir.
9. Mantenha uma rotina de sono e vá para a cama na mesma hora todas as noites, incluindo fins de semana.
Com Assessorias