Mais de metade (52%) dos infectados no RJ por coronavírus serão hospitalizados. Redes pública e privada precisarão de 280 leitos de UTI e 1520 de internação hospitalar para atender a população. É o que prevê a segunda Nota Técnica “Dimensionamento de leitos para os casos de infecção por COVID-19 no Estado do Rio de Janeiro para o dia 4 de abril de 2020”.

Os pesquisadores do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (NOIS) estimam, num cenário pessimista, poderão ser necessários até 1.793 leitos para atender aos doentes por coronavírus que serão hospitalizados no Estado do Rio de Janeiro.

Esse número representa 52% dos casos previstos para a data, que são de 3.449 infectados na região. Para chegar ao total de leitos necessários, o levantamento aplicou aos números do Estado do RJ os dados italianos, do “Sito del Dipartimento della Protezione Civile”, em que 44% do total acumulado de pacientes detectados com coronavírus ficaram em internação e 8% foram para a UTI.

O NOIS é formado por profissionais do Departamento de Engenharia Industrial do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino e da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro.

O estudo também utilizou dados de dezembro de 2019 do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). De acordo com o CNES, excluindo leitos obstétricos e psiquiátricos, o Estado do RJ comportava um total de 19.447 leitos públicos, sendo 18.272 de internação hospitalar e 1.175 de UTI. No caso dos hospitais privados, havia 10.746 leitos de internação e 3.006 de UTI.

Ainda que este total seja de 30.193 leitos, a pesquisa constata que a demanda pelo serviço público será muito superior, já que apenas 31% da população do Estado têm plano de saúde. Considerando 69% dos 1.793 leitos necessários na estimativa, num pior cenário, o serviço público terá que oferecer até 190 vagas em UTI e até 1047 leitos  para internação em todo o Estado. Para a rede privada, a demanda prevista será de 86 leitos de UTI e 470 para internação hospitalar.

Ele chama atenção ainda que, com o decorrer das semanas, a doença irá atingir todas as classes sociais, com maior impacto no serviço público para atendimento à população.  Outro complicador levantado pelo NOIS é a distribuição desigual de leitos no Estado do RJ, pressionando as autoridades a um planejamento ainda mais rigoroso.

A disponibilidade de recursos hospitalares deve levar em consideração também o tempo estimado de permanência para cada quadro da doença: 7,5 dias para internação e 10 dias para UTI. Por falta de dados suficientes detalhados de internação por coronavírus, os pesquisadores do NOIS utilizaram como referência as admissões por influenza e pneumonia (Códigos CID: J09-J18) do Sistema Público de Saúde (SUS) brasileiro.

Os pesquisadores do NOIS reforçam que ainda há poucos casos de COVID-19 no Brasil e a evolução da pandemia é incerta, sendo necessário rever o número projetado de casos em função de novas informações e premissas.

Mais informações em https://sites.google.com/view/nois-pucrio e no Twitter do NOIS: https://twitter.com/NOIS_PUCRio.

Unidade no Centro, com 44 leitos, será referência

O governador Wilson Witzel visitou nesta quinta-feira uma unidade estadual de saúde, no Centro do Rio, que será usada como hospital de referência para receber pacientes com o coronavírus. O governador não permitiu o acesso da imprensa à unidade para evitar aglomeraçōes. A visita contou com um número reduzido de pessoas e com equipe própria de filmagem e fotografia. O local tem 44 leitos de CTI totalmente equipados e voltados exclusivamente ao atendimento dos casos graves da doença.

Acompanhado pelo secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, e pelo diretor do hospital, Paulo Niemeyer Filho, o governador conheceu uma das unidades de CTI dotadas de todos os equipamentos para atendimento dos casos graves, com respiradores e outros aparelhos. Até semana que vem, o Governo do Rio terá outros 100 leitos exclusivos para atender os pacientes do coronavírus; dentro de 15 dias serão 220 leitos.

O governador também conheceu o laboratório de genética molecular do hospital, que a partir de agora também ficará encarregado de fazer os exames capazes de confirmar os casos de coronavírus. De acordo com a chefe do laboratório, a médica Mônica Gadelha, os exames serão entregues em até 24 horas e, em alguns casos graves, até no mesmo dia. Hoje, os exames públicos são feitos apenas no Laboratório Noel Nutels.

A princípio, o laboratório fará os exames dos profissionais de Saúde com suspeita de coronavírus, para que eles possam sair mais rapidamente da quarentena preventiva e voltar ao atendimento à população. Terá capacidade de fazer até cem exames por dia. A unidade visitada pelo governador só receberá os pacientes encaminhados para lá pelos serviços de regulação de saúde. Por isso, não deve ser procurada diretamente pelos pacientes com sintomas da doença.

O governador agradeceu à equipe de saúde da unidade: “Muito obrigado a todos vocês que estão na linha de frente do combate a esse problema mundial. Vocês são heróis. Vamos superar esse momento difícil”, disse Witzel. Ele voltou a fazer um apelo aos fluminenses. “Peço mais uma vez à população: não saiam à rua. Aqui estão os leitos em que nossos doentes vão ficar entubados, em situação grave. Não desafiem esta doença. Contamos com a sua solidariedade nesta crise de difícil superação”.

Com Assessorias

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